Translate

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Um lugar inesperado

Casas típicas da Nova Guiné ao longo do rio Sepik

Um dos últimos lugares selvagens da Terra é a Nova Guiné, ao norte da Austrália. Lugares distantes e aparentemente intocáveis me despertam a curiosidade justamente por serem assim. No mundo em que vivemos, onde quase tudo é descartável, facilmente substituível ou deteriorável, encontrar pequenas comunidades isoladas e autossustentáveis é o máximo! Pessoas que vivem de maneira simples, no meio da floresta, deslisam pelos rios em suas longas canoas, felizes. O simples nunca foi fácil, ainda mais para nós, pobres ocidentais que sempre complicamos o que já não é tão simples assim. 

A reverência e o respeito pela natureza são admiráveis. A Nova Guiné é uma verdadeira Torre de Babel. Dizem que para entender todos os idiomas falados na ilha seriam necessários 850 dicionários. Neste país, mais da metade de seu território é coberto por florestas úmidas (conhecidas como florestas de nuvens) e 80% da população vive nelas. Mas este lugar quase surreal não está tão disponível assim. Chegar lá parece ser bastante complicado, já que não há estradas e o transporte é feito por canoas nos rios e grandes lagos. Mas talvez o sacrifício valha a pena. Uma ilha na Oceania coberta por florestas tropicais, aves do paraíso, rios com jacarés gigantes, montanhas de até 3000 m de altitude, vulcões ativos, praias intocadas e cachoeiras fantásticas...

Se tivesse uma expedição para lá hoje, provavelmente eu já estaria de malas prontas, navegando numa daquelas canoas. Queria conhecer 'in loco' tamanha biodiversidade deste país, cujas ilhas estão fadadas ao desaparecimento com a subida dos mares. Apesar de ser 'o lugar' na Terra onde humanos e crocodilos convivem tranquilamente ao longo dos rios, eu bem sei que tribos mais isoladas no interior das florestas ainda praticam o canibalismo! Além disso, ouvi dizer que as nuvens de mosquitos são constantes nesses lugares, úmidos e certos subornos são necessários para obter qualquer item básico de necessidade. Não é a toa que o slogan do país é "A terra do inesperado". 

Pensando bem, melhor não me arriscar tanto no meio da floresta e ficar só por perto dos rios, onde os jacarés parecem ser mais 'amigáveis'...!!!

A floresta de nuvens faz jus ao nome num lugar bastante úmido e tropical

Grutas inesperadas onde se chega de barco, canoa ou kaiak

Uma Ave-do-paraíso aproveitando os últimos raios de sol

O vulcão Tavurvur entra em erupção mais uma vez...

Há cachoeiras por todo lado, por toda a ilha!

Uma das ilhas "bem simples" da região!

A diversidade humana da Nova Guiné no encontro entre duas tribos.


domingo, 13 de setembro de 2015

Quem está no século errado?


O tempo sempre me assustou... como passa rápido! Aquela menina cheia de sonhos e esperanças sem fim ficou lá atrás. Mas ainda hoje me perco em meio a tantas ideias e ideais que pululam em minha mente e, não raro, fogem do senso comum. Organizar tudo numa agenda é ótimo. Desenhos, compromissos, ideias para um futuro próximo (hoje!), não esquecer de passar na padaria, mandar e-mail para X, ligar para Y. Tudo organizado, perfeito! Mas e a agenda? Ou está perdida, ou está em outro lugar, nunca na minha bolsa. Pior do que perder uma coisa é tentar encontrá-la. Esquece.
Ok, tem o gadget "notas" no smartphone feito pra isso! Se tem uma coisa que não me agrada é a frieza de certas facilidades eletrônicas. Sinto a necessidade do contato com o papel, do cheiro da folha, de escrever algo com minhas próprias mãos. Que bom foi (re)descobrir os pedaços de papel reciclado cortados no tamanho exato para as anotações do dia. Fáceis de achar na bolsa, não vivo sem eles!

Sei que vivemos no século XXI  e AMO a evolução de muitas coisas até aqui, mas poderia ter vivido tranquilamente no século 19, a era das descobertas... Quisera eu ter aprendido na época com Darwin a "Origem das Espécies", que revolucionou o mundo. Por incrível que pareça, foi também o século dos grandes deslocamentos demográficos, como o que vemos agora nos países árabes e norte-africanos. Nesta época também foi criado o cinematógrafo (como dizia meu avô) e assim surgiu o cinema, que maravilha! Mas, pensando bem...... voltar dois séculos atrás seria viver sem geladeira, caneta esferográfica, ter uma vida mais curta, sofrer dores imensas sem tratamento médico adequado ou qualquer higiene, ter pouco tempo para aproveitar a vida, sem ter eletricidade e sem saber que a Terra é azul! Melhor eu me virar mesmo no século XXI, mas ter sempre um pesinho lá no passado de vez em quando (que não faz mal a ninguém)!

Cá entre nós, cada um que escreva em sua agenda ou desenhe seu futuro do jeito que lhe convier. E se você acha que o tempo vai mudar seus caminhos, não espere tanto...



sábado, 5 de setembro de 2015

Uma verdadeira odisseia


Sempre quando penso que nada mais me surpreende, vejo como estou enganada. As crianças têm uma capacidade incomum para superar as adversidades da vida. Por isso, me choca ver imagens de crianças inocentes morrendo pela total incapacidade dos adultos viverem em harmonia num mesmo planeta! A imagem de uma criança morrendo literalmente na praia e tantas outras pelo mundo em péssimas situações têm um efeito perturbador. As crianças têm esse poder de comoção. Elas não pertencem àquele lugar. Deveriam estar junto a outras crianças, brincando, dando os primeiros passos de um futuro inteiro pela frente. Fica aqui meu desabafo e um pouco da enorme força de crianças capazes de superar as mais extremas dificuldades!

Aprender é algo maravilhoso, e em qualquer parte do mundo esses pequenos vão à escola, mesmo que isso seja uma luta diária. O caminho pode ser bem desafiador e perigoso. Eles enfrentam obstáculos como rios congelados, montanhas, condições climáticas extremas, pontes precárias, canoas e muito mais. Nunca duvide da força de uma criança, pois muitas vezes até a força maior da natureza parece ir contra elas! Por outro lado, já estão tão acostumadas com as dificuldades da vida, que este é apenas mais um desafio. Regiões inóspitas acabam impossibilitando investimentos por parte de governos de alguns países, já que são altamente impactadas por desastres naturais. Nada que uma boa vontade política não resolva, diga-se de passagem.
É, essas crianças vivem uma verdadeira odisseia...

Muitas vão de canoa em Riau, na Indonésia







No sertão do Brasil, crianças montam seus jegues para não chegarem atrasadas  na aula.








Em Angola, ainda hoje é preciso enfrentar terrenos minados para tentar chegar à escola em segurança!




Na província de Rizal, nas Filipinas, as crianças já estão acostumadas a atravessar os rios usando pneus inflados, com todo cuidado para não molhar  livros e cadernos que levam nas mochilas...





A 800 metros do rio Negro, na Colômbia, elas atravessam por cabos de aço até o outro lado, onde fica a escola.














Pontes precárias são o único caminho para os estudos em Lebak, na Indonésia!








A pequena menina palestina parece dizer: "Esta guerra não é minha, me deixem passar!". Ela atravessa indolente desviando-se de pedras lançadas por seus irmãos palestinos contra soldados israelenses.  A menina de 10 anos só quer chegar à escola e mostrar as tarefas que fez em casa.






Em Kerala, na India, a super lotação de crianças vai puxada a cavalo até a escola mais próxima do vilarejo.













Escadas de madeira são improvisadas na montanha rochosa, pois é o único caminho existente em Zhang Jiawan, no sul da China, se quiserem chegar à aula a tempo!







Zanskar é um pequeno povoado perdido nas montanhas do Himalaia. No inverno implacável as temperaturas chegam ao absurdo de 40 graus abaixo de zero! Na jornada até o internato de Leh, antiga capital do reino de Landakh, as crianças são guiadas por seus experientes pais e têm que atravessar 3 vales para chegar à escola. Lá elas passarão o restante do ano. Como não há estradas, o único caminho possível é seguir o curso do rio Zanskar congelado. A "caminhada" dura vários dias, dormindo em grutas nas ladeiras do rio. E quem disse que as crianças reclamam? Estão sempre com um sorriso no rosto, rindo o tempo todo e dando as mãos uns aos outros quando o perigo é iminente, nunca deixam os mais fracos para trás.
Ah, quanto ainda temos que aprender com esses seres tão pequenos, solidários e HUMANOS!

Na entrada da escola, uma placa que já diz tudo: