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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Noite estrelada

Noite Estrelada, pintada por Van Gogh em 1889 aos 37 anos, atualmente no Museu de Arte Moderna MoMA) de Nova York

Um dia calmo depois do carnaval....silêncio. Mas não há como se desligar por completo nesta época. Basta ler um jornal ou ligar a TV para ficar sabendo de mais uma das atrocidades do Estado Islâmico; ou a falta total de ética de escolas de samba, que aceitam dinheiro sujo de ditadores corruptos de um país que maltrata seu próprio povo. Se fosse listar aqui todas as notícias ruins do dia a dia, morreria de tédio, são sempre as mesmas. Ok, o jeito é fechar o jornal de uma vez. Ops, mas antes disso, lá na última página, uma imagem pequenina e colorida me lembra a infância: 'uma noite toda estrelada', quando deitada no chão com outras crianças, olhando para o céu iluminado, ficávamos contando as estrelas cadentes. Quem conseguisse contar mais estrelas seria a campeã. De quê? Não sei. A pintura do jornal nada mais é do que o quadro "The Starry Night" do holandês Vincent Van Gogh. Ele conseguiu retratar ali o que via da janela de seu quarto, no hospital psiquiátrico, onde viveu por alguns anos. Durante sua internação, chegou a momentos de alta produtividade, chegando a pintar um quadro por dia! Talvez quisesse extravasar toda a sua inquietação interna. Ao contrário de outros quadros seus, este foi pintado durante o dia apenas com as memórias que ele tinha das noites estreladas que via. Van Gogh morreu aos 37 anos, perturbado com o transtorno bipolar e um sério problema mental, só teve reconhecimento mundial depois de sua morte. The Starry Night, o quadro, serviu de inspiração para Don Mclean compor a música "Vincent (Starry Starry Night)" em sua homenagem. Uma alegria para os ouvidos em tempos de pós carnaval, ufa!!!

domingo, 15 de fevereiro de 2015

O eterno horizonte africano


Reserva dos Masaai, no Quênia

A África é um imenso mosaico, com inúmeras etnias e povos que falam diferentes línguas, religiões distintas, geografia e culturas diversas. Sempre me perguntei por que um continente tão grande assim não se desenvolveu economicamente? Por que o desinteresse geral e o esquecimento histórico? Ainda sem uma resposta digna. Basicamente dividida em duas - a África Branca, mais ao norte, dominada pelos árabes e pelo grande deserto Saara (chamada Saariana) - e a África Negra, do centro para o sul (a África Subsaariana). Pelo menos, até hoje os radicais jihadistas não se arriscaram mais ao sul do continente, já que a região norte tem em seu subsolo importantes recursos energéticos, especialmente o petróleo. Um dos principais motivos para muitas guerras e dominação pelo medo. A região sul africana, com suas matas, grandes leões, elefantes e crocodilos não os atrai tanto. Durante duas décadas o povo do Sudão sofreu os horrores de uma guerra civil entre o norte islâmico (a grande maioria) e o sul cristão. A região de Darfur, no sul do país, ficou conhecida no mundo inteiro depois que sofreu um grande extermínio e perseguição pelos árabes do norte, o que gerou milhares de refugiados de Darfur. Apesar de ser o maior país da África, é uma nação assolada pela pobreza. Em 2011 o território foi separado em Sudão e Sudão do Sul e um acordo de paz foi assinado entre os dois Estados. Mas ainda é uma região sensível, cujo conflito deixou mais de 2 milhões de refugiados e 400 mil mortos. Uma lástima...

A África que sempre dominou meus sonhos foi a subsaariana, com suas florestas tropicais e savanas de um lado e o deserto do Kalaari do outro. A colonização de muitos países africanos por outros povos foi um forte causador do subdesenvolvimento de toda a região. Os países colonizadores, sem exceção, arrancaram das terras toda a riqueza que lhes interessavam, mas pouco contribuíram para o desenvolvimento econômico e social dos países dominados. Assim eles decretaram o empobrecimento de um continente inteiro! Nós que vivemos num mundo dito 'civilizado' (?) não percebemos o quão importante a África é. Dali saíram grandes civilizações que povoaram o resto do mundo, é o berço da humanidade! Neste nosso mundinho organizado, absurdamente acelerado, de roupas limpas, e de sapatos brilhando não cabe um universo de povos praticamente inacessíveis? Cabe sim. Para muitos deles a sobrevivência é um combate diário. A grande maioria ainda precisa caçar para se alimentar, e muitos estão sempre fazendo novos abrigos, em condições de semi nômades, em função do clima sempre em constante mutação.

Guerreiro Masaai, na Tanzânia (foto: Jimmy Nelson)

Para os Masaai, a sua riqueza pode ser medida pelo número de gados e filhos que eles têm. Desde pequenos os masaai são preparados para serem grandes guerreiros. Inclusive são capazes de saltar bem alto para mostrar sua força e resistência. Acreditam que Deus criou tudo entre o céu e a terra e deu os gados para cuidarem, e que eles são os últimos guerreiros vivos no planeta.










Os masaai usam o vermelho como cor principal para se distinguir dos demais povos africanos (foto: zenmagazineafrica)












Povo Himba, na Namíbia (foto: Jimmy Nelson)

Ao sul da África,entre a Namíbia e Angola vive o povo Himba, numa das áreas mais selvagens da África. Eles viajam pelo deserto como os leões e elefantes em busca de água e mantém suas tradições desde o século XV. Antes da Primeira Guerra Mundial a Namíbia foi palco de um grande genocídio, quando o general alemão Von Trotha comandou o extermínio da população local, que se rebelava contra a ocupação alemã. Hoje o país está se reerguendo economicamente e mantém grandes projetos ambientais, apesar de as grandes fazendas locais ainda pertencerem aos descendentes de colonizadores. Os hábitos dos himba são bem diferentes dos nossos. As mulheres são educadas para não tomarem banho, e apenas passam no corpo uma mistura de manteiga animal e pó de noz, dando uma cor avermelhada única que os protege do sol. É uma tribo essencialmente matriarcal, já que todo trabalho pesado fica por conta das mulheres.








A tribo dos Samburu ainda pratica rituais tradicionais para fertilidade e curas. Como no passado eles já tiveram muitos conflitos com a Somália, olham o islã com certa desconfiança. Habitam belos vales com montanhas, árvores e nascentes de água. Seu Deus é Nkai, e quando um homem velho morre, eles o enterram diante de uma grande montanha, moradia de Nkai. 







                                                                                                                                                                   
                      Tribo Samburu , na Namíbia (foto: Jimmy N.)

                              
               Tribo Dessanech , no Quênia (foto: Jimmy Nelson)

Os Dessanech vivem no grande Vale do Rift, ou Vale do Omo, no Quênia. Seus lagos alcalinos, termas naturais quentes e terras férteis formam o verdadeiro caleidoscópio queniano. Nas épocas de grandes migrações, são as mulheres (mais uma vez) que constroem e derrubam suas casas para seguirem seu caminho. A tribo é conhecida por caçar crocodilos!

O povo Mursi (foto: Hans Sylvester) também vive no vale do Omo, na Etiópia. Eles têm uma política própria de pacificação. Se ocorrem conflitos com outras tribos, uma delegação de homens mais velhos se reúne com a delegação da outra tribo e negociam as soluções para alcançar a paz. Os Mursi declararam seu território como zona comunitária de conservação, e a partir daí começaram um projeto comunitário de turismo. A cultura deste povo está sendo ameaçada pela criação de parques no vale do Omo, é o que a ong Native Solutions denuncia em www.conservationrefugees.org

O povo Dinka - Sudão - vive do pastoreio de gado (foto: Carol Beckwith)

O povo Dinka habita principalmente a bacia do rio Nilo, no Sudão. É uma tribo que vive constantemente debaixo do sol cuidando do gado, por isso possuem um tom de pele notavelmente mais escuro que outros povos da África. Pelo seu estilo de vida (se alimentam de laticínios in natura, o que lhes dá extrema resistência), sua beleza exuberante e sua estreita relação com os animais, é considerada a população mais alta do mundo, muitos passam de 2 metros de altura! São chamados os gigantes fantasmas da África, pois cobrem seus corpos, e também dos animais, de cinzas para se protegeram da malária e insetos perigosos.


Pois é... enquanto um monte de milionários por aí se cadastram para visitar outros planetas, ou mesmo gastam fortunas para congelar o próprio corpo após a morte, na intenção de voltar a viver um dia - tem um lugar chamado África, muito mais interessante e que precisa encontrar soluções para sobreviver!!!  
                                                                              

domingo, 8 de fevereiro de 2015

12.000 anos de história



Pensando em visitar a Colômbia? Boa pedida, a começar por Bogotá, sua charmosa capital. Esqueça por enquanto a questão da violência e do grupo das FARC. Afinal, os guardas fardados estão em cada esquina da cidade com seus cães farejadores. Pelo menos você tem a sensação de segurança total! O centro histórico de Bogotá é imperdível, pois ali estão concentradas as principais atrações, como o Museo da Esmeralda, o Museo del Oro, o Museo Botero e a Praça Bolívar. O bom mesmo é sair a pé do hotel, descobrindo caminhos, passando ora por ruelas estreitas  e antigas, ora por grandes avenidas cheias de carros... Fiz isso sozinha de manhã, sem mapa, sem guia, só com a câmera na mão; foi meu melhor dia! Uma dica, pergunte, pergunte sempre, este é o segredo, pois é fácil se perder por ali. A melhor época? Talvez o ano todo. Mas quando fui em abril, peguei uma semana de chuva, o que acabou esfriando um pouco. Mas nada que um bom  e forte café "tinto" colombiano não resolva, ainda mais se vier acompanhado de uma barrinha de chocolate. Você encontra os famosos chocolates para comprar em qualquer lugar, desde o aeroporto às pequenas cafeterias locais. Historicamente o chocolate tem suas raízes contadas pelos povos pré-colombianos.  Pois é, desde aquela época eles já sabiam o que era bom! Num dia de chuva fina, caminhar pela praça Bolívar é uma delícia, já que  não há quase ninguém nas ruas, além de você e alguns pombos. É ali que estão os grandes museus, a catedral e o Capitólio. Aliás, se você pensa que a história na América começou quando os colonizadores europeus chegaram, ledo engano. Os primeiros humanos da região datam de 10.000 anos a.C.São pelo menos 12.000 anos de história!                                                                            
Mas para quem não curte esta calmaria toda, indico o   famoso restaurante/ bar/balada "Andrès Carne de Rés", no Paso de Cebra, que fica na cidade de Chía, próxima a Bogotá. Talvez este seja o restaurante mais original da Colômbia! Um tanto excêntrico, com sua decoração que vai fácil entre o barroco e o Kistch. Lá você pode dançar salsa e merengue até o dia amanhecer, ou quase! Infelizmente o tempo chuvoso não me permitiu pedalar nas "ciclorutas", uma verdadeira mania colombiana. Só em Bogotá há dezenas de quilômetros dessas ciclovias. Pelo menos, já tenho uma boa desculpa para voltar à Colômbia um dia! A cidade é toda rodeada pelas montanhas da cordilheira dos Andes, o que dá um ar meio sinistro com o tempo ruim e o céu carregado de nuvens negras... O trânsito na cidade é caótico, como em quase todas as grandes cidades. Se o jeito é pegar um táxi, prepare-se: eles tentam te enganar o tempo todo, dando mil voltas para chegar ali bem perto. Detalhe, gostam de correr e só usam o freio em cima da hora, te deixando com cara de quem acabou de sair de dentro de um liquidificador.  Da segunda vez já levei logo uma cartela de dramim para me garantir!  

  Sobrevoamos a Amazônia e seus imensos rios por quase três horas seguidas antes de entrar em território colombiano!

Nada como encontrar uma 'panaderia' dessas num dia de chuva e provar um pão doce quentinho, recém saído do forno....   

Alguns parques dentro da cidade são dedicados aos esportes. Este, por exemplo, é cheio de quadras de tênis e pistas para fazer cooper.

É fácil encontrar algumas colombianas com roupas típicas em frente ao Museo del Oro. Mas elas só permitem ser fotografadas de frente depois de receber alguns pesos colombianos. Claro que depois nós pagamos para ter uma foto mais digna!

Bogotá é cheia de praças por todo lado. Esta fica ao lado de uma pirâmide de vidro e este globo gigante. É dedicada à ciência e tem uma estufa  com plantas regionais e atrações para crianças.

As construções da Praça Bolívar, ao lado do Capitólio são lindíssimas. Mas dali em diante não é permitido passar, já que é a residência oficial do presidente da Colômbia.  

O excêntrico restaurante "Andrés Carne de Rés", onde a diversão é garantida!

A grandiosidade da Praça Bolívar com sua catedral Primaz, e ao fundo a montanha de Monserrate, com mais de 3.000 metros de altitude!

Lugar bom é lugar com história para contar. Nem precisa ser belo, pois a beleza fria não me impressiona. Um país como este, pouco procurado por turistas de outras parte do mundo,  me instiga. Quero descobrir sempre algo mais, que ninguém viu, ou simplesmente passou despercebido. Foram poucos dias, mas certamente inesquecíveis!

              

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Onde foi que nós erramos?

Este país não é sério! Como pode um lugar cheio de belezas naturais, repleto de praias paradisíacas, montanhas e gente feliz ser tão esquecido pelos próprios governantes? Infelizmente a situação hídrica no país é crítica e pode faltar água sim! Mas em ano de eleição os governos só pensam em se eleger e nada mais. É um salve-se quem puder! Sempre vivemos num país com fartura de recursos e convivemos com a cultura do desperdício. Também não cuidamos de nossos mananciais, e eles precisam de proteção! O clima está mais seco e há anos não chove mais como antigamente. Enfim a população acordou, e agora terá que aprender o que já devia ter entendido faz tempo.....Está faltando água! Temos que economizar luz, água e tudo mais. Certos recursos são finitos e podem nos custar a vida. E aqui, se falta água, falta luz, já que 90% da energia que temos vem das hidrelétricas. E o que dizer das energias renováveis, tão propagadas mundo afora e explicadas por cientistas a exaustão? Elas são caras, tudo bem, mas estão ligadas  a uma série de tecnologias que permitem a sua produção. É preciso começar com uma produção razoável para que um dia elas se tornem baratas. 


Desde a descoberta do fogo o homem passou a tirar proveito da energia térmica. E graças a isso nossas vidas têm melhorado muito (obrigada homem das cavernas!). E tem mais, os navegadores de séculos atrás já utilizavam a energia eólica nas velas de suas embarcações, o que lhes deu energia para descobrir novas terras distantes, como o Brasil (obrigada mais uma vez!). O ser humano sempre buscou novas fontes de energia, mas o homem moderno se perdeu e não soube cuidar. Onde foi que nós erramos o passo lá atrás?
A ciência está aí para ser usada contra a seca iminente. Já é possível captar água da atmosfera sob a forma de vapor. Existem máquinas que fazem este trabalho nos EUA, na França e também no Brasil! Em São Paulo é perfeitamente possível captar a umidade do ar no entorno dos rios que cortam a cidade com estas máquinas. Como? O líquido é desinfetado das bactérias por uma sofisticada filtragem ultravioleta, e então está pronta para ser reutilizada. Também se produz água de reuso através do esgoto, com tecnologia parecida. Já a dessalinização da água do mar é vista pelos cientistas como a grande solução do futuro, para suprir 9 bilhões de habitantes num planeta tão escasso. Um exemplo é o arquipélago Fernando de Noronha, que faz o tratamento da água do mar com auxílio de um gerador elétrico a diesel. Esta miniusina já aumentou a produção de água na ilha o suficiente para atender o turismo local, que cresce a cada ano.
Na Holanda inventaram um sistema que utiliza resíduos do processo da fotossíntese para gerar eletricidade, poupando assim outras formas de energia. A cidade de Hamburg tem sido iluminada por lâmpadas de Led alimentadas com energia retirada das plantas. Além de não causar nenhum dano aos vegetais, o processo consiste no cultivo de plantas em módulos de plástico ligados uns aos outros. A fotossíntese já faz seu trabalho, transformando energia solar, ar e água em açúcares utilizados pelas plantas para seu crescimento. Parte deles é devolvido ao solo como resíduo. É aí que a decomposição desses açúcares começa a liberar prótons e elétrons. O sistema inventado capta essas partículas através de eletrodos e então produz energia elétrica.


A vida não é fantástica? Até os animais agradecem e tiram o chapéu para a tecnologia do bem! Iniciativas que previnem as faltas de abastecimento estão por todo lugar, é preciso desmistificá-las e colocá-las em prática. Afinal, a simplicidade da tecnologia é algo realmente revolucionário!