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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ah, esse sul da Bahia....

Ah, que saudades da praia da Amendoeira, em Prado! Suas falésias vermelhas dão o tom do que há de mais belo no sul da Bahia (skyskapercity)

Caravelas, Alcobaça, Prado e Corumbau são algumas das cidadezinhas que conheci no sul da Bahia. Aliás, a Bahia é quase um país, e esta parte do litoral é completamente diferente de todo o resto, com suas falésias de cor avermelhada e mar agitado. Fiquei tão apaixonada que cheguei a morar lá por 3 anos. Desculpem se me repito, mas é que boas memórias vão e vêm de vez em quando e...... Hoje, programas como "Pesca Sustentável" e "Ordenamento do Turismo", apoiados pela Ong "Conservação Internacional", ajudam a preservar a região. Além dos dois projetos que participei (P. Baleia Jubarte e Tartaruga Marinha - TAMAR) ainda há o recente Projeto Budião, que desenvolve junto às comunidades pesqueiras ações importantes para a manutenção dos recifes de corais. A Costa do Descobrimento, como é conhecida a região, vai de Prado a Porto Seguro e é ideal para longos trekkings pela praia. Para mim, começa um pouco mais ao sul, em Caravelas (nome sugestivo das caravelas portuguesas que chegaram aqui em 1500). O trekking passa por lugares de rara beleza, com suas falésias íngremes, mata atlântica exuberante, praias praticamente desertas e rios intocáveis que desaguam no mar. É só prestar atenção nas variações da maré e anúncios de tempestades fortes e se abrigar num lugar seguro até passar. Depois é seguir viagem, tendo o sol radiante como companheiro fiel durante o dia e a lua a embalar seu sono a noite. Agendando (ou não) com antecedência alguns lugares para pernoite, é super tranquilo. O povo baiano é naturalmente alegre e receptivo. E os poucos índios Pataxo que conheci na aldeia (antes de chegar a Corumbau) são super amáveis e carentes de troca de informações e cultura. Espírito aventureiro? Talvez precise um pouco. Mas o mais importante é ter pernas dispostas a caminhar durante uns sete dias, um coração terno e a mente aberta para aprender muita coisa que este mundo tem a nos ensinar. E assim caminha a humanidade....Au revoir!!!!!

 A ponta de Corumbau é o marco desta região, que mais parece um paraíso perdido no sul da Bahia. Passei um dia aí e, confesso, foi difícil conseguir dormir com aquela lua cheia nascendo no mar. Sua imensidão clareou toda a noite e me hipnotizou por algumas horas, até ela ir diminuindo aos poucos enquanto subia aos céus! (foto pousadaverabeli)




As areias grossas e douradas do caminho me deixam extasiada e,  sem pestanejar, viajo em devaneios e me imagino num deserto isolado em alto mar. E não é quase isso???
(foto leconcierge)










Na maré baixa é possível encontrar algum pescador solitário tentando capturar um polvo, que gosta de ficar nas águas rasas e quentes, cheias de vida!






A partir do porto de Alcobaça, passeios incríveis podem ser feitos nessas traineiras, barcos típicos usados pelos pescadores. Passando por áreas de mangues preservadas, chega-se ao mar aberto e a vários recifes de corais, além de naufrágios para bons mergulhos! (foto flickr)


Caravelas é o ponto de partida. Calma (as vezes até demais!), é lugar ideal para descansar antes de botar os pés na areia, literalmente! Para quem gosta de meio ambiente, não pode faltar uma visita ao Instituo Baleia Jubarte, com exposição e souvenirs à venda, tudo em prol das pesquisas do projeto.





A região serve também como berçário para as baleias jubarte, que migram da Antártica, sempre no meio do ano, para se procriarem nas águas mornas da Bahia. Embora alguns países, como o Japão, ainda defendam no Tribunal de Haia a caça de baleias para fins "científicos", esses grandes e frágeis animais precisam mesmo é de proteção contra a ganância humana e a poluição sonora e química dos mares! (foto bahiadiadia)




  



No meio do caminho, nada melhor do que subir em uma falésia e lá em cima encontrar um "pit stop" para tomar uma água de coco, enquanto espera a maré baixar lá na praia. Não se esqueça que o sol é seu fiel escudeiro, portanto, hidratação é fundamental! Paisagem agreste, com coqueiros e jegue, assim tão perto do mar, só mesmo no nordeste.....








Os recifes de corais são visíveis a poucos metros de profundidade e, muitas vezes, nem precisa mergulhar de cilindro e toda aquela parafernália. Sou meio claustrofóbica com isso, então sou uma adepta do mergulho livre! Só com snorkel e máscara já dá para ver um mundo incrível lá embaixo! Ai, ai, às vezes dá vontade de virar peixe, ou sereia, e só voltar aqui em cima de vez em quando, para ver se ainda está tudo no mesmo lugar.........(foto Guilherme Dutra, Conservação Internacional)



O por-do-sol na ilha Siriba, em Abrolhos, é realmente inesquecível! Cada dia uma cor diferente, rosa, amarelo, laranja, vermelho, fúscia..... Picasso ia ficar com inveja e logo ia querer trocar sua caixa de tintas!!!!
(foto Conservação Internacional)







 O azul do céu e o azul "piscina" do mar competem em sintonia no quesito beleza natural. Neste caso não há ganhador, todos estão empatados, e quem ganha somos nós!!!


E aqui me despeço mais uma vez da Bahia. Esta terra que foi palco da descoberta do país no ano de 1500, mas que os índios brasileiros aqui já habitavam muito, muito ,muito, muito tempo atrás!!!








sábado, 22 de junho de 2013

Revoluções da natureza

Não, não é um sonho, nem um devaneio saído de um quadro surrealista! São as montanhas coloridas no norte da China, na cidade de Zhangye. Essas formações inusitadas se formaram ao longo de 24 milhões de anos e estão aí até hoje!

Sou particularmente simpática a esses ambientes montanhosos que, além de sua ecologia complexa e beleza inigualáveis, são essenciais para a sobrevivência do ecossistema mundial. A beleza natural muitas vezes nos deixa perplexos diante de tamanha grandeza. Mas temos também que colaborar na sua preservação. É por isso que eu tiro o chapéu para a tecnologia. Incrível como o avanço tecnológico pode ajudar o planeta a se recuperar. Esta semana a NASA divulgou a imagem feita por  um satélite que mostra em detalhes toda a vegetação que existe no mundo. É possível ver a diferença entre as áreas verdes e áridas da Terra a partir da luz visível e do infravermelho refletido. Isso vai ajudar países no monitoramento ambiental mais preciso. Nos últimos séculos nosso planeta vem passando por várias revoluções: industriais, tecnológicas, e agora, mais que nunca, revoluções ecológicas e sociais.  E um dos ambientes mais depredados do mundo é o das montanhas. Seja pela exploração dos minérios, desmatamentos sem fim ou o turismo desordenado. Este ambiente frágil está literalmente no topo das preocupações. Boa parte da água do planeta disponível para beber nasce nas montanhas! Elas são as áreas mais sensíveis a toda e qualquer mudança do clima da atmosfera. Como são muito altas, criam vários gradientes de temperatura, precipitação e insolação. São verdadeiros microcosmos!!!
Fico aqui, na minha humilde posição terráquea (ou alienígena...), imaginando quantas imagens de sonho este satélite poderia nos repassar, de montanhas preservadas, cada uma com sua beleza única..... O que me faz lembrar que vivemos todos no mesmo planeta, portanto, se não somos unidos pelo sangue, somos pela vontade de querer viver num mundo cada vez melhor!!!

A Cidade do Cabo, na África, convive diariamente com suas montanhas gigantescas ao redor! Gosto do que disse Goethe: "O mundo é tão vazio se pensarmos apenas em montanhas, rios e cidades. Mas conhecer alguém aqui e ali, que pensa e sente como nós e que, embora distante, está perto em espírito, eis o que faz da Terra um jardim habitado"


As montanhas de Bogotá, encobertas pela neblina depois de um dia de chuva. Isso me fez parar no alto de um prédio e me deixar inebriar em um tempo que não queria passar...


Em Quixadá, cidade do Ceará, as montanhas que nascem no meio da caatinga, servem de cenário para diversos esportes radicais. Oba, é pra lá que eu vou!!!


O nosso lindo Rio de Janeiro e seu mar de montanhas. Sem mais palavras....


Lá vai o trem pela Serra do Mar, delineando a geografia do sul do Brasil. Este passeio que liga o alto da serra em Curitiba até o litoral paranaense é mesmo imperdível. Durante todo o percurso as paisagens deixam qualquer um boquiaberto!


Enfim, essas formações rochosas monumentais nos fazem parecer seres pequeninos, totalmente indefesos, tentando compreender tamanha sabedoria dessa tal "natureza"... Aqui, paisagem lunar nos arredores de La Paz.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Mudanças



O que está acontecendo no país? Enfim, parece que a 'galera' acordou da paralisia geral em que o governo nos colocou! Tem muita coisa errada SIM. Só não concordo com a depredação geral do patrimônio público e violência gratuita. Os protestos, quando legítimos, já começam a dar resultados em várias partes do país. Mas as coisas não vão bem, tanto que refletem uma insatisfação generalisada.  Vamos apoiar as mudanças, sugerir outras mais, e descobrir o Mal querendo se disfarçar de Bem!
Deixo aqui um pedaço do artigo do ótimo Xico Sá:

"Errado?
Ou só vale, para efeitos morais de protesto, a gente boazinha e organizada? Só vale o protesto certinho? A anarquia não vale com 100 mil nas ruas? Se liga, humanidade. E se entrar um dia na bagunça a gente feia, suja e malvada, como no clássico do cinema italiano? E se minha faxineira resolver entrar no jogo, em vez de ficar apenas limpando minha casa para quando eu voltar do protesto e encontrar tudo bonitinho?
Aí o bicho pega e vai ser lindo. Afinal de contas, como diz o Leminski, na lucha de classes todas as armas son buenas…
Mais ou menos como já são os agitos dos sem-teto e dos sem-terra o ano inteiro. Esses são ameaçadores de verdade da ordem, são os homens de boa vontade, bíblicos. Pouca gente aparece aqui nas redes sociais para apoiá-los. Se muito meio segundo no “JN” quando ocupam as fazendas de laranjas dos laranjas e outras cítricas assombrações patronais.
Mas tá valendo. Não é isso que está em jogo agora, velho Glauber.
Falar nisso, corto, sabem a origem da palavra baderna? Era o sobrenome de uma bailarina bem louca, anarquista italiana, que arruaçou no Rio do século XIX e daí esta palavra que virou manchete hoje.
Por favor, não me entenda, mas se você leva mil, 5 mil, 10 mil, 100 mil pessoas às ruas, como foi o caso da Candelária corre esse risco.
Não adianta esse lenga-lenga, inclusive de alguns líderes da parte “mais sensata” do movimento, de rotular de vândalos o que, possivelmente, fuja do controle. É o risco da praça quando vira território livre. Risco que já deu em revoluções e também já deu em muita merda sem sentido.
Risco que deu, seja no subúrbio de Paris recentemente ou no centro do Rio e SP, em flamejantes episódios.
Ir para as ruas sempre implica no imponderável. O resto é mofo ou ranço da história. É a hora que a ordem estabelecida vira piada.
A bonança, não o risco, de ir para as ruas é isso, ninguém sabe aonde vai parar o bonde. E não vai ser a mídia a ditar o ritmo da carruagem, como acreditou nos últimos dias, quando chamou todo mundo de vândalo e mudou dois dias depois.
Sabe-se lá por quais vaias ou conspirações, meu repórter João Valadares, deve ter mudado milagrosamente a mídia. Talvez, voltemos às caronas da história, por acreditar em só enfraquecer a presidente Dilma como candidata. Vire-se a Dilma, estamos apenas analisando a história recente.
Como se na onda toda fosse possível passar essa leitura. É bem mais complexo, amigo(a), me ligo, se liga, a vida é um tê, um benjamin de três tomadas, no mínimo.
Só sei que nada sei, só sei que Kafka seria capaz de entender tal metamorfose.
Só sei que nem o mito do futebol como ópio do povo, como acreditava a velha esquerda, resiste a esta hora. A Copa das Confederações que o diga.  Nunca se protestou tanto exatamente contra os gastos dos eventos de hoje e do futuro."

Xico Sá

domingo, 9 de junho de 2013

O farol e o mar

Submersos em mistérios e muita história pra contar, os faróis me fascinam, sempre! Muitas vezes, me ponho a imaginar o quanto é triste (ou sublime) a vida de um solitário faroleiro, que se dedica a cuidar do farol e da vida dos navegantes em alto mar. "O verdadeiro homem é o que vive só, pois aprendeu a conviver com a solidão", disse uma vez o norueguês Henrik Ibsen, lá no século 19. Os faróis, normalmente,  gostam de estar em uma ilha. Assim, isolados do mundo, podem guardar seus segredos sem medo.  Sua luz ilumina o mar, a quilômetros de distância, o mar dentro do mar profundo... Sua força impetuosa aguenta firme tempestades marítimas, ondas gigantes, raios e o castigo do tempo....um guerreiro! Há muito tempo, quando passei um período em uma ilha, pude observar de perto o trabalho de um faroleiro, o cuidado e o carinho de manter os espelhos refletores (trazidos da França) sempre brilhando. O navio faroleiro, que de tempos em tempos passava por ali para fazer a manutenção. Ah, que saudade que me dá, viver assim, no mar!




A Ilha de Santa Bárbara, onde passei 3 meses, guarda o Farol de Abrolhos, dentro do parque nacional marinho de mesmo nome. A torre, de 22 metros, foi pré fabricada na França. Sua luz é tão potente que emite um relâmpago branco a cada seis segundos, atingindo um raio de 51 milhas náuticas (é considerado o segundo farol mais potente do mundo, atrás apenas do farol de Marrocos). Subindo suas escadas tortuosas, a visão lá de cima é deslumbrante. Percebe-se claramente o contorno do planeta e não tem como duvidar de Copérnico, que foi queimado na inquisição quando descobriu que a Terra era redonda!!!









O Farol de Itapuã, em Salvador, inspirou Dorival Caymmi e Vinícius de Morais em suas eternas músicas de ode ao mar da Bahia...











O Farol das Conchas, na Ilha do Mel, parece gostar de sua eterna solidão neste pedacinho de mar. Triste e solitário? Tenho minhas dúvidas. Talvez sublime em sua quietude. Precisamos aprender algumas coisas com o silêncio dos faróis....







O Farol de Albardão, no Rio Grande do Sul, 'plantado' na areia branca, tão clara quanto sua luz na escuridão da noite a iluminar os desavisados. 








Conhecer o Farol da Barra é voltar no tempo..... quando, no século XVII, ele auxiliava as embarcações que vinham em busca do pau-brasil e outras riquezas nossas para abastecer o insaciável mercado europeu. Foi o primeiro farol do Brasil e o mais antigo das Américas! É como ouvir uma sinfonia e me deixar levar, na tempestade deste mar dentro do mar. Sentir a força e a magia do lugar, as ondas implacáveis quebrando em suas pedras,  e lá longe no horizonte, quase posso ver......... a África!  


sábado, 1 de junho de 2013

Novos tempos!

Não quero e nem posso falar aqui "bons tempos"......quando o Rio era só alegria. Mesmo porque, quando nasci, o Rio nem era mais tão calmo assim. Mas acredito que algumas dessas fotos ainda lembram aqueles tempos. E já que estamos em 2013 (como voa esse tempo!!!) não adianta ficar pensando como era bom 50 anos atrás, ou mais! Nada nessa vida continua. Tudo apenas recomeça, o tempo todo. E que bom que é assim, não é! Desse jeito podemos errar e depois consertar. Tudo bem, é certo que dependemos de nossos governantes para mudar muita coisa. Mas, mesmo sabendo que eles estão muito mais preocupados com eles mesmos que qualquer outra coisa, não dá para ficar de braços cruzados. Correr atrás, exigir, se esforçar..... Às vezes é preciso um pouco de coragem para sair do lugar. E Emily Dickinson já dizia: "_Se a sua coragem negar-lhe_ vá além de sua coragem". Então, nada de bons tempos aqueles.... Temos o futuro inteiro pela frente, novos tempos, novos dias!

E Tom Jobim estava certo _ Esta cidade é um lugar paradisíaco, com essas montanhas, essas matas, esse céu azul lavado, esse sol........




A praia de Ipanema e o por do sol.....existe combinação mais perfeita? E a 50 anos atrás, aposto que também era assim!

Vista deslumbrante do Pão de Açúcar e a baía da Guanabara, vista do Cristo Redentor. O azul do céu encontrando o azul do mar......ah, que encontro romântico!

A estátua de Pixinguinha, na Travessa do Ouvidor, homenageia o excelente flautista, saxofonista, compositor, instrumentista e arranjador musical brasileiro.

A Confeitaria Colombo ainda lembra a magia de mais de cem anos atrás..... e seus doces continuam divinos!

Nem tão conservado assim, o Largo de São Francisco ainda guarda a Faculdade de Filosofia do Rio

Todo restaurado, o grande Teatro Municipal do Rio de Janeiro continua imponente na praça da Cinelândia. E entrar ali e assistir a um grande espetáculo, ou mesmo um pequeno, uma peça de teatro, uma ópera, um musical, ou qualquer outra coisa, é um grande prazer!

Na Praia Vermelha a vida segue devagar, o bondinho sobe e desce o Pão de Açúcar, o céu azul lambe o mar, e muita água de coco para refrescar.....que esse calor carioca é de matar!