Definitivamente a Bahia é um lugar especial. A maior faixa litorânea do Brasil deveria ser passagem obrigatória no passaporte de todo cidadão do mundo! Já estava com saudades dos tempos em que fui baiana por quase três anos.....mas, por incrível que pareça, não conhecia Salvador, só o sul da Bahia e o projeto TAMAR. Esta cidade tem algo diferente de todas as outras: aqui a alegria está no ar! Como é possível um povo ser tão feliz??? É uma alegria contagiante. Remédio certo para qualquer tristeza!
Foram poucos dias, por isso não deu para ver tudo o que eu queria......promessa de voltar qualquer dia. De João Gilberto, Dorival Caymmi, Caetano e Gilberto Gil, a Bahia tem de tudo, e tudo de bom! Subir e descer o "Pelourinho", ver apresentações de capoeira, o batuque do "Olodum", assistir ao por do sol da cidade alta, ganhar um fitinha de Senhor do Bonfim e fazer uma promessa, passar uma tarde em Itapuã..... Parece até que eu estou falando grego para quem não conhece a alma do povo baiano. E Salvador consegue concentrar de tudo um pouco o que a Bahia tem. Vem viajar um pouquinho comigo.......estou de volta ao blog, mas mais esporadicamente, pois os estudos continuam sendo minha principal aposta!!!!!!!
Farol da Barra.......foi aqui que tudo começou. O mar interior que envolve o farol e o forte Santo Antônio da Barra é tão azul quanto o céu, e o navegador italiano Américo Vespúcio foi o primeiro a chegar ali, em 1501, chamando aquele mar interior de Baía de Todos os Santos. O lugar é incrível e exala um cheiro de história e magia, impossível sair dali sem deixar de descobrir todos os segredos centenários!
Hoje o Forte é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ufa, que alívio, ainda bem que aqui não há guerras e nenhum canhão poderá atingi-lo! Subir as escadinhas tortuosas até o topo do farol é fascinante! Ali se avista ao longe no horizonte que a Terra é realmente uma grande bola azul!!!
Dentro do Forte, o Museu Náutico explica a história do descobrimento do Brasil. Aqui a réplica de uma das Caravelas que chegaram na Bahia em 1500, junto com a nau de Cristóvão Colombo. Administrado pela marinha, o Forte participa do projeto de Revitalização das Fortalezas Históricas de Salvador. Sou apaixonada por tudo que vem do mar, ficaria horas ali dentro se não tivesse muito mais a descobrir do lado de fora.......
A estrutura do Forte da Barra é de um polígono octogonal, onde cada uma das pontas tem um ponto de observação como este aí. Uma amostra da arquitetura portuguesa da época, feita em alvenaria de pedra e cal. Branco e azul, combinação perfeita, não!!!
Para relaxar, ficamos conversando com um baiano que dança e joga capoeira como ninguém. O "cara" já foi cinco vezes a Nova York e várias vezes na Europa se apresentar como capoeirista. É uma arte que vem de seus ancestrais, ainda na época da escravidão. Uma vez eu tentei aprender, mas acho que falta o sangue baiano correndo nas veias.....
No meio do caminho entre um forte e outro tinha um canhão. Ainda bem que hoje ele só solta imaginação!
Da praça do Mercado Modelo, na cidade baixa, pegamos o Elevador Lacerda para ir até a cidade alta, pois é lá que as coisas acontecem. E, de quebra, ainda dá para ver um pôr de sol lindo refletindo no mar bem a nossa frente!
Por apenas 15 centavos por pessoa você sobe até a cidade alta e tem esta vista deslumbrante da Baía de Todos os Santos! Lá embaixo deixamos para trás o Mercado Modelo com toda a sua profusão de artesanatos multicoloridos.....ah, se tivesse lugar em casa, levaria um pouquinho de cada coisa.....mas trouxe comigo apenas o cheiro bom e a lembrança doce de tudo isso!
É verdade, todos os caminhos levam ao Pelourinho. A poucos passos do Elevador Lacerda, e aqui estamos na praça XV de Novembro, ponto central onde ferve a alma baiana! Igrejas centenárias, museus históricos, capoeira, gente de todas as nacionalidades, mais colorido, mais artesanato. As ruazinhas estreitas de pedra, num sobe e desce ladeira a todo instante....dá-lhe pernas!!!! Ainda bem que tenho alma de criança e pernas de moleca, assim não me canso de nada, e ainda faria tudo de novo em todos os dias que se seguiram....
Pelas ruas do Pelourinho, um encantamento sem fim. Casas e igrejas de todas as cores, tombadas pelo patrimônio histórico. Algumas escondem museus interessantíssimos, outras são casas simples de gente alegre, outras são restaurantes e cafés maravilhosos. Aliás, para quem gosta de uma boa massa, como eu, o Restaurante italiano La Figa é absolutamente imperdível! Fica bem escondidinho na rua das Laranjeiras, no Pelourinho. Seu dono italiano é super atencioso e fica supervisionando tudo, servindo as mesas, conversando com todo mundo e no final ainda nos presenteia com um docinho maravilhoso que desmancha na boca. É de propósito, só para a gente ficar com saudade e voltar lá sempre:
www.ristorantelafiga.com
Achei a arquitetura belíssima! A primeira faculdade de medicina do país, de 1808, fica também no alto do Pelourinho e faz parte da Universidade Federal da Bahia. Vários artistas expõem ali a sua arte, mais uma vez tive que resistir. Mas nem tanto, no final acabei levando dois quadrinhos bem coloridos, como retratos do lugar. Pronto, minha alma baiana agora estava satisfeita!
A Igreja do Bonfim não podia ficar de fora. Peguei minha fitinha colorida do Bonfim, amarrei na grade lateral da igreja e com toda a minha fé fiz meu pedido (daqueles bem difíceis, mas nada impossível, senão não tem graça, né!). A igreja fica lá no alto, e bem longe do resto da cidade, mas vale a pena fazer uma fezinha....
Na cidade baixa fomos até Museu de Arte Moderna de Salvador. Como ele estava fechado naquele dia, aproveitamos para conhecer a área ao redor e o parque das esculturas, no mesmo local. O sol não deu mesmo uma trégua, protetor solar no mínimo 70! O tempo todo o azul piscina do mar refletia no céu, ou será o contrário?
Ali bem ao lado, um pequeno píer, atrás do "Solar do Unhão", dois garotos pescando com linha algum peixe fujão, que nem consegui ver! Uma infância feliz e despreocupada faz parte da aquarela de Salvador......
Andando pelo Parque das Esculturas, encontramos este espelho, um retrato da alma e da beleza do lugar! Em frente se espelha o mar azul e seus barquinhos, navegando de encontro a algum porto seguro. Aqui todos os dias são calmos, sem chance de turbulências!
O telhado antigo de barro no Museu de Arte Moderna contrasta com o azul profundo da Baía de Todos os Santos. Ao longe, pequenas velas brancas parecem deixar o vento decidir por elas.......
A Praça Caymmi com a igreja de Itapoã ao fundo. Imagino que na década de 70 a visão dali devia ser um deslumbre, com a linda praia de Itapoã a frente. Mas hoje está muito abandonada, com toda essa fiação elétrica passando por todos os lados, muito lixo ao pé da estátua de Dorival Caymmi, quase caí ao tropeçar numa lata de cerveja jogada no chão. Vamos preservar a cultura e a beleza do lugar! Ali foi a inspiração de Vinícius de Moraes ao cantar: ".....Um mar que não tem tamanho, e um arco-íris no ar. Depois da Praça Caymmi, sentir preguiça no corpo. E numa esteira de vime, beber uma água de coco...."
O Farol de Itapoã é mesmo um cartão postal! Do lado de cá a praia é mais selvagem com seus coqueiros e a água forte batendo na pedras. Parece que o farol divide bem os dois lados da praia. Passar uma tarde em Itapoã, ao sol que arde.....é realmente muito bom.
Alguém dando banho no cavalo, nada como a água do mar para se refrescar num dia tão ensolarado como este! O barulho do vento, o mar batendo forte, mais cavalos chegando...parecia cena de um filme. Um filme que ainda vai ficar na minha cabeça por um bom tempo.
Se eu não tivesse passado por ali naquela hora, acharia que este era um barquinho de brinquedo, esquecido na areia. E que vontade me deu de entrar nele e sair navegando mar afora!
E no fim do dia, para fechar com chave de ouro, na da melhor que assistir ao ensaio do grupo OLODUM. A banda foi fundada em 1979, como uma opção do carnaval para os moradores do Pelourinho. Hoje é um grupo cultural e também uma Ong, que se apresenta no mundo inteiro. A energia que sai de seus tambores atabaques e pandeiros contagia quem está perto. O som é tão alto que ecoa longe! Mas quem se importa? Você simplesmente não consegue ficar parado com os pés do chão. Nem sei quantas horas passei ali dentro, mas certamente saí com as energias completamente renovadas....e um pouquinho surda, é claro!!!!
Um dos simpáticos integrantes do Olodum não parava de posar para foto. Todos queriam sua imagem como recordação daquela banda única no mundo!
No último dia, enfim, um bom e merecido descanso na piscina do hotel, que ninguém é de ferro! Até a próxima!