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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Dia e noite, noite e dia

Imagine ficar num lugar qualquer do planeta, de 15 a 30 horas, de olho no horizonte e com a câmera fotográfica completamente imóvel! Coisa de doido, quero dizer, de fotógrafos incríveis da natureza urbana e selvagem. Stephen Wilkes montou um quebra cabeças com milhares de fotos formando paisagens únicas, inexistentes na vida real. Juntando momentos do dia e da noite, com luzes, cores e ambientes diferentes numa mesma foto, o resultado é uma imagem surreal! Mostrar às pessoas algo mais do que uma simples fotografia é inovador, como uma janela para uma experiência multidimensional. Tiro o chapéu diante de um processo tão meticuloso e preciso. Meus olhos brilham e meu pensamento viaja para um lugar que sei que não existe, pelo menos não dessa forma...

O Parque Serengeti, na Tanzânia, recebe todos os anos milhões de gnus, zebras, elefantes e outros em migração. Dependendo da hora do dia, aparecem grupos de animais distintos, não todos juntos, claro. Para surpreender os animais atraídos pela água, o fotógrafo teve que passar 30 horas dentro de um esconderijo de crocodilos, em cima de um andaime a 5 metros de altura. Foram mais de 2.260 fotos para fazer esta única imagem!

Em abril as cerejeiras florescem no Parque West Potomac, em Washington. Os parques urbanos recebem  milhares de pessoas por ano! À uma altura de 15 metros em um guindaste, ele fez 3.711 fotos, em 16 horas, para finalizar esta imagem panorâmica incrível, com o pôr do sol de um lado e o nascer do sol do outro!

 Uma regata histórica em Veneza! A lua aparecendo por trás de um telhado e o sol indo embora ,deixando parte da cidade em tons de dourado e vermelho. Aqui os elementos da natureza é que comandam a imagem final...

Foram 27 horas fotografando em uma ponta do Grand Canyon. Deste ponto foi possível ver a movimentação de pessoas ao longo de todo o dia de visitação no parque. No final do dia dá para ver as nuvens de chuva se formando em pequenas tempestades. Parte da magia dos parques, não importa em que época, é quando algo realmente emocionante pode acontecer!

Uma visão de túnel no Parque Nacional de Yosemit! A inspiração para esta foto foi um quadro de Albert Bierstadt, "Yosemit Valley". O maior desafio foi ficar numa borda de madeira durante 26 horas para captar as misturas de noite e dia, com as pessoas chegando e saindo a todo momento.


A impressão que dá é que se desmontarmos o quebra cabeças de imagens, aquele volta a ser um lugar bem comum, seja no meio da Africa ou nas águas de Veneza, mas nem por isso menos encantador.... Apenas mágico!


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

E a vida era assim

Certos países me intrigam, outros fascinam, outros me deixam perplexa. A Rússia é um desses países que despertam em mim a mais pura curiosidade. Durante quase 40 anos a vida das pessoas da antiga União Soviética foi clicada por câmeras especialíssimas de fotógrafos russos. Algumas dessas fotos viraram uma exposição coletiva impressionante: "A União Soviética através da câmera". Tive a oportunidade de ver e me emocionar com essas imagens no Museu Oscar Niemeyer em Curitiba em dezembro. Todas as fotos são em preto e branco e retratam com clareza o cotidiano de pessoas em diversas partes do território soviético, ainda sob o poder de Nikita Khrushchev, no final dos anos 50 (que começava a denunciar os crimes de Stálin), até os anos 90, com Gorbachev e sua Perestroika. As imagens sempre procuram mostrar o lado humanista de uma época tão dura para os russos, mas que apesar de tudo ainda encontravam alguma liberdade para serem felizes! Um dos fotógrafos, Vladimir Lagrange, disse: "Havia uma vida pessoal: pais, casa, trabalho, amor, filhos, amigos; e a vida do país: slogans, reuniões, obrigações, condecorações, planos do partido e do povo. Não ficávamos surpresos, pois éramos habituados a viver assim. Não conhecíamos outra vida. Pensavam por nós, privavam-nos de qualquer autonomia, tudo era familiar e cada um fazia o seu trabalho".

Foto "Campo dos pioneiros", de Vladimir Bogdanov, Crianças olhando seus reflexos na água num momento de lazer








A fila do pão em Moscou...


















"A velhinha" na verdade é uma menina em um jardim de Moscou, quando a temperatura marcava 25 graus negativos!










Crianças russas prontas para a escola







Mulheres em um salão de beleza, tão antigo quanto atual!













"As pombas da paz", foto de 1962 de Vladimir Lagrange, mostra jovens comemorando na Praça Vermelha, que era símbolo do poder da opressão na época.











Olhem como o garotinho já imita o pai, que fofo!









Reunião de um grupo de Papai Noel depois de um dia cheio!







Um antigo carro Lada demonstrando toda a sua "força" numa escadaria em Moscou!

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Que maravilha tudo isso

Caminhar pelo parque Ibirapuera em São Paulo numa tarde tranquila...

Se tem alguém como eu,  que NÃO odeia o carnaval, mas que já pulou o suficiente nessa vida, desde os bailinhos infantis do clube até o carnaval de rua... agora, que venha o sossego! Não, não tenho dificuldade nenhuma em gostar de festas. De vez em quando não faz mal nenhum! Mas tenho uma certa ojeriza a gostar do que todo mundo gosta, de viajar em bandos, de fazer o que todo mundo faz, de querer coisas insuportáveis só para não ser 'a estranha' da turma. Aliás, há "turmas" e "turmas". Não fazer parte de nenhuma é uma forma de sentir-se livre. Sou mais adepta aos amigos, os verdadeiros. Enquanto a folia corre solta em vários cantos do país, com centenas de graus centígrados derretendo multidões (o verão nos trópicos não é mole não), o silêncio é quase um prêmio, tipo Oscar! Veja só que tranquilidade isso aqui, quase nenhum barulho na rua, nem gente gritando, nem música alta no seu ouvido, muito menos funk, só um passarinho lá longe. Que maravilha tudo isso! Colocar David Bowie pra tocar só pra você, e depois de algumas horas mudar radicalmente para um Bhrams bem suave, e então se surpreender com Tom Jobim, e por que não Daft Punk para encerrar?! Que maravilha tudo isso! 

Se tem lugares onde o sossego impera neste carnaval , aqui algumas opções, todos aprovados:

A Praia do Moreira, onde o sul da Bahia é só sossego!






Petrópolis é um dos lugares mais tranquilos da serra do Rio. Ficar no alto das montanhas e esquecer do mundo lá embaixo é tudo de bom!









Descansar numa praia dessas, às margens do rio Araguaia, apreciando o som do vento, ou um boto rosa subindo à superfície p/ respirar, parece que você encontrou o paraíso perdido na Terra...








Não tem lugar melhor e clima mais agradável do que a Serra do Mar no sul do país. Descer a serra de trem até o litoral do Paraná, passando por pequenas estações desativadas é uma delícia!










Congonhas, no interior de Minas Gerais, é um regresso ao tempo do barroco em sua mais pura forma.Todos os profetas de Aleijadinho estão ali quase tocando o céu!

E por aqui eu andei. Que sossego tudo isso!

Uma versão bem diferente para "Life on Mars", de David Bowie: