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sábado, 31 de outubro de 2015

As cores do Rio Grande do Norte

No final do dia a praia da Redinha, antiga vila de pescadores, é uma profusão de cores e gente sem fim!

Se tem uma coisa que eu nunca me esqueço da época em que lá morei é do forte vento. O cabelo não pára no lugar! Qualquer tentativa de tentar domá-lo é um tempo perdido! Afinal isto aqui é a esquina do Brasil, vento que vem do norte, do sul, do oceano, do continente, de cima, de qualquer lado, sempre em sua potência máxima! Não é a toa que a região tem o maior parque eólico do país! Hoje o estado é autossuficiente na produção de energia limpa, com 70 parques eólicos operando e mais 67 já autorizados para início em breve. Depois da faculdade, fui morar em Natal para fazer uma especialização em Biologia Marinha pela universidade federal de lá. Retornando agora como visitante para matar as saudades, vejo que a diferença é estrondosa, a cidade se modernizou bastante. Mas tem algo que não muda nunca: as paisagens continuam deslumbrantes! O maior cajueiro do mundo continua crescendo como nunca. Os vários tons de azul do mar se confundem com o céu o tempo todo. As dunas, ora branquinhas, ora amarelas ou cinzas dão o tom surreal, e num piscar de olhos parece que você está no meio do deserto do Saara. Nisso eu tenho que concordar com os natalenses: há uma magia no ar na terra do sol!!!
A cúpula da capela existente dentro do Forte dos três reis magos.

A parte interna do Forte e a entrada da pequena capela

Aqui os três reis magos para abençoar quem ali chega depois de muito andar

A caminhada depois de um dia inteiro de sol é recompensada pelas belezas deste lugar único, o Forte dos Três Reis Magos!

É em Tibau do Sul que a Lagoa de Guaraíra se encontra com o mar, e dali saem vários barcos para mergulho em águas cristalinas

O vento mostra toda a sua força na praia de Timbau, e mais praticantes de Kitesurf aproveitam para 'voar' no mar!

Agora é só escolher qual direção tomar e 'pé na tábua'!

Este pequeno barco da marinha fazia sua patrulha tranquilamente no mar, nas águas rasas perto da foz do rio Potenji

Tapeçaria multicolorida na entrada do restaurante "Tapioca na Taipa", uma delícia!

Ao fundo da Praia de Ponta Negra tem o morro do Careca (a duna que desce até a praia). Anos atrás eu subi toda aquela areia até o topo, de onde se vê a praia de Ponta Negra de um lado e a bucólica praia da Tartaruga do outro. Nesta prainha protegida há desova de tartarugas sempre em novembro. Me disseram que há muitos anos é proibida a subida na duna para a preservação de todo o ecossistema marinho que a envolve. Acho super correto, se não conservar agora, daqui a alguns anos a duna não mais existirá e a pequena praia escondida lá atrás pode se deteriorar. Parabéns!

Os dromedários foram introduzidos nas dunas de Genipabu (ao norte de Natal) em 1998 por um suíço que chegou aqui e viu a oportunidade de explorar o turismo, como já tinha visto em Marrocos e outros países. Ao todo são 19 dromedários (eles têm uma corcova e vivem na África e países árabes, enquanto os camelos têm duas corcovas e são encontrados apenas na Ásia Central). Ah, o passeio custa 80 reais por pessoa por 12 minutos, e é óbvio que eu não fiz!

O passeio com dromedários acontece todo o dia, começa de manhã e vai até o sol se pôr (tirei a foto de um passeio no fim do dia). A visão é surreal, parece mesmo as areias de um deserto! A questão é que o uso de animais para exploração do turismo é sempre polêmica. Existe até uma campanha, dizem que os animais são explorados durante 12 horas por dia carregando o peso das pessoas nas costas. E na temporada do verão é ainda pior por conta do calor intenso e o excesso de turistas.  Pra começar, ali não é o habitat natural deles, e submeter o animal à exaustão é desumano! Acho que se querem explorar o turismo, que sigam então regras rígidas ditas por especialistas no assunto, sempre com o aval de veterinários e biólogos qualificados para tal. 

As dunas de Genipabu são as mais belas que já vi, onde do alto se vê a praia lá embaixo. A areia clara  e fina te oferece um bom exercício para as pernas. Não é fácil, sempre subindo um passo e descendo dois, mas uma hora  a gente chega lá em cima e tem essa visão deslumbrante!



quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O mundo mudou, adapte-se!

Outro dia me perguntaram: Como assim, você não tem Facebook? Não, nem Instagram, nem Twitter, nem StumbleUpon, nem Thumb, nem... Hoje em dia, parece que se você não está nas "redes", ou está ridiculamente atrasada ou é de outro planeta. O mundo mudou faz tempo, minha amiga, adapte-se! Mas cada um a sua maneira, certo? Vamos a ele então. ADORO as modernidades e tecnologias que facilitam a nossa vida. Não dispenso 'quase' nenhuma delas. Acho que certas redes sociais fazem bem em alguns sentidos e são mesmo capazes de ajudar pessoas. Mas que o Facebook promove uma epidemia de felicidade eterna, não há dúvida. O meu durou quase 9 meses, e antes do término dessa 'gestação' eu me desfiz dele, há pouco mais de 2 anos. Abortei o Face! Definitivamente não é para mim no momento. Não consigo imaginar alguém querer ver o tempo todo tanta gente assim. Meu Deus, quanto Luau na praia, shows de gosto duvidoso, quanta piada sem graça, quanta foto de gente rindo, quanto aniversário... Se todo mundo fosse tão sociável assim, não haveria uma multidão de solitários por aí. Não duvido que há também pessoas 'reais' nesse mundo. Tenho amigos que têm não só uma, mas várias redes sociais. Ok, sem problemas. Não vou declarar guerra a ninguém, nem tampouco desejar a extinção de nenhuma espécie. Sou da paz! É claro que não é regra, mas as vezes acho que falta, lá no fundo, uma razão para existir de verdade, não na ficção. 
A vida é muito curta para viver em preto e branco, ou pior, bege! O bom é ter planos, apertar a mão de verdade, pisar descalço na areia, sentir as pedrinhas no chão, sonhar (Por que não?), falar alto de vez em quando, jogar umas tintas por aí, correr, deixar o vento bagunçar o cabelo, nada de café com leite (bege), viva o vinho tinto!!!

   

  (Atenção: o plágio não é nada legal)

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

O rio Araguaia continua lá

Recém descoberto na região, o boto rosa do Araguaia já veio à tona sob o risco de extinção...

O rio Araguaia tem muita história pra contar. Já foi palco da Guerrilha do Araguaia na década de 60, que não deu em nada, ainda bem! Já foi o 'rio das araras' (daí vem o nome no dialeto Tupi), já foi o rio dos índios.  Só mesmo um rio tão longo assim, cerca de 2000 km, para marcar as divisas dos estados de Mato Grosso e Goiás, Tocantins e Mato Grosso, e Pará e Tocantins. 

Depois que saí da faculdade (já faz um tempinho, he he) fui trabalhar como voluntária lá no rio Araguaia, no Projeto Tartaruga da Amazônia. Queria ver de perto o que só conhecia dos livros e documentários de TV. Fiquei fascinada pela beleza selvagem do rio e logo percebi que precisaria fazer algo para ajudar na sua preservação. Assim era fácil acordar às 5:00 da manhã e descer o rio de canoa junto aos pesquisadores para fiscalizar os ninhos de tartarugas nas praias do rio, e também a pesca ilegal de grandes peixes, como o "Pirarucu". Chegamos a apreender milhares de cascos de tartarugas que seriam contrabandeados para a China e outros países para ornamentação. Depois de fazer uma grande fogueira, queimamos tudo ali mesmo na praia. Pronto, isso inviabiliza qualquer uso para adornos e intimida futuros predadores. Em mais uma dessas vistorias encontramos toneladas de carcaças de "Pirarucu" estocadas em freezers de acampamentos no rio. Estes sim, são pescadores profissionais. Neste caso não basta simplesmente queimar tudo numa fogueira, e sim distribuir os peixes igualmente entre as famílias ribeirinhas. Em troca eles ajudam a proteger o rio de seu principal predador: o homem.

Jamais me esquecerei dos índios Karajá, que já habitavam a região do Araguaia há pelo menos mil anos, pois foi com um deles que aprendi a pescar (ou pelo menos tentei). O Anguruté me ensinou a pescar de dentro de uma canoa no meio do rio. Tudo bem que eu só pescava algumas piranhas, arraia e cascudo (um peixe que não se come por ser muito 'cascudo', óbvio!). Ao final eu devolvia todos ao rio com todo cuidado, principalmente a piranha ou ela devoraria a vara de pescar em segundos!
Bom, é claro que eu comia peixe todos os dias, mas pelo menos não eram os 'meus'!!!

Última foto do "cascudo" antes de devolvê-lo ao rio!

As margens do rio Araguaia em alguns trechos parecem intocáveis (foto: Araquém Alcântara)

Fotografei esta tartaruga retornando ao rio depois da desova

Aqui já estamos quase descendo o rio de canoa para transferir os ninhos de tartaruga a um local mais seguro.

Proteger o grande e temido jacaré-açu é um desafio aos pesquisadores. O animal é monitorado e faz parte de um senso desde 2006. Para mim, o maior desafio era ter que tomar banho no rio com todos eles à espreita na água (já que no começo não tinha chuveiro no acampamento). O jeito era levar uma lanterna a noite e direcionar o foco neles, pois ficam paralisados com a luz. Assim dava para ver seus olhinhos brilhantes na água, o que os mantinha longe o tempo necessário.

Cortaram minha cabeça na foto enquanto tentava levar um bravo filhotinho perdido de jacará-açu até a água  (tanto melhor assim, rs)

Grandes acampamentos como este ainda são feitos na beira do rio Araguaia, e vem aumentando a demanda de turistas a cada ano. Acho que lugares assim não deviam ser explorados dessa maneira... (foto: S. Jackson)

Aqui um pedaço do Parque Nacional do Araguaia. A parte onde os índios vivem ainda é preservada.

O por do sol no rio Araguaia é um dos mais belos que já vi. Espero que o rio continue lá por muito tempo ainda! (foto: Silvio Quirino)