A vida da gente é uma jornada, certo? Ao menos para mim. Tudo bem que fui meio devagar em certos aspectos de minha vida, e sei que minha caminhada é longa. Talvez eu seja uma caminhante lenta, mas uma coisa é certa, nunca ando para trás! Afinal, eu estou aqui de passagem. Há momentos sublimes na vida da gente, e que para muitos não significam absolutamente nada. Estou falando de felicidade. Não aquela que todos buscam incessantemente e quase nunca encontram. Falo dos pequenos momentos. Momentos até de dor, de frustração e de não se encaixar naquilo que a sociedade quer. Mas pense que depois é só alegria. Ser livre para ser feliz a sua maneira, e cada um que ache a sua. Estava aqui revivendo fotos antigas em papel (tenho alergia às digitais!) de momentos felizes de uma longa caminhada que fiz de uma semana (já a descrevi aqui em detalhes). Mas hoje só me lembrei da felicidade de estar lá, e de como isso mudou o rumo da minha vida dali pra frente. Era tudo desconhecido para mim, como no dia em que terminei a trilha, sentei num banquinho de praça em Trancoso e pensei "Oba, meu primeiro banho quente depois de uma semana só nos rios!" Eu só tinha a certeza de que o que eu tinha feito foi verdadeiro o suficiente para mim. Foi ali, naquele banco que decidi que iria me mudar para a Bahia. E oito meses depois lá estava eu, feliz! Naquele tempo eu tinha muita dificuldade para acreditar em qualquer coisa. e ao mesmo tempo muita dificuldade para não acreditar. Ainda tenho um pouco....
Então, se me falassem: Siga essa trilha sem dificuldades, e ao final você irá encontrar o paraíso. Eu ia. Eu fui. Arrumei minha mochila nas costas e parti. Não porque acreditava que no fim estaria no paraíso. Mas justamente por duvidar que não haveria dificuldades no meio do caminho. Eu queria desafiá-las! E depois de 7 dias, muitas bolhas nos pés, o único tênis já furado em várias partes, a sandália de caminhada presa com fita crepe mil vezes para não se desmanchar, e um monte de filmes para revelar dentro da mochila, tinha chegado ao fim.
Apesar das dificuldades enfrentadas, mesmo assim eu estava feliz. Poxa. afinal isso tudo deveria ter algum valor! E quando cheguei ao final da jornada, vi que Trancoso não era exatamente 'o paraíso'. Tudo bem. Enfim pude jogar fora meu tênis velho furado e a sandália remendada. Comprei um par de alpargatas novinho em folha e peguei o avião de volta pra casa, feliz da vida! Não existe receita para tudo dar certo na vida. Imprevistos , tristezas e falta de sorte também me acompanham sempre.
Talvez sejam os efeitos colaterais que estão na bula, e que muitas vezes esquecemos de ler. E Martha Medeiros acerta em cheio quando diz: "Gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando 'realizado', também. Estando triste, felicíssimo igual........A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem intencionado, e que muda de opinião sem a menor culpa."
E há quem diz que sou louca por pensar assim...... Sou louca, mas sou FELIZ!