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domingo, 28 de junho de 2015

No caminho do mar

Corumbau (foto: Fernanda Dutra)

Mesmo agora, longe do mar, me preocupam as notícias que vêm de lá, especialmente alguns lugares por onde andei. Fora a especulação imobiliária, que é aterrorizante, o sul da Bahia sofre com a sobrepesca, a má administração das áreas protegidas e o total abandono dos governos. No mundo ainda é possível ver uma ação global para conservar os oceanos. Muitos já perceberam que dependem dos oceanos e por isso os impactos precisam ser controlados. Enquanto isso, aqui no Brasil......um imenso litoral parece que anda meio esquecido. Exceto pela exploração do turismo. Praias lindas estão sendo tomadas pela especulação imobiliária e hoteleira. A mata Atlântica continua sendo derrubada e dando lugar a plantações de eucalipto e outras culturas. Conheço bem o sul da Bahia, mais precisamente de Prado até Porto Seguro. Lá presenciei caminhões tirando toras de madeira da mata Atlântica de madrugada para fugir da fiscalização. Denunciei. Nada aconteceu. Plantações de eucalipto crescem assustadoramente ao longo das estradas até o litoral. Em minhas andanças a pé pela região dava para perceber que ainda restam alguns lugares preservados da ganância humana. Mas até quando? É difícil precisar.


Reserva Extrativista (RESEX) de Corumbau

Quando a Reserva Extrativista de Corumbau foi aprovada eu estava lá, e toda a colônia de pescadores da região comemorou. Oficialmente, a partir daquele dia, toda aquela área marinha estava sob proteção! Isso foi ótimo, pois 90% da área de Corumbau é formada pelo mar. São comunidades onde o forte é a pesca. Antigamente eram quase 100 barcos puxando redes de arrasto no fundo do mar, destruindo muitas outras espécies que não eram aproveitadas. A Resex proibiu isso, mas ainda hoje existem alguns barcos que praticam esta pesca terrível. O governo não consegue fiscalizar tudo. São poucos agentes do órgão ambiental trabalhando, e muitos já estão para se aposentar. Os pescadores reclamam: " A gente precisa de tão pouco e não consegue, é um desânimo geral. Aqui a maioria votou na Dilma. Agora todos querem ela fora! " Esta foi a resposta dada a um repórter de TV.


Vivi poucos anos na região e pude perceber que ali é um pequeno retrato do que acontece no resto do país.  Muitas pessoas que vivem longe dos centros urbanos, muitas vezes nesses paraísos tropicais, acabam se contentando com pouco por pura falta de opção. Enquanto isso, os verdadeiros "predadores" (governos corruptos, madeireiros, empresas hoteleiras) enfiam  nos próprios bolsos bilhões e bilhões a perder de vista.
Nós precisamos mesmo de medidas significativas para proteger a saúde do oceano e dar prosperidade para os povos que dependem dele. Quero acreditar que um dia possamos colocar os oceanos em um caminho para a recuperação, e desta vez sem volta!

quinta-feira, 11 de junho de 2015

O mundo tem pressa

Dias difíceis? Nem tanto assim. Preguiçosos sim, pode ser. É como acordar se arrastando todo dia, e o sono te puxando de volta pra cama. Talvez seja o frio chegando sorrateiro neste inverno dos trópicos. Mesmo com tanto relógio por todo lado, tá difícil controlar o tempo. O tic-tac pessoal anda descompassado, tão desbaratado que às vezes é como se você estivesse solta dentro de um quadro de Kandinsky, tentando se agarrar em algum ponto...

"No branco" - Kandinsky, 1920

Tantas coisas que precisam de mais dedicação, mas não está fácil ... e o que precisa de dedicação zero é o que ocupa mais nosso tempo! Difícil entender certas coisas. A vida é uma loucura, não!? Do sul ao norte, de leste a oeste, o mundo tem pressa. Parece que é tudo pra ontem. As vezes você não se sente atrasada para pegar um bonde que já passou? Todo mundo quer ser feliz o TEMPO TODO! Quantas vezes colocamos nossas metas num patamar alto demais, que fica até difícil alcançar. Dizem por aí que é melhor colocar tudo no papel e separar em graus de dificuldade, assim é mais fácil chegar lá aos poucos. Ok, vale também testar seus limites a exaustão. Acho que ainda estou nesta fase... E para não perder o bonde mais uma vez, o jeito é colocar rodas nos pés!