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domingo, 22 de setembro de 2013

De passagem

A vida da gente é uma jornada, certo? Ao menos para mim. Tudo bem que fui meio devagar em certos aspectos de minha vida, e sei que minha caminhada é longa. Talvez eu seja uma caminhante lenta, mas uma coisa é certa, nunca ando para trás! Afinal, eu estou aqui de passagem. Há momentos sublimes na vida da gente, e que para muitos não significam absolutamente nada. Estou falando de felicidade. Não aquela que todos buscam incessantemente e quase nunca encontram. Falo dos pequenos momentos. Momentos até de dor, de frustração e de não se encaixar naquilo que a sociedade quer. Mas pense que depois é só alegria. Ser livre para ser feliz a sua maneira, e cada um que ache a sua. Estava aqui revivendo fotos antigas em papel (tenho alergia às digitais!) de momentos felizes de uma longa caminhada que fiz de uma semana (já a descrevi aqui em detalhes). Mas hoje só me lembrei da felicidade de estar lá, e de como isso mudou o rumo da minha vida dali pra frente. Era tudo desconhecido para mim, como no dia em que terminei a trilha, sentei num banquinho de praça em Trancoso e pensei "Oba, meu primeiro banho quente depois de uma semana só nos rios!" Eu só tinha a certeza de que o que eu tinha feito foi verdadeiro o suficiente para mim. Foi ali, naquele banco que decidi que iria me mudar para a Bahia. E oito meses depois lá estava eu, feliz! Naquele tempo eu tinha muita dificuldade para acreditar em qualquer coisa. e ao mesmo tempo muita dificuldade para não acreditar. Ainda tenho um pouco....

Então, se me falassem: Siga essa trilha sem dificuldades, e ao final você irá encontrar o paraíso. Eu ia. Eu fui. Arrumei minha mochila nas costas e parti. Não porque acreditava que no fim estaria no paraíso. Mas justamente por duvidar que não haveria dificuldades no meio do caminho. Eu queria desafiá-las! E depois de 7 dias, muitas bolhas nos pés, o único tênis já furado em várias partes, a sandália de caminhada presa com fita crepe mil vezes para não se desmanchar, e um monte de filmes para revelar dentro da mochila, tinha chegado ao fim. 
Apesar das dificuldades enfrentadas, mesmo assim eu estava feliz. Poxa. afinal isso tudo deveria ter algum valor! E quando cheguei ao final da jornada, vi que Trancoso não era exatamente 'o paraíso'. Tudo bem. Enfim pude jogar fora meu tênis velho furado e a sandália remendada. Comprei um par de alpargatas novinho em folha e peguei o avião de volta pra casa, feliz da vida! Não existe receita para tudo dar certo na vida. Imprevistos , tristezas e falta de sorte também me acompanham sempre. 

Talvez sejam os efeitos colaterais que estão na bula, e que muitas vezes esquecemos de ler. E Martha Medeiros acerta em cheio quando diz: "Gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando 'realizado', também. Estando triste, felicíssimo igual........A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem intencionado, e que muda de opinião sem a menor culpa."

E há quem diz que sou louca por pensar assim...... Sou louca, mas sou FELIZ!

sábado, 14 de setembro de 2013

Uma gota por uma baleia!


 Aqui, observação de Baleia Franca (foto divulgação oglobo)

Confesso que vivi! Ah, a primeira vez que vi uma baleia enorme saltar bem na minha frente e em seguida seu filhotinho, meus olhos se encheram de água! Fiquei paralisada e, mesmo com a câmera nas mãos, só consegui clicar muito tempo depois. A vida é assim, nos enche de surpresas e emoções inimagináveis. Cruzando os oceanos do mundo inteiro, as baleias viajam milhares de quilômetros. Muitas delas vivem nas regiões geladas dos polos, e no inverno rigoroso partem em busca de águas mais quentes para dar a luz ou amamentar seus filhotes. Aqui no Brasil o "whalewatching" (observação de baleias) é feito de julho a novembro. Um dos passeios mais fantásticos que fiz há muitos anos foi com o pessoal do Instituto baleia Jubarte ( www.baleiajubarte.org.br  )

 Baleia Jubarte com seu filhote, nas águas calmas e mornas, livres! (foto web)

Como fiquei no arquipélago de Abrolhos por quase 4 meses, acabei participando de um cruzeiro científico para observar as baleias Jubarte.   Durante esses cruzeiros são coletados material de DNA e várias fotografias que vão servir para fotoidentificação dos animais nas pesquisas. Além disso, você conhece gente de diversas partes do mundo que vêm aqui como ecovoluntários aprender um pouco mais sobre este tipo de trabalho. Quem tem o privilégio de vê-las assim, nadando livres pelos oceanos, não faz ideia de como esses animais são cruelmente tratados em outras partes do mundo. Navios japoneses, "travestidos" de pesquisa, perseguem as baleias que, depois de vários tiros, são alçadas com um arpão e sangram até morrer. Ora, não é preciso ser nenhum especialista em cetáceos para ver que de 'científico', isso não tem nada! Jogar suas vísceras ao mar, sem antes estudar seus hábitos alimentares? E só guardar a carne, que depois será embalada e vendida? Outro dia li uma matéria do "Whale and Dolphin Conservation Society" que constatou: o estoque de carne de baleia no Japão é tão grande  que eles começaram a vendê-la até como comida de cachorro! Onde nós vamos parar? Já em 2005, pesquisadores do WWF descobriram que as Orcas (conhecidas injustamente como baleias assassinas) são os mamíferos que mais sofrem com a poluição no Ártico (ultrapassaram o urso polar, que liderava esse ranking!), pois elas são os animais que mais absorvem grandes concentrações de substâncias químicas maléficas produzidas pelo homem (mais uma vez!)

Fora o aquecimento global!!!! (imagem delucca)

Todos reclamam do aquecimento global e do aumento do nível dos mares. Além de tudo que já é falado sobre o assunto, pesquisadores australianos concluíram que as fezes das baleias ajudam no combate do aquecimento global. Pois é, eu explico (aliás, eles): junto com as fezes das baleias Cachalote, são descartadas no mar toneladas de ferro (resultado das grandes quantidade de peixes e lulas que ingerem). O ferro é um excelente alimento para o fitoplâncton, que são minúsculas plantas marinhas que tiram o CO2 da atmosfera pela fotossíntese. Assim, as baleias ajudam a remover 400.000 toneladas de carbono por ano. Só para ter uma ideia, 200.000 toneladas de dióxido de carbono são equivalentes às emissões de quase 40.000 carros de passeio. Incrível, não! Alguns podem estar pensando 'o que é que eu tenho com isso?' Fica aqui a dica: http://seashepherd.org.br/baleias
e o que disse certa vez Madre Teresa de Calcuta ao lhe perguntarem se o pouco que fazemos faz realmente alguma diferença no mundo: "Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota!"

Um dos cruzeiros científicos do Projeto Baleia Jubarte em Abrolhos (foto: Instituto Baleia Jubarte)


Esta foto já tem anos!!!! Foi um dos cruzeiros científicos que participei junto ao Instituto Baleia Jubarte com um barco de Florianópolis, saindo de Caravelas em direção a Abrolhos. Participando, mesmo que de longe, estamos ajudando instituições idôneas preocupadas com o meio ambiente e a vida neste Planeta Água!



domingo, 1 de setembro de 2013

Fui!

Se a vida faz algum sentido, o mar mais ainda. Afinal, não foi ali que a vida começou, segundo alguns cientistas? Aqui me sinto em paz. Esse imenso "planeta água" e seus seres incríveis....... Alguns deslizam, rastejam no fundo do mar, nadam, parecem flutuar, ou então ficam imóveis, crescendo verticalmente por séculos! Enquanto uns pesam toneladas, outros não chegam a 1 grama. Uns vivem na escuridão e irradiam um campo elétrico, já outros armazenam luz solar. Alguns são vorazes caçadores, outros tantos se satisfazem com  um minúsculo fitoplâncton. Capazes de viver mais de 100 anos, ou apenas um dia, esses são os seres do fundo do mar. Como é possível tanta harmonia com o ambiente? É.......temos muito o que aprender. Sempre serei uma defensora dos seres marinhos, todos indefesos e ignorantes da maldade que um ser humano é capaz. Repudio qualquer evento que usa animais amestrados como atração para espectadores insaciáveis. Mas reverencio lugares onde a criação dos animais visa sua reprodução e é baseada em estudos científicos para entender como eles vivem na natureza. Essa compreensão é capaz de despertar o amor e ajudar na sua proteção. Nesse ponto, sou como Abraham Lincoln: "Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram nem tomam em consideração as condições dos animais."

Uma estrela-do-mar faz parte da constelação marinha, cheia de cor e improvisos sem fim

E o que dizer do estranho peixe-lua? Este é o maior peixe ósseo conhecido e pode chegar a mais de 2.000 kg!!! Sua barbatana dorsal é tão grande que quando vai à superfície, muitas vezes pode ser confundido com um tubarão, é mole?!

Esse jardim, repleto de corais, cheio de estrelas, moreias, peixes de todos os tipos e tamanhos.......seria uma espécie de jardim do Éden nos primórdios da vida na Terra?

Os Pinguins de Magalhães, com suas anilhas, são monitorados 24 horas e se sentem em casa, com blocos de gelo ao redor e muita água frrrrrria!

Uma raia jamanta pode chegar a até 8 metros de envergadura, sendo um os maiores peixes (sic) do mundo! Parente do tubarão, o comportamento solitário torna difícil seu estudo. Só em um ambiente preservado é possível conhecer suas características e descobrir se ela está sendo ameaçada por alguma atitude do homem e o que podemos fazer para protegê-la.

Como não se emocionar com o pequeno peixe cirurgião-patela nadando livremente nos recifes de corais, do jeito que ele gosta?


Quando vou a um oceanário, sou capaz de me perder por horas lá dentro. O azul domina o ambiente, acalma, e essas pinceladas acabam enchendo a minha alma. Ah, como eu queria ser um peixe entre os peixes. De repente me sinto igual, e ao mesmo tempo tão diferente nesse mundo misterioso. Terá um lugar para mim nessa imensidão azul? Então já vou, dar uma espiadinha e me deixar navegar......