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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

E o trekking continua...

Na despedida de Corumbau, nada melhor do que parar num restaurante bem simples e típico do lugar, com estacionamento de "jegue" na porta, e tomar uma, duas, três águas de coco bem geladas! Eis aí nosso combustível para continuar a caminhada...
As águas cristalinas de Corumbau, o azul do céu e mar e suas areias branquinhas.....nenhuma foto consegue mostrar, só mesmo estando lá, ao vivo e à cores!!!
Final do dia e já estamos em Corumbau, ufa! Dormimos em uma pousada bem simples nesta praia. No dia seguinte o céu e o mar estavam estupidamente azuis!
Logo na entrada da aldeia, uma indiazinha nos recebe toda sorridente oferecendo colares de semente de Pau-Brasil. Sua carinha redonda e seu jeito tímido nos encantou!
É claro que antes de partir da aldeia rolou muita troca de bonés, cintos, camisetas. Eu acabei trocando meu chapéu de pano branco por um prato e um garfo feitos de Pau-Brasil.
Uma pausa para conversar com o cacique e ouvir suas histórias, reclamações da FUNAI, do governo.....mas também sua vida, a caça, os peixes...
Aqui já estamos quase chegando a Corumbau. O sul da Bahia é pontilhado de rios, todos desesperados para chegar até o mar!
Uma pausa para descanso bem no alto, enquanto lá embaixo a maré desce lentamente...
Na hora de ir embora de Caraíva, onde está o barco? Pronto, mais um banho de rio! Tivemos que atravessar com a água pela cintura, driblando a correnteza e levantando a mochila com as mãos!
As casinhas de Caraiva são bem coloridas e pintadas com artesanato local, usando folhas de coqueiro, palha de coco e cola feita com cores da areia do lugar.
A praia de Caraíva praticamente deserta ao final do dia, que maravilha!


E assim caminha a humanidade rumo a Corumbau, sul da Bahia. Com um olho na terra e outro no mar, certos trechos da praia ficam inviáveis para passar na maré alta. Adoro quando isso acontece, se estou mais animada vou passando com a água no meio da perna! Ou então, é só levantar a poeira e dar a volta por cima, literalmente. Neste ponto é bem provável que você já esteja em terras indígenas. Ali vivem os "Pataxo" em torno do Monte Pascoal. Agora o espírito aventureiro vem à tona, e é claro que eu não podia deixar de visitar a aldeia "Barra Velha", na parte baixa da praia. Mesmo um tanto quanto aculturados, os índios merecem muito o nosso respeito. Recomendo conhecer o cacique. Mostre interesse pelo seu povo, sua história e não se esqueça de agradecer na saída! Saindo das terras do Parque Nacional do Monte Pascoal chegamos à Caraíva. Ali já foi refúgio dos dissidentes hippies. Hoje é uma vila badalada, espremida entre o rio e o mar. Ficamos ali dois dias, pois vale muito a pena. Na hora de ir embora é só atravessar mais um rio! Do outro lado, a paz tão esperada e já longe do burburinho que ficou para trás. Próxima parada? Curuípe, aí vamos nós!!!

sábado, 20 de novembro de 2010

Trekking pela Costa do Descobrimento

O verão é sempre uma boa época para viajar assim, ainda mais quando se tem o mar como aliado e companheiro o tempo todo!!!
Aqui estamos para registrar o marco do descobrimento do Brasil na barra do rio Cahy, chic, não! Mas sempre digo aos quatro ventos, que quem descobriu o Brasil foram os nossos queridos índios, que aqui já viviam, caçavam e amavam esta terra!!!
A Fazenda da Barra do Cahy fica lá no alto. Tirei esta foto do outro lado do rio, já pronta para atravessar de barco e ir tomar um café com o pessoal que nos recebeu. A fazenda fica dentro do Parque Nacional do Descobrimento. Lugar fantástico!
As falésias vermelhas são pinceladas por todo o sul da Bahia. Quando a água sobe, temos que passar por cima delas, o que não é nenhum sacrifício, pois a visão é simplesmente estonteante!!!
Sentar neste banquinho e observar ao longe o rio se encontrando com o mar....melhor coisa não há!
O rio Cahy e sua forte correnteza. Atravessei nadando para o outro lado, onde estava a cruz do descobrimento. Na volta, com a maré cheia, tive que usar o barquinho de madeira!
O saudoso píer ao longe......o mar agora o quer de volta!
O píer de Cumuruxatiba já funcionou nos áureos tempos, quando se exportava areia monazítica, mas hoje está sendo levado aos poucos pelo mar...
Uma pequena lagoa, a praia do Cahy e um quiosque, onde se pode provar um delicioso camarão feito na hora e se refrescar à vontade com água de coco!
Aqui estamos no alto da Fazenda da Barra do Cahy, ao longe se avista o rio Cahy e a cruz do marco do descobrimento.
A praia de Cumurú é tão calma, que se ficar ali alguns minutos dá até sono! Este barco de madeira é feito pelos índios Pataxo e são usados para atravessar os vários rios que deságuam no mar na maré cheia. Quando atravessei o rio Cahy, foi um indiozinho de um lado com o remo e eu do outro (mais um, e o barco viraria, he he!)
A Praia do Moreira parece mais uma visão surreal! Principalmente quando se vislumbra a paisagem depois de se desvencilhar do mato e dos coqueiros. Mas ali merece um cuidado especial, pois tem corais no fundo que enganam muita gente quando submersos. Na maré baixa forma pequenas piscinas naturais com aquela cor azul "piscina", ou será "mar"?!
Maré baixa, sinal de pedras e corais à vista, cuidado! Passamos ao lado de uma falésia com várias cores que contam sua passagem pelo tempo.
Saindo de Prado pela areia já encontramos as primeiras falésias, e a maré já subindo, temos que ir por cima agora...
Começamos a caminhada com o sol nascendo e a maré bem baixa. Uma boa dica é evitar os horários de pico do sol.
Caravelas, nosso ponto de partida!


Com o verão batendo à porta...resolvi repaginar aqui um post antigo. Na verdade, uma viagem que fiz à pé pelas praias do sul da Bahia durante uma semana, de Caravelas até Porto Seguro. Ah, que saudades...! Esta é uma das inúmeras maneiras de curtir a natureza sem destruí-la. A Costa do Descobrimento é o lugar ideal para um trekking ecológico. A trilha passa por lugares inusitados e de rara beleza cênica, que mostrarei aos poucos. Éramos um grupo pequeno, 6 pessoas, de partes diferentes do país, mas com a mesma paixão pelo mar e pela aventura! No final das contas andamos uns 100 km pelas praias, falésias, ou trilhas no meio do mato, quando a maré subia. Quando achávamos um lugar legal, ficávamos até dois dias para conhecer bem o local e seu povo. Saindo de Caravelas, fomos até Prado, um bom lugar para começar, com boa infra-estrutura de hotéis e pousadas. Um dia para conhecer o pessoal do trekking e planejar a viajem do dia seguinte. Seguindo rumo ao norte, a primeira parada é a "Praia da Paixão", super tranquila. Em seguida, a "Praia do Moreira", surreal! Quando começam as falésias, aqueles paredões que se formam pela erosão do mar, já estamos chegando a Cumuruxatiba. Para os íntimos: Cumurú. Pequenina, começou como uma vila de pescadores e hoje abriga várias pousadas e bons restaurantes. Ótima pedida para passar a noite e descansar os pés. Suas praias são tão calmas, quase sem ondas. Nos anos 60 o lugar exportava areia monazítica através dos navios que aportavam no velho píer, hoje abandonado e carcomido. Acordando com o sol, todos os caminhos levam à Barra do Cahy, que o digam os ventos que trouxeram a turma de Cabral! O imponente rio Cahy encontra o mar com suas areias grossas e falésias vermelhas. O rio tem uma correnteza bem forte, portanto, recomendo cuidado ao atravessá-lo. Reviva o tempo dos desbravdores e atravesse de canoa (aquela feita do tronco de árvore pelos índios). Aposto como seu instinto "selvagem" vai agradecer! Chegando ao outro lado do rio, lá está ela, a cruz de madeira na praia dizendo ser ali o marco do descobrimento em 1500. Que tal então conhecer a famosa Fazenda da Barra do Cahy? Aliás, neste momento nós já estamos dentro dela. Do alto da fazenda se vê toda a barra do rio Cahy, a cruz, as falésias, a praia.....hora de tomar um cafezinho com o pessoal da fazenda e, ufa, descansar!!!

sábado, 13 de novembro de 2010

O mar e o trem

Imagina o trabalho de fazer todo um convento num lugar desses! O Convento da Penha foi construído sobre um rochedo em 1558 pelo frei Pedro Palácios. Lá de cima se avista toda a cidade de Vila Velha e a ilha onde fica Vitória. Diz a lenda que construíram o convento depois que a imagem da padroeira Nossa Senhora da Penha (trazida de Portugal) foi encontrada pelos índios, depois de muito tempo desaparecida. Voilà!
No alto daquele morro de pedra está o Convento da Penha, para onde eu iria logo em seguida, subindo a trilha pelo meio da mata. Claro que tem um transporte que leva até lá em cima, mas aí não tem graça, né!
O famoso trem tem capacidade para 1600 passageiros e passa por 26 estações ao longo das 13 horas de viagem! São 13 vagões de classe econômica e 4 vagões de classe executiva. As paradas são somente para embarque e desembarque, senão a viagem duraria uma eternidade! Esta foto tirei da janela do último vagão...parece que não tem fim!
Dentro do trem o roteiro da viagem pelos trilhos. Da capital do Espírito Santo para a capital de Minas Gerais. Um percurso interessante onde você percebe nitidamente as diferenças culturais, geográficas e temporais.
E no meio do caminho do trem havia um monolito gigante rodeado de água! Sinal de que muita coisa boa ainda estava por vir...
A bela ponte que une Vila Velha a Vitória. A essas "alturas" eu já estava no topo do convento da Penha, depois de subir toda a trilha à pé. Mereço uma praia depois, não! ?
Depois de passar a manhã inteira na praia, nada melhor que relaxar em outra praia, a do Canto, com seus jardins de coqueiros e onde se encontram diversos restaurantes de frutos do mar, massas e saladas maravilhosas!
Do alto da ponte que liga Vitória a Vila Velha, tirei esta foto da janela do ônibus. Um calor!!!
Na praia de Camburi e ao lado do píer de Iemanjá o pescador limpa o peixe que tinha acabado de pescar.
Do outro lado se vê Vitória e sua ilha. A cidade surgiu devido aos constantes ataques de franceses, holandeses e índios a Vila Velha. Os portugueses então decidiram transferir a capital do estado para uma ilha fluviomarinha mais próxima. Salvos pelo mar!
Do alto do Convento da Penha se vê toda a cidade e o mar ao longe. Em um dia incrivelmente limpo, céu e mar se confundem num azul intenso!


Viajar de trem no Brasil não é muito comum. Então, quando isso acontece é praticamente impossível de esquecer. O único trem de passageiros que liga duas capitais do país, Vitória a Belo Horizonte. Como não é nenhum TGV europeu, a viagem dura mais ou menos 13 horas. Gente, nós estamos no Brasil! O negócio é aproveitar cada momento, conversar com os passageiros dos outros vagões, ir visitar o vagão de refeição de vez em quando, tirar inúmeras fotos de todas as janelas e curtir as diferentes paisagens. Vitória é o ponto final e um bom descanso depois desta longa aventura e .... não seria nada mal depois seguir em uma jornada para o nordeste. Nossa sorte é que o Brasil tem 7.360 km de praias, isso é para aventureiro nenhum botar defeito, não é!!!