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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Andando por aí

Andando por aí....olha só o que eu encontrei. Até mesmo dentro de um shopping, quem diria (reduto do consumismo), encontramos algumas surpresas. Era um labirinto de livros (didáticos, romances, ficção, biografias, quadrinhos) que seriam depois doados às bibliotecas públicas mais necessitadas. É isso aí, cultura nunca é demais, e em alguns lugares é preciso incentivar para aprender a gostar!
É hora de um refresco. Nada melhor que subir, subir, subir e ver a cidade toda lá de cima. Que tal? Tirei esta foto lá do alto do Cristo Redentor, num dia ensolarado e LINDO! A lagoa, a cidade e o mar... É mesmo como se arrancassem meus pés do chão, uma paz impressionante!!!
Mas agora eu vou arriscar, as atrações do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) são das melhores coisas para se fazer. Curtas peças de teatro, filmes cult, exposições fantásticas, festival anima-mundi (foto) e tantos outros. Dependendo da época, sempre tem alguma programação legal, é só escolher!
É logo ali na Travessa do Ouvidor, palco de diversos eventos culturais, declamações de poemas e apresentações de músicos ocasionais. Também é onde fica a sede da Livraria da Travessa, que privilegia editoras independentes e os "forever sellers"(vendem ao longo prazo e aos poucos). Cliquei esta parede, que é a cara da boemia do Rio e fica bem em frente à estátua de Pixinguinha!
Que tal uma pausa para comer uns docinhos? O pecado mora exatamente aqui, na rua Gonçalves Dias, mais precisamente na Confeitaria Colombo. Hummmmmm.....O toucinho do céu é simplesmente divino! Mas como posso me esquecer daquele mil folhas de nozes? E o tartelette de brulê de frutas? E o.....?
A Academia Brasileira de Letras fica ao lado do prédio do MEC e só pode entrar pra conhecer com visita agendada. Afinal, quando os "imortais" estão ali reunidos, não podemos atrapalhar!
Para quem gosta de livros, este é o lugar ideal. O quê? É que não pude resistir e acabei tirando uma foto do teto do Real Gabinete Português de Leitura, no Largo de São Francisco. Todo em detalhes de dourado e azul. As prateleiras de livros são imensas e vão do chão ao teto, uma loucura! Vale à pena uma visita.
Nos azulejos, a obra de Portinari no prédio do Ministério da Educação, na rua da Imprensa. Tudo ali é uma obra de arte! O próprio edifício foi um projeto de Niemeyer e o terraço-jardim só podia mesmo ser de Burle Marx. Isso sem contar as exposições de quadros que têm ali constantemente. Quanta beleza num só lugar!
Andando pelas calçadas da cinelândia, impossível não reparar nos detalhes por onde pisa. São pedras portuguesas com certeza, formando inúmeros mosaicos no chão, nas paredes e onde mais tiver espaço. Um encanto!
Andar de bicicleta é tudo de bom! Com o mar do lado então...nem se fala. As bicicletas tentam copiar o modelo europeu, mas ainda sofrem com os furtos de vez em quando. Elas estão disponíveis em 19 estações na zona sul do Rio, mas a previsão é de expansão até o centro. Agora os locais estão equipados com câmeras de segurança, sistemas de alarme e travas nas bicicletas. Quem sabe assim muda essa cultura de "já que está aqui, vamos levar, né!" Quem for usar o serviço de forma mensal é preciso se cadastrar no site http://www.mobilicidade.com.br/



Andando pela cidade você percebe o quanto a vida é heterogênea e tem a exata noção do que é fazer parte deste mosaico cultural. Quem vive em uma cidade como o Rio tem mesmo vocação cosmopolita e, acima de tudo, pacífica. Sim! Afinal, a paz está no sangue e na alma das pessoas. Assim como dizia Gilberto Gil: A PAZ INVADIU O MEU CORAÇÃO...COMO SE O VENTO DE UM TUFÃO ARRANCASSE MEUS PÉS DO CHÃO, ONDE EU JÁ NÃO ME ENTERRO MAIS... Assim eu me sinto andando pelas ruas da cidade. Seja pelo centro ou perto do mar. É, porque tem coisas que você só percebe andando, até mesmo pela janela do ônibus. Tem gente que não quer saber de andar de metrô, nem de ônibus, só de carro. Gente, o transporte público funciona! Além disso é mais ecológico, sociável e saudável. Então, nada melhor que andar por aí e encher a alma de coisas boas! O simples fato de olhar para o chão já é bem inspirador. Alguns trechos do centro do Rio foram calçados com pedras portuguesas, formando mosaicos incríveis! E o que dizer do calçadão de Copacabana??? Ainda tem as ruelas estreitas do centro antigo e seus segredos históricos, o teto todo trabalhado do Real Gabinete de Leitura, os desenhos de Portinari nos azulejos do MEC....Impossível lembrar de tudo. Melhor ir curtir ao vivo e à cores! Au revoir.

domingo, 15 de agosto de 2010

Araguaia, o rio dos navegantes

Uma tartaruguinha nascendo em uma das praias do rio Araguaia. A importância de se preservar a tartaruga da Amazônia é imprescindível nessa região. Considerada uma das maiores tartarugas de água doce do mundo, hoje sua população já está recuperada.
Esta foto está bem ruim, pois tirei com filme comum e depois tive que digitalizar. Não chega nem perto da beleza natural do sol mergulhando nas águas! Mais um dia se foi no grandioso rio Araguaia.
Antiga placa para delimitar a área onde os pesquisadores ficavam, bem próximos à margem do rio Araguaia. A base do Ibama fica perto da ponta sul da ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo (com cerca de 20 mil quilômetros quadrados de extensão). Alerta constante para o lixo produzido por turistas 'nada conscientes' nos acampamentos.
O tamanduá bandeira é típico da região centro oeste e costuma nadar pelo rio para se refrescar de vez em quando. Nessas águas também vive o famoso boto cor-de-rosa, típico da região amazônica. Só consegui ver um de longe já mergulhando, infelizmente. Bom motivo para voltar lá mais uma vez, hein!? Foto do Ran/Ibama.
A foto acima foi cedida pelo Ran/Ibama e é de um jacaré açú, o grande jacaré negro da região amazônica. Há também o jacare caimã, uma espécie um pouco menor. Mas aventura mesmo é nadar no Araguaia no final do dia com um monte de luzinhas piscando na água. Ou seja, os pequenos jacarés caimãs resolvem se aventurar na água na mesma hora que você! É, meu caro, isso não tem como negociar. O jeito é ficar calma, de preferência bem perto da praia e sempre com uma visão de 360 graus!
Navegar pelo rio nas primeiras horas da manhã é um presente para poucos! O silêncio das águas, o sussurro da mata, os pássaros começando a cantar, e aquele sol gigante surgindo no horizonte...parecia que o mundo estava acordando naquele momento! Quantas vezes a nossa subida do rio era acompanhada por tucanos, gritos de araras e tuiuiús desengonçados tentando aterrizar na areia!
Hora da desova nas grandes praias do rio Araguaia. Depois de horas, as tartarugas conseguem tampar as covas cheias de ovos e voltar em direção ao rio. Urubus e outros pássaros são predadores naturais e ficam ali de vigília. A foto foi gentilmente cedida pelo Ran/Ibama.
Alguns ninhos de tartaruga devem ser protegidos e marcados para que os pesquisadores consigam contabilizar a quantidade e o sexo das tartarugas que nascem por ano. Esta foto foi tirada em uma das praias do rio próxima a cidade de Luis Alves, afastada da área dos acampamentos.
Esta é a hora da soltura dos filhotinhos de tartaruga da Amazônia, depois um tempo em quarentena para aguentarem a jornada de volta ao rio. Os índios da ilha do Bananal ajudam nessa tarefa. As estatísticas são as mesmas do Projeto Tamar (tartaruga marinha), a cada mil filhotes, um consegue chegar a idade adulta. É, a vida não é nada fácil para essa turma!
Lá ao longe, depois da grande faixa de areia, vê-se a mata de cerrado típica da região. Eu não vi, mas dizem que tem onça, jaguatirica, anta e outros 'bichinhos' que andam por ali, principalmente durante a noite. Ainda bem que nessa hora eu já estou dormindo! Estava em um barco quando tirei esta foto dos tuiuiús que tinham acabadao de pousar na praia do rio para se refrescar. O vôo é lindíssimo, mas o pouso.....um desastre!
O rio Araguaia divide os estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará. É um dos rios mais caudalosos do Brasil. É muito conhecido pelo turismo, principalmente de pesca. Mesmo nem tão perto assim de duas grandes cidades, como Brasília e Goiânia, é o local preferido dos turistas nos feriados prolongados e férias de julho. E pé na estrada galera!

Fui ao rio Araguaia várias vezes como voluntária do "Projeto Tartaruga da Amazônia". Explico: o rio Araguaia, que divide Goiás de Mato Grosso, está situado na chamada Amazônia Legal. O projeto foi criado no início da década de 80 , pois naquela época algumas espécies se encontravam quase ameaçadas de extinção. Em 2001 foram incluídos também outros répteis e os anfíbios (hoje todos os sapinhos e crocodilos estão protegidos, ainda bem!).
A maioria das cidades à margem do rio Araguaia, como Luis Alves, vive do turismo de pesca. São pescadores que vêm do país inteiro. Os pequenos hotéis ficam lotados. Mas tem também os acampamentos ao longo das praias do rio. É que na época de junho a setembro, período de seca na região centro oeste, o rio Araguaia baixa suas águas drasticamente, deixando enormes faixas de areia. Alguns acampamentos lembram pequenos condomínios, com toda a infraestrutura a poucos metros do rio.
Confesso que isso não é para mim. E a sujeira toda produzida ali vai parar aonde? Os turistas reclamam que os peixes estão diminuindo a cada ano. Como assim? Não são eles mesmos que vão cada vez mais equipados para pegar cada vez mais peixes? Ah, entendi...
Nos acampamentos fazíamos uma espécie de educação ambiental, conversando com os turistas sobre o rio e a importância de preservá-lo. É gratificante ver como algumas pessoas se sensibilizam com as belezas da natureza. Outras apenas fingem! As crianças então...se deixar, elas saem dali com a bandeira na mão em passeata!
Então, aqui vão algumas dicas para um "turista pescador amador": use anzóis sem farpas e, se possível, biodegradéveis. O tempo curto fora d'água é fundamental para a sobrevivência do peixe. Pesque e solte-o o mais rápido que puder. Evite brincar com o bichinho, pois isso causa stress e traumas irreversíveis. Tire sua foto bacana com o troféu do dia e solte o coitado na água! Eu pesquei sem querer uma arraia e fiquei desesperada sem saber como tirar o anzol. Minha sorte é que tinha o amigo índio Anguruté no barco que, tranquilamente, retirou e devolveu a pobre coitada ao rio. Ufa!
Bom, isso já faz algum tempo. Ainda bem que o rio Araguaia está agora em boas mãos e espero que se mantenha preservado por um bom tempo. Agora um aviso aos turistas navegantes: Não apressem o rio, ele corre sozinho. Com eram sábios os índios americanos...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

As portas

O centro histórico do Rio vem passando por uma grande revitalização desde a década de 90. A memória de quem viveu esta época está viva nas antigas construções e obras de arte de artistas do Brasil colonial e imperial. Andando pelo centro do Rio, praticamente inabitado num domingo de manhã, é possível admirar a arquitetura única da cidade. E a cidade continua maravilhosa nos seus pequenos e grandes detalhes!
Porta do Real Gabinete Português de Leitura. Por volta de 1800 um grupo de emigrantes portugueses do Rio de Janeiro resolveu criar uma biblioteca para dar oportunidade de literaturas diversas aos portugueses na capital do império. Os fundadores se inspiraram nos ares franceses das "boutiques à lire". Transformado em biblioteca pública, qualquer um tem acesso aos livros, exceto os raríssimos que ficam em exposição. Fica na rua Luís de Camões, em frente ao Largo de São Francisco. O Largo em si está meio abandonado. Tomara que um dos "milhares" de projetos de revitalização que existem para aquela área se concretize um dia!
Aí está um retrato da colonização alemã no Brasil. Uma janela comum vista na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. A cidade é mesmo uma pintura e parece que você está ali fazendo parte de um quadro que nunca se acaba...
Porta toda colorida de uma casinha típica de cidade histórica de Minas. A vida simples do povo do interior, o cheiro de bolo saindo pela janela, do pão de queijo, do café... Ai que delícia!
Uma das portas do Beco dos Barbeiros no Rio. O beco foi aberto em 1755 e era o local preferido de moradia dos barbeiros coloniais, que naquele tempo também exerciam as funções de dentistas e sangradouros. Imagina a coragem de ir ali para arrancar um dente ou coisa que o valha, em plena rua, com todo mundo passando e olhando...
A porta de uma das igrejas de Ouro Preto em Minas fica no alto da montanha. A cidade tem um monte delas no vale onde ficava a antiga Vila Rica. Lá se foram os áureos tempos da corrida do ouro!
Quem passa pela av. Rio Branco não faz a manor ideia de como este prédio é deslumbrante! Começando pela porta, toda entalhada em madeira maciça. Ali funcionou o primeiro Supremo Tribunal Federal do país. Tem várias salas de exposições, teatro, biblioteca, lojinha e uma cafeteria. Dizem que tem um cheese cake de amora que é um sonho!!!
Janela de vitral da catedral de Petrópolis. Estão guardados ali dentro os túmulos de alguns membros da família imperial do Brasil.
A entrada principal da basílica do Santuário de Matosinhos guarda resquícios do colonial e do barroco mineiro em Congonhas. Ali ficam expostas as obras de arte de Aleijadinho.
Na avenida Rio Branco, em frente ao Teatro Municipal fica o Museu Nacional de Belas Artes. Esta é uma das portas de grade toda trabalhada. O museu teve origem com as obras de artes trazidas de Portugal por D. João VI. Funciona de terça a sexta, das 10 às 18 horas.
Portal da Igreja da Ordem Terceira do Carmo. Difícil é parar em frente a igreja em pleno horário do "rush" e conseguir tirar uma foto sem que ninguém te atropele... Junto a Praça XV no centro do Rio, a fachada é única entre as igrejas coloniais da cidade por ser totalmente revestida de pedra. O detalhe do portal principal, trazido de Lisboa, mostra São Francisco, a Virgem e o menino.


Sempre que ando por aí, gosto de observar a arquitetura dos lugares. Lugares com um passado, com muitas histórias e aventuras pra contar. Me fascina saber que há muito, muito tempo atrás, ali travaram-se ideias revolucionárias, amores, trapaças, e criações artísticas típicas de uma época que já se foi. As portas e as janelas mostram um pouco de como flui a vida por ali. Muitas vezes mostram caminhos por onde passam ou passaram pessoas ilustres ou anônimas. Quem se importa? Estamos todos aqui de passagem. Passando pelos cantos de cidades históricas de Minas ou pelo Rio antigo, impossível é ficar imune à essas histórias que elas têm a nos contar. Tenho que concordar com Içami Tiba: A vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas. Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens. Voilà!!!