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sábado, 12 de dezembro de 2015

O tal compromisso...


O bom é ter compromisso com a alegria, sem preocupação. E, quem sabe, sentar na areia molhada depois da chuva e esperar a noite chegar. O amor vem a galope e a tristeza, muitas vezes, vem a reboque.... Paciência. Felicidade eterna deve ser chata de aguentar. Mas claro, há exceções, como um homem simples de uma ilha de Cabo Verde, que diz com todas as letras ser 100% feliz. Sim, acredito ter ele a felicidade plena onde vive! Habita um lindo lugar com sua família, interagindo com a natureza no dia a dia, onde nada lhe falta, e o dinheiro é apenas um luxo. Seu compromisso é com a vida!
Até o amor tem suas frustrações, vá lá, mas cresce com o amadurecimento. Ainda bem. Viver tudo isso em sua plenitude é uma das vantagens de estar vivo neste planeta!  Cada um feliz a sua maneira, isso é que importa. FELIZ ANO NOVO!!!

Abaixo, uma linda música original italiana, de Giuseppe Anastasi, cantada por Arisa, finalista do festival de San Remo/ 2012:

sábado, 5 de dezembro de 2015

Entre Mundos


Nunca tive dúvidas do amor dos animais e também como essas adoráveis criaturas demonstram afeto entre elas. Meu avô sempre viveu rodeado deles grande parte do tempo. As abelhas eram suas "amigas", ele era apicultor! Sua casa era como um pequeno zoológico, com um tanque que ele construiu para abrigar peixes, tinha também cachorro, uma família de mico-estrela, tucano, arara, siriema.....e abelhas! Muitos desses ele pegava quando encontrava machucados ou com o bico quebrado e levava pra casa para cuidar. É.... talvez este velho espanhol, que teve pouco estudo, mas que aprendeu muito com a vida animal, tenha me influenciado em minha profissão, a me tornar o que sou hoje.

Quem também pensa assim é o ecologista Carl Safina, que durante anos estudou os oceanos, mas ultimamente tem se dedicado a entender as relações entre os animais. Para ele essas criaturas levam suas vidas valiosas para elas mesmas, e isso significa algo para suas famílias, amigos e rivais. Os animais se empenham muito em permanecer vivos e também em manter seus filhotes. Eles não fingem. Quando parecem estar famintos, é porque realmente estão famintos. Quando estão se divertindo uns com os outros é porque estão de fato felizes. Poxa, por que não somos assim? A raça humana parece complicar o que é puro e simples. Concordo com o ecologista quando diz que os seres humanos têm uma mentalidade particularmente estreita. Afinal, somos muito parecidos com os lobos nesse sentido, pois quando encontramos membros de outros grupos, esses encontros não são amigáveis. Diferentemente do que ocorre com os bonobos, os chimpanzés ou os elefantes. Alguns animais são amigáveis, outros são violentos. Nós somos classificados como da segunda categoria. Com isso fomos criando um problema insuperável no que diz respeito às relações étnico-raciais, tão comuns nos EUA e também em todo o mundo. Em geral, se por acaso não odiamos pessoas de outras etnias, odiamos então as que são de outra religião. E se a religião for a mesma, nós as odiamos porque são de uma denominação diferente da mesma religião. Não é uma loucura?

Orcas na Baía de Tacoma, no estado de Washington, EUA. Mãe e filhote, companheiros inseparáveis.

O mundo animal está cheio de exemplos. As lontras marinhas usam ferramentas naturais em suas tarefas para mostrar às crias o que fazer, e isto é "ensinar". Os chimpanzés não ensinam. As orcas ensinam e partilham a comida o tempo todo. Um fato surpreendente é que as orcas, tanto machos quanto fêmeas, permanecem juntos de suas mães por toda a vida. Agora, imagine a crueldade quando estes animais são capturados em alto mar para servir de distração, mantidas em cativeiro nos aquários/circos!

Numa reportagem nas Bahamas, há uma senhora - Denise Herzing - que estuda os golfinhos pintados. Eles a conhecem há muito tempo e quando seu barco se aproxima é sempre uma alegria. No entanto, uma vez ela chegou e eles não quiseram se aproximar, ficaram só de longe observando. Ela achou muito estranho e ninguém percebeu qual era o problema, até que alguém saiu do convés e anunciou que uma das pessoas a bordo morrera enquanto dormia em seu beliche. Como os golfinhos sabiam que um dos corações humanos havia parado de bater? Por que se importariam, ou por que ficariam assustados? Esta é apenas mais uma pista misteriosa do que se passa nos cérebros que habitam a Terra conosco...

Família de elefantes no Parque Nacional de Ambosell, no Quênia. Alguns grupos formados por animais são permanentes, como no caso dos elefante e das baleias.

Na África, os elefantes percebem quando o homem está à espreita, seja com lanças ou com armas de fogo para acertá-los em um confronto. Eles então se reúnem em grupos e fogem. Não só os elefantes sabem que alguns humanos são simpáticos e outros são perigosos. Eles ignoram os turistas, por exemplo, porque sabem que estes nunca os incomodam. Eles observam-nos há mais tempo do que nós observamos a eles. Conhecem-nos muito bem. O que quero dizer é que por debaixo da pele, somos todos os mesmos. A orca e o elefante têm o mesmo esqueleto que nós, o mesmo parentesco evolutivo. Estudos dizem que esses seres são mesmo capazes de considerar seres humanos como "pessoas" como eles. Há casos de elefantes que protegem humanos feridos e "enterram" humanos mortos (como fazem com sua própria espécie).

Grupo de leões em Serengeti, Tanzânia. Por termos dado um nome ao leão Cecil e sabermos quem ele era em seu grupo social, ele se tornou um "alguém".

Há também leões que estabelecem "armistícios" com caçadores de tribos humanas. Os leões são expulsos de seu habitat o tempo todo. Nós conhecemos três leões famosos: Elza (do filme "Uma leoa chamada Elza"), o leão Christian ( do You tube) e agora Cecil. Mas cada leão sabe quem é em seu grupo e território. Eles não são nem mais, nem menos especiais do que Cecil, e as injustiças contra eles continuam acontecendo.

O ecologista Carl Safina (autor do livro 'Beyond words: what animals think and feel') costuma dizer que as coisas que nos tornam humanos não são as coisas que achamos que nos tornam humanos. O que nos torna humanos é que, de todas essas coisas que as nossas mentes e as dos animais têm, nós somos os mais extremos. Somos o animal mais bondoso, mas também o mais violento, o mais criativo e o mais destrutivo que já existiu. Mas o amor não é o que nos torna humanos. Não é exclusividade nossa; quanta pretensão!

Os albatrozes voam 8 km, ou até 1.600 km, por várias semanas, para darem uma refeição digna ao filhote que está a sua espera. E, por instinto de proteção,  fazem seus ninhos nas ilhas mais remotas dos oceanos. Se há alguma coisa sagrada neste mundo, isso é sagrado!

Tenho que admitir que essas criaturas têm uma vida rica interior, recheada de amor e afeto. Não podemos mais enxergá-los como simples "recursos naturais". Como pode entre dois mundos tão diferentes haver tanta semelhança?