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domingo, 21 de setembro de 2014

Sobreviver ao mundo...

Na República da África Central um homem escala árvores de até 40 m, enfrenta abelhas africanas e uma altura imensa.....tudo isso para conseguir um pouco de mel! Mesmo com tanta fartura de alimento em terra eles se arriscam. É, a bravura dessa gente está no sangue! (foto: Timothy Allen)


Sobreviver ao mundo não é nada fácil! Impressionante como certos grupos humanos ao redor do planeta encontram maneiras tão diferentes para sobreviver, especialmente em ambientes inóspitos. Para muitos, a luta pela sobrevivência é um combate diário. O tipo de alimentação e os meios que utilizam para consegui-la podem contar a história de todo um povo! Alguns vivem apenas com o que restou na região, como carne de caça, mel e plantas. Outros têm acesso a grandes plantações e fartura de comida. Os povos que tiveram suas terras assoladas por guerras, hoje habitam desertos e vivem da caça de pequenos animais, quando encontram. Me pergunto, de onde vem tamanha força? Como conseguem sobreviver a tantas adversidades? Queria ser uma formiguinha a me misturar nas areias do deserto do Saara e ver como o povo "Dogon" faz recipientes de lama para armazenar a pouca água da chuva. Ou podia ser simplesmente um peixe e mergulhar a até 25 m com os "Bajau" na Malásia para caçar em profundidade. Mas o que eu queria ser mesmo é uma águia na Mongólia, assim aprenderia como os homens "Cazaques" utilizam uma técnica milenar para caçar seu alimento. Imagina só que visão espetacular eu teria durante meu voo.... Pousar em terra firme, para quê? Teria que pensar mil vezes antes de tomar essa decisão!


A Flor do Deserto cresce numa ilha de nome estranho (Socrota), na região da Arábia, e sobrevive a um ambiente extremamente agreste, quente e castigado por fortes ventanias. O néctar de suas flores serve de alimento para aves e insetos. Desde os tempos antigos, o povo isolado do lugar vivia da pesca e dos rebanhos de cabra, além da colheita de tâmaras. Não é a toa que os beduínos sempre foram fortes e resistentes, como a flor (foto: Mark W. Moffet)

Pescadores do Laos arriscam a vida na cheia do rio Mekong. No sudeste asiático este extenso rio serve para irrigação, pesca e cultivo de arroz, base da alimentação na região. Infelizmente grande parte da população joga lixo diretamente nas águas do rio e as indústrias o poluem com metais pesados. Neste caso há um empate, pois o rio também luta pela sua sobrevivência! (foto: Allen)

Na Amazônia há mais de 10 mil plantas que podem virar comida ou remédio. Além disso, a tradição dos povos da floresta é a pesca e a caça. Alguns pratos regionais têm nomes indígenas, difíceis de entender: "Tacacá" (feito com farinha de tapioca, jambu e camarão),"Quibebe" (jerimum cozido, leite e castanha), "Chibé" (uma mistura de farinha de mandioca, água e mel), "Piracuí"(peixe assado com farinha  do próprio peixe temperada), a lista não tem fim. (foto: uepa)

Numa tribo dos Quirquiz nas montanhas Pamir, no Afeganistão, a garota Ayeem Khan usa o véu vermelho (só para as solteiras) e veste as botas do pai para ordenhar os iaques 2 vezes ao dia. Uma parte desse leite vai virar coalhada seca para abastecer a família no inverno, quando os iaques produzem menos. As montanhas Pamir têm grandes altitudes, por isso as plantações são praticamente impossíveis  e a alimentação tem que ser a base de leite e carne.  (foto: Matthieu Paley)

Nas longas planícies de estepes da Mongólia, os nômades precisam laçar éguas selvagens para conseguir leite. Aliás, a cavalgada é o meio de transporte mais comum no país, onde as estradas são escassas. Eles poderiam  até domesticar os animais, mas preferem lutar para obter o alimento que precisam. Gente de fibra! (foto: Timothy Allen)

Isso sim é um ambiente totalmente inóspito e hostil para se conseguir alimento. Ninguém na face da Terra devia ser submetido a situação tão degradante! No entanto, em Mombasa (no Quênia) essa mulher desafia a própria sobrevivência  e a da filha buscando comida em um aterro (foto: Allen)


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O que é que essa rua tem?



Quantas vezes você, andando pela rua, sentiu um aroma no ar e lembrou da infância? Ou viu uma cena que remeteu a outra bem parecida, num lugar bem diferente? Quantas vezes você andou pelas ruas com a cabeça em outro lugar, outro país, outro planeta? Ou simplesmente saiu andando sem pensar em nada, pelo simples prazer de estar ali? 

 Captar a alma das ruas não é tarefa fácil e só acontece quando se está despretensiosamente atenta. Onde quer que esteja gosto de sair a pé, meio sem rumo, olhando as placas nas esquinas, os detalhes das fachadas, guardando pontos de referência para saber voltar (sempre me imagino num trekking, mesmo numa confusão de ruas sem fim!). Me deixo impregnar de tudo! As janelas entreabertas me despertam a curiosidade, quase consigo imaginar uma família inteira lá dentro e suas histórias. No asfalto, alguns passam de bicicleta, outros de "buzina", e quase sou atropelada ... agora por uma bola de criança! As vezes parece que a vida vai passando e você só está ali por acaso, como que tocando uma música, apenas observando. Aí a noite vem e sinto que o sol vai varrendo todas as lembranças daquele dia, das ruas por onde andei, passo a passo de um momento que já se foi. Então me arrisco a dizer que a rua tem alma sim, e é feita de luz, cor e sons! E que bom que é assim, pois tudo isso me alimenta e garante boas memórias pela frente...

 Subir essa rua de pedras é uma loucura, mas recompensa: no Santuário de Matosinhos estão os profetas feitos por Aleijadinho, lá em Congonhas. Descer depois é fácil, com a certeza que lá no hotel te espera um bom banho e depois um bolo e um café quentinho, típico das cidades de Minas!

As ruas do Chiado, no bairro alto em Lisboa, também são feitas de pedra, pedras portuguesas com certeza! Isso me lembra os quitutes deliciosos do "Café A Brasileira", bem ali em frente à estátua de Fernando Pessoa. Cenário comum a intelectuais da época do poeta português.

Das ruas de Recife tenho boas lembranças. Na parte antiga da cidade a história do povo nordestino se apresenta em cada esquina. Uma profusão de cores, barulhos e 'gentes' que sinto vontade de pegar um caderninho e sair anotando tudo para não esquecer jamais!

Na rua que dá acesso à igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, o "Rixô Elétrico" acompanha os carros e também quem está a pé. A alegria do baiano é contagiante em qualquer época, pois no dicionário deles carnaval é o ano inteiro!!!







Nesta ruazinha em Copacabana as "Cholas" andam de um lado a outro vendendo suas mercadorias.  Mas esta é a Copacabana da Bolívia, principal cidade do lago Titicaca. O sol era tão forte que tive que parar numa barraquinha e comprar um chapéu para me proteger, e também um lenço de lã de alpaca, uma bonequinha boliviana, um panô vermelho contando a história dos incas.... e, pasmem, não gastei quase nada, uma pechincha!







As ruas ainda estavam molhadas da chuva em Bogotá quando vi um casal com uma lhama rumo à Praça Bolívar. Percebo que eles apenas procuram um lugar para ficar e começam a cobrar (em dólar!) quem quiser tirar uma foto ao lado do animal.  Fiquei um bom tempo observando, até que a chuva voltou e eles tiveram que bater em retirada!

As Ramblas em Barcelona são ruas para pessoas, onde os carros só passam nas laterais. Ali tem de tudo, barraquinhas com souvenirs, comidinhas estranhas, gente bonita, gente esquisita... Por um instante me transportei para a década de 40 e tive a sensação de estar andando nas páginas de um livro, mais especificamente "A sombra do vento", do espanhol Carlos Ruiz Zafón.

Andar por ruas, caminhos e estradas é a melhor maneira de conhecer o mundo!

sábado, 6 de setembro de 2014

As lagunas bolivianas


Um dos lugares mais espetaculares da terra, sem dúvida, fica na Bolívia. Os salares bolivianos são superfícies de puro sal que se juntaram à neve derretida dos Andes em grandes depressões geológicas para formar uma paisagem única!

Das seis espécies de flamingos existentes no mundo, três estão nesta região da Bolívia.

O Salar Uyuni é um imenso deserto branco muito visitado por pessoas que querem ter a sensação de "estar em outro planeta". Aliás, ele pode até ser visto do espaço. E sua planície de sal é tão reflexiva que é usada para calibrar satélites, já pensou! Quando estive na Bolívia, fiquei na parte oeste do país, entre La Paz e o Titicaca. Os salares estão mais ao sul, em Potosi, perto da divisa com o Chile. Lá eu soube que esta maravilha da natureza, com seus flamingos viajantes, lagunas coloridas e um imenso céu azul tem também uma das maiores riquezas energéticas deste planeta. Afinal, metade das reservas de lítio conhecidas no mundo estão ali. Tamanha riqueza não é para menos, suas formações rochosas e poços vulcânicos remontam a época de formação da Terra. No inverno, o azul intenso do céu contrasta com o alvo brilhante da crosta de sal. Dizem que para chegar neste lugar incrível é só seguir o infinito, ir até o finzinho dele, onde o azul do céu encontra o azul da laguna (ou quem sabe o contrário?). Mas aí surge a dúvida: será que lá tem sinal de internet? Uma lojinha? Dessas de souvenir? Um restaurante seria pedir muito, não? E banheiro, será que tem? Duvido!!! Ok, sem internet eu sobrevivo bem, mas sem banheiro........ Epa, cadê a política do desapego? É nessas horas que bate na minha consciência a memória dos velhos tempos de mochileira engajada em questões ambientais. Para quem teve que dormir em rede no mato para escapar dos mosquitos (iguais a um avião monomotor), ou tomou banho em rio cheio de piranha e jacaré em tempo recorde, isso aí é um grão de areia no oceano! Bom, pelo menos lá não rola claustrofobia, já que o lugar é tão amplo quanto o próprio infinito, e isso já me dá um certo alívio!

A Laguna Celeste é um dos inúmeros lagos do salar Uyuni de deixar qualquer um de queixo caído!

Um lago vermelho rodeado por uma aridez extrema está situado dentro de uma reserva ambiental andina. A Laguna Colorada tem essa cor graças a algas minúsculas que liberam caroteno, como um meio de se proteger da forte radiação local (foto: nexttrip) 

Assim são os lugares de sonho, parece que alguém pegou papel e tinta guache e saiu pintando tudo ao redor ... (foto: guimendesthomaz)

A grande laguna Canapa é o ambiente perfeito para flamingos vermelhos, que devem saber muito bem o valor de um spa a céu aberto!

Os montes de sal formam uma imagem surreal, não sei se o caminhão está flutuando na água, andando na estrada ou simplesmente voando... Quando há névoa, o efeito "white out" no horizonte faz tudo desaparecer, tornando impossível diferenciar céu e terra.

Este é o caminho para se chegar ao infinito.......Uyuni (foto: vida&energia)

O clube andino Chacaltaya é a pista de esqui mais alta do mundo, agora desativada. Em dias de céu limpo dá para ver ao longe o lago Titicaca e La Paz! (foto: Itamarjapa)

No alto de uma montanha, La Paz ficou lá atrás. Mas não meus pensamentos, que teimam em ficar enfumaçados de vez em quando. Minha memória é boa, e nenhum Alzheimer vai me tirar essas bons momentos. E tenho dito!