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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Para sempre Gaudí.....

Mosaicos ultra coloridos, traços inusitados, um tremendo senso estético e, claro, uma pitada de loucura. Pronto, fiquei completamente encantada, para não dizer apaixonada por Antoni Gaudí. Este arquiteto que deu forma à Catalunha, nasceu em Tarragona em 1852 e morreu em Barcelona 74 anos depois (após ser atropelado por um bonde ao sair de bicicleta da Sagrada Família). O cara era mesmo um gênio e não tem como negar isso. Principalmente quando se fica cara a cara com suas obras. Quantas vezes fiquei sentada no chão, boquiaberta por longos minutos tentando decifrar cada pedacinho de mosaico, cada curva do teto, cada bicho colorido, cada flor de concreto se abrindo na cúpula das torres.......desisto. E concluo o óbvio: todo gênio é indecifrável!

No subsolo da Basílica da Sagrada Família é possível ver através do vidro réplicas da obra de Gaudí saídas diretamente daquelas impressoras 3D, impressionante! E ali até hoje estão presentes o autor e sua obra. Sim, Antoni Gaudí está enterrado no subsolo de sua maior obra, a Sagrada Família!







Ele costumava dizer: "Nós, catalães, estamos na metade, somos gente equilibrada com qualidades que podem se transformar em defeitos: sendo equilibrados, adaptamo-nos a todas as situações."




 







Detalhes coloridos que saem das torres da Basílica são como flores desabrochando no meio do concreto. Loucura isso, não?!

Através da abertura de uma das torres da Sagrada Família, podemos ver outras "flores" de concreto começando a nascer, assim, do nada!!!!








Detalhes dos vitrais vistos do lado de fora. Tudo ali foi meticulosamente pensado, desenhado e esculpido pelas mãos mágicas deste artista- arquiteto.









Escada em caracol para passar de uma torre à outra. Ah, que eu quase fico tonta ao descer tão rápido! Melhor parar, respirar fundo e ir mais devagar......

Aqui, tive que me deitar no chão para fotografar o teto do grande salão feito de mosaicos de todas as cores!
 

Pequeno detalhe no alto das colunas....








O Parc Güell, com sua paisagem imaginária e evocações ao mundo grego, dá forma a uma ideologia que vive em contraste com a inquietude da metrópole.




















O lagarto (ou dragão) de mosaico, um dos símbolos do Parc Güell











Seus animais imaginários, saindo do meio dos mosaicos coloridos, estão expostos ao ar livre no Parc Güell. Trazem graça e harmonia a este parque público tão visitado.
 
Um telhado "sui generis"
 
 Essas colunas inclinadas são do viaduto do Algarrobo.  Alguns acham que se parecem com troncos de árvores petrificadas. Para mim, parece um tubo de onda visto por dentro, que tal? Gaudí não gostava de nada reto. Uma vez perguntaram-lhe porque fazia as colunas assim, tortas. E ele respondeu que um homem velho, quando quer descansar, apoia sua bengala inclinada, se não quiser cair direto ao chão. Ah, bom!

Um cantinho no interior da Basílica dedicado ao Espírito Santo, feito com uma concha gigante de madre pérola, onde se lavavam as mãos.


Gaudi morou num casa, dentro do Parc Güell. E só depois que seu pai faleceu, ele se mudou para dentro da Sagrada Família para prosseguir com sua obra. A região da Catalunha era a sua "menina dos olhos"! Será que se hoje ele fosse vivo também desejaria a independência da Catalunha da monarquia espanhola? Ele dizia: "Nós não podemos desejar a morte da Espanha porque nós somos a Espanha. A bandeira espanhola é metade catalã. O nome, a bandeira e a moeda são nossos!"

 E assim, em meio a colunas "gregas" do Parc Güell, mosaicos no teto, animais coloridos para todo lado, fico aqui sonhando e me deixo levar pelo estilo mourisco, Art Nouveau e, porque não, surreal de Antoni Gaudí!

domingo, 11 de agosto de 2013

Navegantes incansáveis

O que faz esses navegantes/exploradores largarem tudo em direção ao mar? É uma questão de destino, ou, talvez necessidade. Quando estive na Bolívia, conheci de perto a história de um deles. Thor Heyerdalh, um norueguês que estudou exaustivamente o material arqueológico da Polinésia e do continente americano. Ele queria provar que os primeiros povos colonizadores da Polinésia tinham vindo da região dos Andes, entre Bolívia e Peru. Sem muito crédito, ele decidiu provar pessoalmente sua teoria. Em 1947 construiu um barco de pau-de-balsa (jangada índia pré histórica da América do Sul) e partiu numa expedição do Peru às Ilhas Tuamotu, na Polinésia, que durou 101 dias. A expedição Kon Tiki ficou famosa e virou um livro, que agora também virou filme. Na ânsia de provar sua tese, ele continuou fazendo várias escavações e outras expedições. Só que as antiguidades do período pré-inca, que tanto buscava, nunca foram encontradas. Tudo bem que esta teoria é meio maluca e depende de uma série de questões, como navegar a contravento, coisa que ele não fez na época. E como explicar que os Incas e os Maias chegaram a civilizações tão imponentes sem nunca terem utilizado o mar? Pois e´....... 

Em uma de suas expedições, Thor resolveu em 1970 construir um outro barco de totora (espécie de junco) com a ajuda de alguns descendentes Incas. Construíram o tal barco às margens do lago Titicaca, na Bolívia. A expedição se chamou Ra II, e chegou a Barbados depois de 2 meses e mais de 6000 km. Foi um sucesso e ele provou que, ao menos, barcos assim poderiam ter navegado com a corrente das Canárias pelo Atlântico na pré história. O fato é que vestígios de barcos como este foram encontrados na Polinésia e no Médio Oriente.

Um dos homens que o acompanhou na expedição Ra II em 1970 foi Demetrio Limanchi, um descendente Inca com quem conversei por horas no lago Titicaca. Ele e seu irmão, incansáveis navegantes, ajudaram o norueguês a construir o barco de totora com a técnica dos antigos Incas. Vestindo sua túnica vermelha de lã, típica dos Andes, simpático e sempre sorridente, Demetrio me contou como foi a famosa viagem. O barco da foto, de 12 metros, ele construiu sozinho e é uma réplica exata do que foi usado na expedição Ra II, na qual atravessaram o Atlântico entre o norte da África (Marrocos) e Barbados (no Caribe) em 57 dias. Como ele me disse, o barco dura até 3 meses em águas salgadas, sem se deteriorar, e 4 meses em águas doces. 

Aqui, Demetrio Limanchi me mostra orgulhoso a publicação original da expedição Ra II que saiu na revista National Geographic em 1971, com fotos que provam sua presença na viagem, ainda jovem. Demetrio é hoje o único sobrevivente da expedição! Na parede, fotos que mostram a construção do barco e as diversas fases da expedição pelo Atlântico. Em sua lojinha, que mantém às margens do lago, também há miniaturas de barcos de totora que ele faz para vender. Claro que eu comprei um barquinho, que hoje enfeita minha sala! 

Aqui, uma versão menor do barco de totora, ao lado da casa de Demetrio Limanchi, à beira do Titicaca.

Casas típicas dos antigos povos Incas, feitas de barro e telhado à base de totora e outros tipos de palha. A forma arredondada é para proteger do frio andino e seus ventos rigorosos.


Demetrio e sua mulher na porta da lojinha onde vende e conta orgulhoso a sua história e a de seu povo!

Ainda hoje diversos barcos feitos de totora navegam pelo lago Titicaca. Alguns são usados para pesca e outros para carregar alguns turistas curiosos que ali chegam para conhecer a vida do povo andino. Só não andei nesse aí porque estava muito cheio e, embora saiba nadar muito bem, não sou adepta a quebrar regras locais de segurança....

Thor Heyerdahl viveu até 2012, e com 87 anos ainda defendia suas teses malucas de que esses povos tão distantes tinham, sim, alguma coisa em comum. Pelo menos os barcos! O que tinham esses aventureiros, navegantes, estrangeiros de todos os continentes, que saíam ao mar a decifrar o desconhecido? São muitas perguntas ainda sem respostas. Ainda assim, Thor conseguiu mostrar para os incrédulos da época que o vasto oceano não era um limite instransponível, nem para as mais frágeis embarcações! E ele jamais teria conseguido atravessar o oceano sem a ajuda dos últimos descendentes dos Incas e seus barcos de totora!
Deixo aqui meu abraço e agradecimento ao último navegante da expedição Ra II, Demetrio Limanchi, que me permitiu tirar fotos de seus barcos de totora e contar aqui um pedacinho de sua história pelas águas. Adeus!


sábado, 3 de agosto de 2013

Arte - Arquitetura - Barcelona

A arquitetura inusitada de Gaudi pode ser vista no parque Güell, na parte alta de Barcelona

Não há como negar. Barcelona merece um capítulo a parte. Mas antes mesmo de mergulhar na vida catalã, venho apresentar aqui pedaços da arquitetura fascinante desta cidade. Então vamos lá: "Encantat de conecer-te" (em catalão, claro):
Sem sombra de dúvida, Barcelona é o sonho de todo artista ou arquiteto. E como não sou nenhum dos dois, fiquei livre para apreciar toda a beleza com olhos de uma leiga, mas com igual contentamento! Toda a cidade é bela e prima pela organização. Pude verificar in loco uma verdade incontestável: ir à Espanha e não ir a Barcelona é desperdício de tempo e dinheiro! Eu ainda tinha um motivo a mais, pois minha irmã mais nova mora lá há muitos anos. Andando pelas ruas do bairro Eixample, impossível não olhar para cima o tempo todo e se maravilhar com cada detalhe da arquitetura impecável. É ali que estão muitas obras primas de Gaudí e outros arquitetos renomados. Quando a antiga muralha medieval que cercava a cidade foi demolida em 1854, outros bairros foram surgindo para além da Plaza Catalunha, coincidindo com o auge da Renascência cultural catalana. Exemplo de modernidade, Barcelona foi a primeira cidade da Europa a tornar obrigatório o uso da energia solar em seus edifícios, além de buscar melhorias ambientais e eficiência  no uso dos recursos. Se perder no bairro gótico é perfeitamente desejável. Só assim descobrimos pérolas, como ruazinhas e prédios tortos, feirinhas a céu aberto, o charme de lojinhas e sorvetes de dar água na boca, além do famoso museu de Picasso. Bom, uma cidade à beira do mar Mediterrâneo, autossustentável, transbordando cultura e com toda a magnitude de sua arquitetura..........como não se apaixonar por um lugar assim, me diga??????

La Pedrera (ou Casa Milá) foi construída pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí no início do século XX, e fica no Passeig de Gràcia, no charmoso bairro Eixample. Sua fachada é toda trabalhada em ferro forjado, imitando plantas trepadeiras. Um gênio, mas bem maluco esse Gaudí, não!!!







Andando pela Rambla Catalunha quase tropeço, distraída a olhar os detalhes dos edifícios. É pura arte! 












Conhecida como a casa do dragão, observo também os guarda-chuvas ao lado das pequenas sacadas e os desenhos japoneses pintados na parte baixa da fachada. A criatividade anda solta nas Ramblas (espécie de rua larga com uma grande praça central, bem movimentada, onde há feirinhas de artesanato, lanchonetes e quiosques de todos os tipos)

Também nas Ramblas fica o Teatre del Liceu, onde acontecem apresentações de balé, shows musicais, óperas e muito mais.


 Aqui estamos no terminal ferroviário no porto de Barcelona. 







A mesma Torre Agbar em dois momentos: diurno e noturno. Não parece um foguete gigante, prestes a ser lançado? Não, é apenas a Companhia das Águas de Barcelona,construída pelo arquiteto Jean Nouvel.




Em seu momento noturno, a luz azul ilumina todas as ruas ao redor. Alusão a água? Pode ser.....







Mais uma das ruas lindas e cheias de arte do Bairro Gótico!

A Casa Batló é uma peça chave da arquitetura modernista, construída por Gaudí a pedido de Josep Batló. É uma casa-museu aberta ao público. Os pequenos mosaicos de azulejos coloridos da fachada são uma graça, e fazem o par perfeito com as sacadas em forma de máscaras (ou ossos, para alguns)!

A casa Amatler, à esquerda da Casa Batló, é outra obra de arte. Aliás, nessa mesma época em que a cidade se expandiu no bairro Eixample, cada arquiteto queria construir uma obra mais bonita e chamativa que o outro. Resultado: muitos estilos, lado a lado, na mesma rua, uma loucura!!!





A Plaza de Toros fica na calle Marina, mas não é mais palco de touradas, desde que elas foram banidas de Barcelona.....ainda bem!









No alto do Montjuïc está o  magnífico Museu Nacional d'Art de Catalunya. Além disso, da frente do museu se enxerga toda a cidade lá embaixo. Dá vontade  de sair voando.......

 Museu Fundação Antoni Tàpies, famoso pintor catalão que viveu até 2012. 

A bela Basílica de Gaudí. Ah, essa sim, vale a pena 'ganhar' mais tempo depois......


Enfim, para quem gosta de arte, é um destino fantástico, numa viagem única e inesquecível!!!!!