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domingo, 21 de abril de 2013

De passagem

Barco encalhado em Caravelas (foto: heatheronhertravels)
 
Se estamos sempre em busca da felicidade, ainda que muitos digam não, o ato de viajar é uma das opções que temos para chegar mais perto deste objetivo. Somos inundados com propagandas, fotos paradisíacas, promessas de encontrar o lugar dos sonhos. Pronto. Já estamos dentro de um avião, rumo ao desconhecido. Existe coisa melhor? Mas muitas vezes o lugar dos sonhos é tão inesperado que levamos um susto e, sem querer, já estamos diante dele. Uma vez, comigo foi mais ou menos assim. Depois de uma longa caminhada (7 dias) pelo sul da Bahia, há muitos anos, decidi: era ali que eu queria morar por um tempo e ser feliz. E assim foi por quase três anos. Com a mochila nas costas, eu e mais 4 pessoas saímos de Caravelas, andando pelas praias e falésias, e 7 dias depois estávamos em Porto Seguro. Não vou aqui falar desta viagem outra vez, mas sim da felicidade encontrada em cada lugar por onde passei. Enquanto caminhava, procurava não pensar nos problemas deixados para trás, no sol escaldante, nos pés cheios de bolhas. Oito horas de caminhada por dia, com paradas para o lanche de biscoitos e frutas levados na mochila. Como eu fui feliz ali! Atravessar a nado os rios na maré cheia, subir os penhascos (falésias) e ver o mar lá de cima. Muitas vezes tive a certeza de que, pela primeira vez, eu estava conhecendo o planeta Terra de verdade! Descidas íngremes em trilhas abertas em direção ao mar. Como foi incrível descer aquele morro correndo, com uma tempestade implacável chegando em seguida!!! Lugarejos enscondidos em meio a mata atlântica, gente simples vivendo da pesca, vida bela. Ainda tenho a estranha mania de andar com um bloquinho e caneta no bolso. Assim vou fazendo minhas pesquisas pessoais e anotando tudo que acho interessante pelo caminho, desde a cultura local até o cheiro das folhas molhadas ou a areia grossa repleta de conchas.......E assim vou saindo de fininho, me esvaindo e ressurgindo outra vez, em outro lugar. Já voltei ao sul da Bahia depois e lá quero estar tantas vezes. Gosto de retornar a lugares onde fui feliz, assim como sou feliz aqui e agora.
 
Um pedacinho da cidade onde morei por quase três anos. Prado era assim, pouco habitada, pouco trânsito e milhas e milhas de praias para descobrir!
 
Uma das praias de Prado, em Cumuruxatiba. A maré quando sobe deixa seu rastro, e também alguns peixinhos e moluscos perdidos no meio do caminho.
 
Caraíva foi uma grata surpresa. Encravada entre o rio e o mar, com suas ruas de areia e artesanato super colorido...... Olhar a paisagem por outro ângulo, que não o óbvio, nos traz surpresas incríveis (foto: culturamix)
 
Eu, decididamente, não era uma pessoa normal. Enquanto minhas amigas planejavam suas férias na Indonésia, Alemanha ou EUA, eu queria desbravar a pé a região onde o Brasil foi descoberto! Vi o anúncio em uma revista e achei absolutamente perfeito para mim!
 
Fotos foram muitas, apesar de minha câmera tosca, mas as lembranças mais sublimes estão guardadas para sempre em minha memória.
 
Na Barra do Cahy atrevessei o rio num barco de tronco de árvore, feito pelos índios Pataxó.
 
Caravelas e uma de suas praias escondidas. Ao redor, uma das maiores reservas de manguesal da América do Sul! (foto: ucakbillet)
 
E este é só um pedacinho deste imenso litoral, prestes a ser descoberto mais uma vez......por mim!
 
 






segunda-feira, 15 de abril de 2013

Vida Leve...

Como são leves, livres e belos......os pássaros. As vezes me pego pensando: por que será que Deus deu asas aos pássaros e não a nós, humanos? E repenso: pelo mesmo motivo que não deu asas à cobra!!!
Até Chico Buarque, que adora esses seres alados, cantou vários passarinhos do Brasil:
"...Xô, tié-fogo
    Xô, rouxinol sem fim
   Some coleiro
   Anda trigueiro
   Te esconde colibri
   Voa, macuco
   Voa, viúva
   Utiariti
   Bico calado
   Toma cuidado
   Que o homem vem aí
   O homem vem aí..."
E quem nunca sonhou que estava voando e quase caiu da cama? Esses seres encantadores sempre povoaram minha mente. Me lembro bem desde criança. Meu avô costumava pegar pássaros feridos e doentes e levava para casa para cuidar. Tinha arara azul e vermelha com a asa machucada, tucano com o bico quebrado, pássaro preto que falava, siriema. Ah, bons tempos.....que não voltam mais. Em minha vida adulta tive pouca convivência com eles, embora ainda acorde de vez em quando com o canto de algum deles. Quando fiquei um período em Abrolhos, colaborei com pesquisadores colocando 'anilhas' em aves marinha migratórias. Vários pássaros usam aquelas ilhas para pouso ou ninho. A beleza selvagem, a distância segura da terra firme e o clima ameno dos trópicos atraem aves que fogem do frio do inverno no hemisfério norte. Que venham todos, sempre e sempre mais para nos alegrar!

Meu preferido, o atobá branco em uma das ilhas de Abrolhos, na Bahia. Eles têm um voo magnífico e são exímios pescadores!







E um sabiá resolveu pousar na mão do profeta, esculpido por  Aleijadinho em pedra sabão em 1796. Este passarinho sabe apreciar a arte!








 Patos, cisnes e tantos outros livres nas lagoas do museu aberto de Inhotim.

    Uma gaivota solitária descansando em uma pedra no mar de Búzios...



E as aves continuam em sua longa jornada por todo o planeta!