O dia estava lindo e já acordei ouvindo um chamado lá do outro lado da Baía de Guanabara. Pronto, pegamos a barca na praça XV e num instante estávamos em Niterói. Enfim, a caminho da famosa Fortaleza de Santa Cruz. Sem carro, o jeito foi pegar um ônibus até Jurujuba. Passando pelas praias de Icaraí, São Francisco e Charitas, chegamos a Jurujuba, uma vila de pescadores. Ali fica o início da trilha asfaltada que leva até a Fortaleza. Isso porque perdemos o outro ônibus que nos deixaria lá dentro, e este só passa em horários restritos. Ótimo! Pois assim pude caminhar com calma e admirar recantos únicos, paisagens de cartão postal e prainhas praticamente desertas. Depois de dois dias inteiros de chuva no Rio, este era um presente dos deuses. O céu estava incrivelmente azul, o mar ídem e o sol...ah, um sol de fritar ovo no asfalto! Dica: leve uma garrafa de água com você ou, num delírio tropical, vai querer desesperadamente beber água do mar! Passamos por prainhas lindas e praticamente desertas: Praia da Maçã, Praia de Adão e Praia de Eva. Sugestivo, não! Pouco depois chegamos à Fortaleza de Santa Cruz. Lembre-se, esta é uma área militar e é preciso se identificar antes. A construção é imponente e aquelas paredes têm muita história pra contar. Algumas tristes, é verdade, da época da ditadura militar. Por isso mesmo não devem ser esquecidas para que não se repitam. Depois voltamos à Icaraí para um almoço no meio da tarde. Bendito "La Mole", restaurante que fica logo no comecinho de Icaraí, para quem vem das praias oceânicas! E, já que estamos em Icaraí...que tal ir caminhando pelo calçadão até o MAC - Museu de Arte Contemporânea? Uma obra prima do gênio Oscar Niemeyer. No alto do mirante da Boa Viagem, e com formas arredondadas, parece um disco voador que pousou ali e, encantado com aquela visão panorâmica, resolveu fincar raízes para sempre. Pegando a barca novamente na volta, hora de descansar os olhos com o belíssimo pôr do sol atrás das montanhas e o mar e as lembranças daquele "disco voador", redondo como as curvas deste lugar! E assim terminamos um dia em Niterói...um dia de história e arte!
Como diz o próprio Niemeyer:
" Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein".