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terça-feira, 31 de março de 2015

Tempos fáceis


Em tempos tão "fáceis", difícil é não encontrar solução para alguma coisa. Tudo o que queremos saber está lá, basta um simples clic na web. Não sou movida a tecnologia, muito pelo contrário. Não tenho face, twitter, nem instagram, que dirá tantos outros que nem sei os nomes... As vezes acho que deveria ter vivido lá pelos anos 50. Nos tempos difíceis a vida parecia ser vivida com mais intensidade. Ali o rock nasceu, chiclete na boca era moda, os filmes de Shirley Temple e todos os de sapateado estavam no auge, a juventude era cheia de estilo. Hoje vivemos sob a ditadura do marketing, tanto comercial quanto pessoal. Comer isso faz bem para a saúde, comer aquilo faz mal. Logo depois tudo muda, comer aquilo faz bem e comer isso é que faz mal.  Vai entender... Somos alvejados por um monte de informações constantemente e ficamos atordoados sem saber para que lado ir. Ora, eu sei muito bem o que faz bem para mim e o que me dá prazer na vida, e ponto. Outro dia acabei encontrando uma crônica de Martha Medeiros que diz mais ou menos isso. Aqui vão alguns pedacinhos:

"Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...... Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos. Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde....... E telejornais...os médicos deveriam proibir - como doem!...... Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou muçarela que previna...... Cinema é melhor pra saúde do que pipoca! Conversa é melhor do que piada. Exercício é melhor do que cirurgia. Humor é melhor do que rancor. Amigos são melhores do que gente influente. Economia é melhor do que dívida. Pergunta é melhor do que dúvida. Sonhar é melhor do que nada!"


sábado, 21 de março de 2015

As cores do mundo!


A vida pode ser breve sim, às vezes é como um sopro, às vezes uma grande ventania que atravessa desertos e oceanos. Então, para garantir uma certa longevidade, é melhor cuidar dela com carinho e aproveitar todos os momentos, todos mesmo! Não quero dizer com isso para sair por aí tresloucadamente, como uma maluca com um cronômetro na mão para aproveitar o mundo inteiro antes que ele acabe. Algumas vezes a quietude é a coisa mais sábia que existe. Aproveitar as belezas da natureza e deixar tudo isso invadir a sua vida é uma verdadeira injeção de ânimo. Pensar nos problemas, sim, mas também nas soluções. As coisas sempre passam, e o melhor que temos a fazer é deixar que elas vão embora. Aí sim, é hora de começar tudo de novo! Nada melhor que umas boas pitadas das cores do mundo para invadir nossa alma! Como é bom descobrir que o mundo é assim, cheio de maravilhas, é só não ficar de olhos fechados...
Como escreveu certa vez um desconhecido num muro: "O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você." 

As montanhas do Parque Geológico Zhangye Danxia, no norte da China. A mistura perfeita de cores é formada basicamente de arenito e outros minerais. É claro que ao longo de milhares de anos as chuvas e os ventos deram uma forcinha aí!

O Lago Retba fica no Senegal. Sua cor rosa é produzida por uma microalga que absorve e utiliza e energia solar criando ainda mais energia. O lago produz grande quantidade de sal, como o Mar Morto. Os senegaleses aproveitam para extrair o sal da água e vender. Porém, antes do mergulho, eles passam um hidratante natural na pele, como a manteiga de Karité, para evitar o ressecamento provocado pelo sal.

Muizenberg Beach é uma praia cheia de cor em Cape Town - África do Sul. Uma das orlas mais bonitas da Península do oceano Índico. Suas águas são mornas e a paisagem deslumbrante. O único "probleminha" é que a região é conhecida por sua população de tubarões brancos! Embora seja um paraíso para surfistas, os ataques deste pobre e injustiçado animal são raríssimos por ali. Mas, na dúvida, o melhor é só molhar os pés mesmo...


O Fly Geyser está localizado em Nevada, EUA, e foi feito acidentalmente em 1916, durante uma perfuração de poços. Mas foi só 50 anos depois que o gêiser começou a cuspir o líquido quente que vinha do fundo, cheio de minerais e bactérias. Depois de meio século acumulado, isso resultou em uma pequena montanha super colorida que jorra água a até 5 metros de altura!

Tudo bem que Breslávia, na Polônia, tem um passado um tanto tumultuado - já pertenceu à Alemanha, Prússia e Áustria. Mas a arquitetura colorida sempre foi sua marca registrada, mesmo com tantas guerras, conquistas e destruição. Pablo Picasso um dia disse que a reconstrução da cidade no pós guerra foi uma inspiração para ele, e não é difícil perceber porquê!

Além da beleza de tirar o fôlego, a caverna Reed Flute (em Guilin, na China) tem uma importância histórica. Com cerca de 180 milhões de anos, há dentro dela inúmeras inscrições feitas à tinta, provavelmente da época da dinastia Tang, de  792 d.c. Suas formas únicas são realçadas por luzes artificias, como imagens de um sonho...

Já pensou no lugar habitado mais quente do mundo? Eis aqui Dallol, na Etiópia. Situado no deserto da Danakil e bastante inóspito, suas temperaturas chegam a 60°C graus! O povo nômade dos Afares faz do comércio do sal seu sustento. O vulcão Dallol é famoso e em sua cratera há uma salmoura quente e multicolorida, com depósitos de sal-de-rosa, brancos, amarelos, verdes e pretos. Definitivamente uma visão bizarra e surreal!

E como não se lembrar da sempre alegre e colorida Bahia, território legitimamente brasileiro? Itanhém no interior da Bahia é assim, criatividade a flor da pele (a arte aqui é de Djane Silper)!

domingo, 15 de março de 2015

O mundo em preto e branco


Numa semana tediosa, cansada dos estudos e do trabalho, eis que surge por aqui Sebastião Salgado para uma palestra gratuita sobre seus projetos de vida, fotografia e, principalmente, a preservação de nascentes no Vale do rio Doce. Um documentário sobre seu trabalho pelo mundo concorreu ao Oscar 2015, mas não foi o vencedor, embora tenha conseguido vários prêmios pelo mundo.  Suas incríveis fotos em preto e branco são uma ótima chance para uma boa escapada no final do dia! 

O cara é fantástico e com uma história de vida elogiável! Ele saiu do Brasil em 69 e foi para a França se especializar em Economia, assim como sua mulher foi fazer arquitetura. A partir dali foram 40 anos fotografando a natureza, a miséria, a doença e fracassos da humanidade. Até aí tudo bem, ele ainda era otimista. Mas depois de passar um tempo em Ruanda, na África, fotografando a calamidade no país em 1994, tudo mudou. O massacre ocorrido no país africano foi uma barbaridade, onde mais de 800 mil pessoas morreram e as maiores potências mundiais nada fizeram. Foi aí que Sebastião perdeu parte das esperanças que tinha na humanidade.

Seus projetos duram anos e capturam de forma única o lado humano e ambiental que muitas vezes envolve morte, destruição e ruína. Depois de Ruanda ele ficou totalmente desestimulado e largou a fotografia por um bom tempo. Foi então que decidiu voltar a sua terra natal em Aimorés - Minas Gerais. Encontrou a fazenda de sua família totalmente degradada. Nasceu então um ímpeto de recuperar não só a fazenda, como toda a região. O Projeto "Olhos D'Água" tem a ambição de recuperar as mais de 370.000 nascentes do rio Doce. Até os dias de hoje já foram mais de 2 milhões de árvores plantadas para recuperar parte da mata atlântica entre o Espírito Santo e Minas.Vendo a vida renascer de uma terra seca e desacreditada e um rio assoreado, ele recuperou a vontade fotografar. O Projeto "Gênesis" nasceu assim, e foram mais 8 anos viajando pelo mundo à procura de lugares ainda intocados do planeta. "O que queremos com essas fotos é criar uma discussão sobre o que temos, que é primordial no planeta para ter equilíbrio em nossa vida. Devemos reconstruir nossa família moderna de sociedades, estamos em um ponto que não podemos voltar. Para construir tudo isso, nós já destruímos muito!"

Hoje ele se dedica de corpo e alma ao seu projeto de recuperar as nascentes do rio Doce. Foi considerado um dos 70 projetos ambientais mais importantes no mundo pela ONU. Ele mesmo diz que nenhum de seus sonhos seria possível sem a sua mulher - Lélia Wanick Salgado - pianista no início e agora produtora gráfica de seus livros. Eles se conheceram na época da universidade em São Paulo: "E a coisa mais importante em minha vida também aconteceu nessa época. Encontrei uma garota incrível que se tornou minha melhor amiga pela vida, minha sócia em tudo que fiz até agora, minha esposa, Lélia". Ela também participou da palestra e falou com toda a propriedade da vontade que os une na preservação das águas do país. Fica aqui minha admiração.

Crianças em orfanato no Zaire, projeto "Êxodos"

Um homem nas montanhas de Java, na Indonésia.

Oásis no deserto, projeto "Gênesis"

Um refúgio para as zebras na Namíbia - África

Sebastião Salgado e sua mulher, Lélia Wanick Salgado

Da fazenda toda degradada nasceu seu mais novo projeto de recuperação de nascentes, "Olhos D'água"

sábado, 7 de março de 2015

Correndo da chuva!

Com tanta coisa acontecendo no mundo, no quintal de casa, nos esquecemos do principal: por que estamos aqui? Outro dia li uma crônica de Martha Medeiros e descobri uma provável resposta para o sentido da vida: "para dar e receber abraços, apoio, cumplicidade, para nos reconhecermos um no outro, para repartir nossas angústias, sonhos, delírios ... para amar." O corre corre de todo dia faz tudo para nos deixar atônitos. Correr da chuva para não se molhar, correr para não se atrasar, correr para se exercitar... Como só ando a pé pela cidade, acabei assimilando tudo isso e hoje parece que tenho asas nos pés. Mas com uma visão de 360º para não ser atropelada! Talvez por isso tenha aprendido também a parar de vez em quando, normalmente na volta para casa. É a melhor hora para sentar numa praça e observar tudo ao redor. Essas manchas verdes no meio da cidade são ótimas para devaneios. A vida passa sem rótulos. É ali que podemos ver a simplicidade das crianças brincando e se abraçando com verdadeiro afeto. Alguns param para descansar. Duas velhinhas trocam ideias sobre uma receita de bolo, depois se abraçam e vão embora. Um homem chega do trabalho, põe sua pasta no banco, respira fundo e faz um exercício de Tai Chi Chuan. Um casal decide onde ir no final de semana enquanto toma um sorvete. Agora as crianças brigam pelo brinquedo, mas logo fazem as pazes de novo com um beijinho. As nuvens chegam rápido e fecham o tempo. Um passarinho me diz que vai chover forte, então é hora de acelerar o passo e correr para casa. Que venha a água!!!

Uma campanha na Califórnia colocou um imenso painel na rua e começou a tirar raio-X de pessoas comuns demonstrando afeto. Bem interessante, isso mostra que no fundo todos somos iguais, sem diferenças de cor, sexo, raça ou religião. Assim deveria ser a vida, sem rótulos.

domingo, 1 de março de 2015

Bueno...

Entrada principal do Jardim Botânico de Buenos Aires

Muito mais do que tango e as deliciosas empanadas, Buenos Aires tem uma vida cultural intensa, e também muitos parques naturais espalhados por toda a cidade. Fugir do tradicional roteiro Tango /Puerto Madero /Palermo é uma ótima ideia. Nada contra! Aliás, o tango interpretado por autênticos dançarinos portenhos é algo de outro mundo. Como toda metrópole, Buenos Aires também sofre das mazelas de uma cidade grande, bem como seus governantes corruptos (nós brasileiros já estamos tão acostumados...). Andar a pé pela cidade despretensiosamente é uma das melhores coisas que existe. Não é fácil comportar-se como um habitante local, uma vez que você está num país estranho e com uma língua diferente da tua. Mas sempre procuro esquecer que sou turista e encaro a viagem como uma terapia cultural! Não me preocupar com horários e não ter pressa para nada é tudo de bom. Muitas vezes até 'esqueço' o relógio no quarto do hotel. Conhecer as inúmeras feirinhas locais (as de artesanato são o máximo!), entrar numa rua estreita e descobrir um museu de design, ou passar por uma lojinha com sua vitrine do século passado e paredes super coloridas... São infinitas as possibilidades quando você se deixa levar. E mesmo sendo um lugar já bastante conhecido por todos, você sempre terá um ponto de vista diferente fugindo do óbvio. 

Passando pelo bairro de San Telmo dá para ver a Igreja Ortodoxa Russa, construída com o apoio do último czar russo, Alexandre III. Suas cúpulas azuis são coroadas por cruzes direcionadas para o oriente. Uma pena o contraste com a feia arquitetura dos prédios ao redor. 

Andar pelo Jardim Japonês num dia azul como este é um descanso para os olhos. Aliás, tudo aqui é super bem cuidado, limpo e organizado

A "Floralis Generica" fica bem no meio da Praça das Nações Unidas e é linda! Este monumento metálico em forma de flor foi construído para abrir suas pétalas todos os dias com o nascer do sol e  fechar ao entardecer, mostrando assim a esperança que nasce a cada dia. Mas conversando com algumas pessoas, descobri que há tempos ela só fica aberta, por falta de manutenção em seu sistema mecânico.

O Museu San Martiniano é dedicado a Jose de San Martin, libertador do Chile, Peru e Argentina.

A estufa de espécies raras dentro do Jardim Botânico desponta em meio a tanto verde e ar puro!

Numa rua escondida no bairro de Abasto, uma lojinha bem antiga cheia de souvenirs e toda pintada por artistas locais. Aliás, esta rua era muito frequentada por Carlos Gardel, que adorava tocar pelos bares as suas milongas.

Olha só quem eu encontrei para pedir uma informação, o próprio "Papa Francisco", que estava ali matando as saudades de sua 'tan querida' Buenos Aires!

Na Praça de Recoleta, em frente ao Palais de Glace, é fácil encontrar músicos se divertindo na hora do almoço, com seus instrumentos de sopro e corda magníficos!

A beleza impecável do Jardim Japonês em Palermo

Gosto de pisar firme no chão das terras por onde andei, é um jeito de marcar território e ter a certeza de um dia poder voltar.