Crianças afegãs observando uma equipe da ONU retirando material usado nas eleições de Cabul (foto: Emilio Morenatti)
A pureza da infância muitas vezes pode ser devastada pela guerra. Viver, ou melhor, sobreviver em certos países no mundo de hoje não é tarefa fácil. Milhares de crianças ficam abandonadas à própria sorte ou vão parar em campos de refugiados para o resto da vida. Conflitos por terra, por religião, por poder são comuns desde que o mundo é mundo. O que me entristece ainda mais é saber que esses estão se multiplicando a uma velocidade estratosférica e, como se não bastasse, os antigos conflitos parecem que nunca vão terminar! Vários países se negam a recebê-los, dizem que os crimes e roubos aumentaram depois da chegada desses imigrantes, aumentando também a violência. Aqui no Brasil a história é diferente, assim como a violência, temos abandonados soltos nas ruas e entregues à marginalidade, ou por total abandono do Estado e da própria família, ou por má índole. Poxa, onde foi que nós erramos lá atrás? A humanidade parece ter perdido o controle da própria vida... Infelizmente não podemos nascer de novo e começar do zero. Mas dá, sim, para começarmos de um ponto qualquer e tentar mudar alguma coisa. Pessoalmente é difícil fazer algo, e nem temos competência para tanto, mas podemos fazer pressão aos órgãos internacionais para que façam o seu papel! As notícias nos mostram todos os dias, milhares de pessoas estão fugindo de seus países, abandonando suas casas para levar uma vida melhor em outro lugar. Muitos ficam pelo caminho, outros não se adaptam, crianças ficam órfãs. Mas ali, nesses refúgios, todos se alimentam de um mínimo de esperança que seja!
Outro dia vi que na fronteira entre Mianmar e Tailândia vivem centenas em campos de refugiados há mais de 20 anos! Países que muitos procuram por suas infindáveis atrações turísticas e paisagens deslumbrantes.... escondem uma dura realidade que poucos sabem ou nem procuram saber. Alguns desses campos acabam ficando permanentes, com escolas, hospitais e comércio. Crianças crescem ali com uma revolta maior que o mundo, se sentindo abandonadas por tudo e por todos. Na Síria então, já são mais de 6 milhões de pessoas deslocadas, um caos! Um dos maiores campos de refugiados do mundo fica no Paquistão e recolhe pessoas fugidas da violência do Afeganistão. Há muitos anos milhares de famílias afegãs fogem da violência e da pobreza rumo ao país vizinho. Um fotógrafo - Muhammed Muheisen - passou os últimos anos no Paquistão e captou expressões de crianças refugiadas afegãs nos arredores de Islamabad. Um pequeno olhar é capaz de dizer muito da vida desses pequenos sem que seja preciso esboçar uma única palavra. É claro que seria muito melhor que essas imagens fossem de crianças brincando, aproveitando a inocência que a idade exige. Mas a realidade é que muitas delas nem sabem o que é isso, já que aos 5 anos tiveram que amadurecer aos trancos, e com tamanho sofrimento que nós, em uma vida inteira, não chegaríamos nem perto.
É... viver não é para principiante. O que aumenta ainda mais minha frustração é o enorme sofrimento dessas crianças e suas famílias que não escolheram estar ali, é ver milhares de inocentes morrendo, fugindo ou sendo expulsos de suas casas, tendo que assistir suas vidas serem destruídas como pó. Será que o mundo um dia vai ser capaz de por um fim nisso tudo? Quero enxergar um pontinho de alegria no olhar dessas crianças, sabendo que lá bem no fundo ainda resiste a esperança de um mundo melhor!
Basmina, 3 anos
Robina-Hasseb, 5 anos
Khalzarin-Zirgul, 6 anos, segurando seu primo Zaman, de 3 meses