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sábado, 31 de maio de 2014

Pelos caminhos

Sim, viajar é bom. Só que não dá para viver assim o tempo todo. Afinal os "perrengues" da vida estão aí para serem resolvidos POR NÓS! Trabalho, estudos, coisas a resolver... Mas se esse mundo é grande e a vida é longa, então para quê a pressa? Enquanto ainda consigo alimentar meu cérebro com boas memórias, não custa nada revisitar certos lugares! Que seja ao menos nas fotos gravadas ou reveladas em papel (que eu adoro!). Sortudo daquele que faz das viagens interessantes seu próprio trabalho, pois conhecer culturas diferentes e depois vivenciá-las é pura vitamina para a alma e antioxidante para o coração! É claro que rever as imagens de viagens tem muito mais sabor para quem foi lá. As vezes dá para sentir até os cheiros dos lugares, o vento forte que fazia ou mesmo o burburinho das pessoas nas ruas falando uma língua que eu mal entendia.

As colunas gigantes em um parque no coração de Madri me levam de volta a um dia inesquecível!

Agora, sempre tem aqueles chatos de plantão com suas enormes listas: "1000 lugares para conhecer antes de morrer", "600 vulcões ainda adormecidos na costa do pacífico", "100 livros que você tem que ler", "425 tipos de chá da China Oriental", "500 receitas de bacalhau que você ainda não conhece", isso não tem fim! Poxa, não dá para fazer por menos, hein? Neste ponto concordo com o personagem de Mr. Miles, faltou um livro aí: "150 chatos que passam a vida transformando emoções em números". Só para deixar bem claro, não está nos meus planos morrer tão cedo! E, cá entre nós, visitar 1000 lugares ... só se eu não fizesse mais nada da minha vida ! Penso que os caminhos somos nós que fazemos, e esses mudam o tempo todo, assim como o vento muda de direção, e como todos nós mudamos sempre, que bom. Quero apenas desfrutar da minha boa saúde e andar pelo mundo com cautela ... quando der!

 Num dia chuvoso em Bogotá, e um frio de dar nó em água, tive que aprender espanhol na marra para comprar um "paráguas" (vulgo guarda-chuva) para continuar seguindo pelo meu caminho, descobrindo segredos das ruazinhas escondidas e cheias de histórias pra contar.

As Ramblas, no centro de Barcelona, ligam algumas partes da cidade, como a Plaza Catalunya ao Porto Velho. Já ouvi muito sobre as ramblas: "Cuidado para não ser furtado", "tudo é muito caro", "comida de qualidade duvidosa", e coisas do tipo. Nada procede. Como em toda cidade turística, tem que ter mais cuidado, só isso. Comi uma salada mediterrânea deliciosa e nada cara nos quiosques no meio das ramblas! Ali também achei uma pechincha de gravura toda colorida e estilizada "Les Rambles de Barcelona i les seves e stàtues vivents", feita pelo pintor catalão Anthony Pilley, por apenas 11 euros! 


Andar pelos jardins do Palácio de Queluz a caminho de Sintra é algo surreal. Plantas super bem cuidadas dividem seu lugar ao sol com os inúmeros azulejos portugueses, encantador!

Na Bolívia é comum ver as "Cholas", essas mulheres com suas vestimentas coloridas, tão orgulhosas de sua origem indígena. No centro de La Paz, uma chola carrega um bebê nas costas, tradição "Quechua", e fala ao celular ao mesmo tempo. Aqui, o antigo e o novo andam de mãos dadas.

Do alto do Monte Juïc, em Barcelona, se vê ao longe o mar mediterrâneo, azul como o céu! Hoje é um lugar de grande visitação turística. Mas nos tempos da guerra civil espanhola, serviu de prisão e centro de tortura para praticar técnicas nazi-fascistas. Confesso que me deu arrepios no início, mas ainda bem que esse tempo já passou...


O portal de entrada na Plaza Mayor em Madri. Tudo ali é monumental e contagiante, borbulhante de tanta gente, é energia pura na veia, como o sangue espanhol!


Cascais num dia típico de verão é de enlouquecer! Neste dia estava acontecendo um encontro de motos na praça principal em frente à praia, uma loucura! As lojinhas de coisas típicas do lugar e o bacalhau delicioso, huuummm, nem em mil anos eu vou esquecer!

A Praça Bolívar, em Bogotá, já foi palco de grandes transformações políticas na Colômbia. Ali, mais de 80 mil pessoas fizeram uma marcha histórica pedindo uma saída política ao conflito social e armado e o fim da era da violência na Colômbia. Andar pelo chão onde pessoas morreram e bondes foram queimados na década de 50 é meio assustador. Hoje as coisas andam bem mais calmas por lá! Ao fundo o morro de Montserrat, que faz parte da cordilheira dos Andes.

A igreja e convento de São Francisco fica bem no centro de La Paz e é um marco da influência dos franciscanos na cidade. Foi toda esculpida em pedra e madeira entalhada pelos indígenas. Se quiser ouvir o burburinho da cidade, é só sentar ali em suas escadas, onde todos se encontram no intervalo do almoço para conversar: estudantes, as cholas, executivos, donas de casa, comerciantes, religiosos, e você!


sábado, 24 de maio de 2014

O paraíso é aqui!

Impossível não se encantar com essas aves magníficas, que parecem mesmo só existir num paraíso distante! Aliás, as aves-do-paraíso se sentem à vontade tanto em terras úmidas e baixas como em florestas a 3 mil metros do nível do mar. Assim é na Nova Guiné. Neste país distante as borboletas gigantes voam por florestas tropicais, mamíferos se arrastam num solo lamacento, cangurus sobem em árvores e os rios são cheios de peixes arco-íris. É neste paraíso que essas aves encontram fartos alimentos, habitats variados e onde há pouca ameaça de predadores. O macho da espécie Paradisaea minor (foto ao lado) costuma arrancar as folhas dos galhos mais altos a fim de abrir espaço para mostrar toda a sua beleza à fêmea. Cheio de si, não! Já vi alguns vídeos do ritual de acasalamento desses pássaros e, confesso, alguns chegam a ser bizarros até! Como esses seres tão pequenos conseguem protagonizar um espetáculo de explosão de cores e danças tão complexas quanto extravagantes? Darwin então tinha razão ao dizer que as fêmeas escolhem os machos baseadas em características atraentes, o que aumenta a probabilidade desses traços serem transmitidos aos seus descendentes. Imagine que no século 16 caçadores asiáticos retiravam as plumas reluzentes das aves para vender como caros ornamentos. Daí surgiu a lenda de que eram aves divinas, muito difíceis de encontrar, que habitavam os céus sem nunca tocar a terra, e que se alimentavam de névoas paradisíacas. Uau!!! Recentemente dois pesquisadores da universidade de Cornell (Scholes e Laman) resolveram catalogar e fotografar as 39 espécies existentes. Para isso foram necessários 8 anos, 18 expedições aos lugares mais exóticos do planeta, 2 mil horas escondidos na floresta esperando a hora exata para fotografar um só acasalamento, além dos tradicionais blocos de anotações. Para eles eu tiro o chapéu pela dedicação e tamanha paciência, que só os verdadeiros habitantes das florestas sabem ter!

Os machos adoram mostrar suas plumas às fêmeas, sempre curiosas

A espécie Paradisaea rudolphi com sua longa calda e penas azuis é capaz de chamar a atenção na floresta mais densa!

Uma Seleucidis melanoleucus canta como ninguém para atrair uma parceira em potencial

Aqui macho e fêmea da espécie Ptiloris paradiseus. Parece que ela se rendeu aos seus encantos enfim

O mesmo macho da espécie acima usa uma técnica de transmutação só para impressionar: faz movimentos tão rápidos com a cabeça que seu peito fica luminescente. Quer publicidade mais exótica que essa?

Cicinnurus respublica nem precisava ter sua calda em forma de tesoura, pois as cores das penas e a cabeça azul já são um chamativo e tanto!

um exemplar de Cicinnurus magnificus todo emplumado

O comportamento de acasalamento das aves-do-paraíso ainda não tem explicação na ciência. O certo é que essas aves são encontradas apenas da região leste da Austrália até a Nova Guiné e suas ilhas. 

Este Cicinnurus regius agarra-se a uma liana na floresta tropical da Guiné. A ponta em forma de disco na pena da cauda oscila durante a exibição. Esse seu jeito exuberante de ser foi evoluindo ao longo de milênios de competição pelas fêmeas.

Esses são os caras! O ornitólogo Edwin Scholes e o fotógrafo Tim Laman

domingo, 18 de maio de 2014

Um lugar surpreendente

Confesso que há poucos lugares no mundo que eu não gostaria de ir! Enquanto há outros que tenho muita vontade de conhecer, mas se tornam praticamente impossíveis devido às circunstâncias. O Afeganistão é um deles. Uma vez vi um documentário da Natgeo na TV sobre as montanhas do país e fiquei encantada. Eu já sabia que o Afeganistão era detentor de paisagens idílicas, mas nunca tinha visto mais nada depois, além de atentados terroristas e a turma do Bin Laden. O lugar é considerado um dos destinos turísticos mais perigosos do mundo, nem um pouco recomendável. Tirando essa parte, é um destino tão surpreendente quanto pouco procurado. Um dos motivos pelos quais eu não vou (ha ha ha) é o preço do seguro viagem: mais de 700 euros por 2 semanas (dez vezes mais que um seguro normal). Mas dizem que cobre tudo, até mesmo as negociações em caso de rapto, já pensou! Bom, pensando bem, não vai dar para ir ao Afeganistão tão cedo....

Lago de Band-e-Amir, nas montanhas do Afeganistão (foto: flickr)

O que mais chama a atenção no lugar é que em meio às paisagens de deserto e rochas estão 6 lagos azuis deslumbrantes rodeados pelas montanhas Hindu Kush. Os depósitos de calcário são os responsáveis por tamanha beleza, tanto que se tornou o primeiro parque nacional do país. Os nômades que habitam a região acreditam que os lagos Band-e-Amir possuem poderes curativos. A enorme quantidade de CO2 que brota da crosta da Terra faz com que as cores dos lagos passem do azul turquesa ao verde água ao longo do dia. E pensar que nos anos 60 era um importante destino turístico, principalmente para os hippies, que além das paisagens buscavam ali drogas mais baratas. O australiano Kevin Pollard já esteve no país algumas vezes e disse que ali você compreende o verdadeiro significado de uma zona em conflito. "Além disso as pessoas locais são encantadoras, simpáticas e hospitaleiras, não são todos terroristas!" Penso que nós, ocidentais, temos uma visão um tanto estereotipada de certos lugares do planeta. Assim como outros povos pensam que no Rio tem um monte de bandido em cada esquina e tem que andar de capacete para não levar tiro, que vem de tudo quanto é lado (afinal são essas as imagens que passam lá fora. E cá entre nós, está por pouco! Mas isso é caso de polícia e de políticas erradas.....deixa pra lá). 
Para mim, o grande atrativo de conhecer lugares como o Afeganistão, Malawi, Palestina, Quirquistão e tantos outros é se misturar no meio das pessoas, conhecer sua história e visitar povoados e cidadezinhas escondidas onde os turistas normalmente não vão. É uma pena que um país tão belo e cheio de história seja assolado pela violência, secas aterrorizantes e fome. Para um país que se tornou independente do Reino Unido em 1919, ainda falta muito para sentir o que é a verdadeira liberdade, pois este povo longínquo só aprendeu até hoje o valor do sofrimento...

As belas montanhas do Afeganistão no meio do deserto (foto: flickr)

Mesquita frequentada pelos afegãos, que buscam ali um alento em meio a tanta confusão (foto: EFE)

Duas mulheres na encosta de uma montanha. No Afeganistão raramente se vê uma mulher desacompanhada (foto: Lynsey Addario, da Natgeo)

As crianças afegãs são protegidas pela "Convenção sobre os Direitos da Criança", ratificada em 1994.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Quer saber? Este mundo não é nada maternal

Não é fácil falar das mães, ainda mais para quem não é uma delas, como eu. Mas dá para sentir a presença forte de uma mãe, e também seu amor incondicional. Penso nas mães do mundo todo, na África, na China, no Afeganistão, na Venezuela, na Ucrânia. Poxa, não deve ser fácil ser mãe em certos cantos do planeta..... Afinal, este mundo está de pernas para o ar faz tempo, e além do mais ele não é nada maternal! Então deixo aqui pedaços de uma crônica de Martha Medeiros sobre as mães:

" É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto. Mas quando se é adolescente a gente pensa que viveria melhor sem ela. Mero erro de cálculo. Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco........... O mundo nos olha superficialmente. Não consegue enxergar através. Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos para enfrentar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta............. O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência, não para para nos ouvir............. Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção. Sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto que o mundo propriamente dito exige eficiência máxima, seleciona os mais bem-dotados e cobra caro pelo seu tempo. Mãe é de graça!"

De mãe para filho. Existe uma tribo africana com um costume bem diferente. Quando alguém faz algo de errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia e a tribo toda fica ao seu redor. Durante dias eles repetem para a pessoa todas as coisas boas que ela já fez. A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom. Mas às vezes, na busca das coisas boas (segurança, amor, paz) as pessoas cometem alguns erros, e desviam-se de seu caminho. Dessa forma eles esperam reconectar a pessoa com sua verdadeira natureza, caso tenha se esquecido 'temporariamente': "Eu sou bom": Sawabona Shikoba! Este é o ensinamento que as mães passam aos seus filhos na aldeia. 

  Uma mãe chinesa protegendo seu pequenino do sol.

Mães somalis na Etiópia tentam escapar da fome para alimentar seus filhos.

Mamãe pato consegue manter todos os seus filhinhos na linha!

Isso sim é o que eu chamo de mãe coruja!

domingo, 4 de maio de 2014

Ar puro = Felicidade

Caminhando pelas ruas floridas de Gramado, no sul do país.

A sensação de que a natureza nos faz bem me parece óbvia, mas pesquisadores sempre descobrem um jeito de provar isso cientificamente. Duas pesquisas, uma britânica e outra americana, acabaram de comprovar que a felicidade está mais atrelada à natureza que a própria situação social. Eles descobriram que as sensações de viver perto de áreas verdes trazem sentimentos semelhantes ao de conseguir um novo emprego ou casar-se com quem se ama, por exemplo. Além do mais, essas pessoas têm dez vezes mais saúde mental e física, independente de classe econômica. Quem vive perto da natureza não se beneficia apenas do ar puro e do canto dos pássaros, mas também tem mais qualidade de vida.
A ONU já utiliza globalmente o termo "Cidades Verdes e Inteligentes" para aquelas que investem na melhoria de qualidade dos serviços para a população. Várias cidades do Canadá, como Toronto, não fazem mais coleta seletiva do lixo (estão um pouquinho mais adiantados). O caminhão passa uma vez só e recolhe o lixo na casa das pessoas. Depois, na usina de lixo, uma máquina se encarrega de separar automaticamente os materiais recicláveis, que depois são vendidos. O lixo orgânico é colocado em sacolas biodegradáveis para virar adubo. Este adubo é vendido no mercado, que vai ajudar a criar mais e mais áreas verdes. Os caminhões de lixo são movidos a gás produzido pelo próprio lixo que eles retiram das ruas. Viu como tudo se aproveita? Fica aí a dica para nossos futuros governantes (que se dizem tão preocupados com o bem estar da população!!!) Criar espaços verdes nas cidades é essencial para estimular hábitos mais saudáveis, cidades mais humanas, seguras e habitáveis.......e de quebra, pessoas mais felizes!

Um parque, entre tantos, bem no meio da cidade de Curitiba. Passear por entre flores e jardins super cuidados faz qualquer um mais feliz!

O Parque do Lago Negro, em Gramado, tem um clima tão agradável e está dentro de um bairro da cidade. As margens do lago são repletas de árvores que vieram diretamente da Floresta Negra, na Alemanha.

Em Canela, no Rio Grande do Sul, as estradas e ruas são verdadeiros jardins abertos ao público!

O Parque das Águas, em São Lourenço, é o pulmão da cidade. Com suas fontes de águas minerais, um pequeno bosque e o lago, o parque é um convite para longas caminhadas ao ar livre, respirando ar puro e ouvindo os pássaros....

O Memorial Ucraniano fica no Parque Tingui, em Curitiba. Aqui uma réplica da igreja de São Miguel de Arcanjo, uma das construções ucranianas mais antigas do Brasil. Seu estilo bizantino é tradicionalmente usado nas igrejas ortodoxas eslavas. 

Um dia de sol no Parque Ibirapuera, no coração de São Paulo. Pedalando ao redor do lago num fim de tarde, você até esquece que está no maior centro financeiro do país e numa das maiores cidades do mundo!

Morretes, uma cidadezinha na Serra do Mar, a caminho do litoral do Paraná. O rio passa no meio da cidade, que é coberta de praças e muito verde. Ótimo lugar para encher os pulmões de ar puro antes de continuar!