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quinta-feira, 26 de abril de 2018

Dias Felizes


Esta é realmente uma época bonita, outono nos trópicos, primavera no Hemisfério Norte... Sinal de que dias felizes virão! Solidão é coisa para quem mora lá longe, onde o vento faz a curva. Aqui não tem espaço, a felicidade entra batendo a porta, pisando firme, cheia de graça e humor. A vida tem dessas coisas, às vezes nos dá uma rasteira, mas também abre janelas. O bom é estar atenta e não deixar nada passar em branco. Num dia mais frio, uma pizza bem fininha com aquele sabor dos deuses tira qualquer um do sério. Que tal uma peça de teatro daquelas que há anos tem a plateia lotada, tipo "Morte acidental de um anarquista", de Dario Fo? Assistir "Radiohead" ao vivo em Sampa, fazendo uma de back vocal de longe é tudo de bom! Felicidade existe? Claro que sim, senão como aguentaríamos os outros dias do ano terrivelmente chatos?


quinta-feira, 12 de abril de 2018

Os Bérberes de Marrocos


Um lugar de fábulas , Ali Babas, as mil e uma noites, comidas exóticas e artesanatos  multicoloridos que moram no imaginário de muita gente até hoje... Os Bérberes, também conhecidos por Imazighen (homens livres), já habitam a região há pelo menos 4 mil anos. Como povos autóctones do norte da África, se não fosse por eles, a rota comercial entre os árabes e a África Sub Saariana talvez nunca tivesse acontecido. A África como um todo, e não me canso de dizer, é um continente imenso, multifacetado e culturalmente rico. E como tudo que é 'muito' , tem lá os seus problemas, que não não são nada fáceis. Mas o povo Bérbere, tido como um dos mais antigos de toda a África, vem resistindo ao longo dos séculos bravamente com sua cultura diversa e crenças.
Muitos vivem no Marrocos, porta de entrada do Deserto do Saara. Os Bérberes se adaptaram ao rigor climático do deserto. Usando o camelo como o melhor "meio" de transporte da região, eles se tornaram ótimos transportadores e comerciantes, seguindo em longas caravanas por toda a região do Magreb (Argélia, Mauritânia e Marrocos). Mesmo sendo originalmente nômades, muitos se adaptaram ao longo dos anos e foram se fixando em terras perto de Oásis, onde podem plantar e também tecer seus maravilhosos tapetes milenares.. Outro vi em um documentário que a língua do povo Bérbere é uma das mais difíceis de seguir - a Tamazight - que inclui também 25 diferentes línguas e mais de 300 dialetos. Uma loucura total, não!!! Eles preferem viver em paz nas montanhas, longe das grandes cidades de Marrocos. No passado tiveram que lutar contra invasores como os Romanos, os Bizantinos e os Árabes. Hoje o Islamismo é a religião predominante, num manto misterioso e mágico ao mesmo tempo que envolve este país.  Apesar de todas as dificuldades, eles conseguiram manter a tradição de tecer seus tapetes marroquinos. Com uma beleza de detalhes impressionante, certos tapetes demoram de meses a anos para finalizar, e já eram usados em palácios e túmulos sagrados. Ainda hoje são de extrema importância no enxoval de uma noiva. 
Cada tribo ou família tem seus próprios desenhos, que são como uma marca passada de geração em geração. São, segundo dizem, tapetes que duram uma vida inteira e só devem ser limpos (a seco) uma ou duas vezes ao ano para não estragar as fibras! Os desenhos de motivos geométricos são incríveis e de uma imaginação sem fim! Os mesmos padrões são vistos também em cerâmicas, tatuagens e na arquitetura bérbere. Esses povos eram basicamente a 'ponte' que ligava mercadorias produzidas pelos ashantis, bantos e bambaras a outros povos subsaarianos e da região do Sahel (que fica abaixo do Saara e antes das florestas africanas). Assim eles garantiam a circulação de produtos entre o continente africano e o Oriente Médio, abastecendo também as cidades do litoral mediterrâneo e do Atlântico. 
O rico artesanato bérbere com seus desenhos típicos e cores autênticas, muitas vezes feitas com tinta natural (foto: naoelonge)

 Ruas estreitas e perfumadas, a arquitetura marroquina tem muita influência árabe (foto: Tereza Perez)


Não há quem não enlouqueça com tanta beleza e queira levar ao menos  um desses de recordação!!!


O grandioso Saara ensinou aos povos do deserto que não é apenas uma questão de sobrevivência, mas também de respeito à cultura e às condições climáticas rígidas que ali se encontram. 

Um povo que diz "Azul" como forma de cumprimento "Olá", que significa exatamente 'vem ao meu coração', já conquistou minha simpatia antecipada!