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sábado, 27 de julho de 2013

A Madri dos espanhóis!

Madri é uma cidade verdadeiramente espanhola, com 'E' maiúsculo! Todos são tão regionalistas e ferrenhos defensores do país, que há bandeiras da Espanha por toda a parte. Ali eu senti meu sangue espanhol correr nas veias, e em alta velocidade! Dois dias em Madri certamente não é o ideal, mas era o tempo que tínhamos entre Lisboa e Barcelona. Com isso, achei melhor deixar a cidade me levar, assim mesmo, sem roteiro. Saio pela cidade disposta a descobrir o mundo em Madri! Sempre trago no bolso um bloco e caneta, onde anoto tudo que acho interessante, tenho esta mania........Como nosso hotel era próximo à Puerta Del Sol e Gran Via, dava para fazer tudo a pé. A famosa Puerta Del Sol é uma grande praça, que no século XV era a entrada da cidade, portanto, é considerada o marco zero de Madri. Hoje em dia, as principais manifestações políticas e culturais são feitas ali. Ao redor, prédios lindos e uma estátua do "Oso y el madroño" (o urso e a árvore), que é o símbolo da cidade. Quem tem pernas vai a qualquer lugar, então teste o seu espanhol e pergunte como chegar ao Palácio Real, no caminho descubra o Teatro Real, a maior casa de ópera de Madri. Para quem está andando na região central, mais precisamente no bairro de Salamanca, e bate aquela fome na hora do almoço........Bom, descobrimos um restaurante local, nada turístico, mas de fácil acesso a todos que trabalham por ali, a duas quadras da Biblioteca Nacional e ao lado da Plaza Colón. O pequenino "Candilejas" cafetería/ restaurante fica na calle Hermosilla, 7,  e por 24 euros (para duas pessoas) é possível se deliciar com a entrada, o 1º prato, o 2º prato, a sobremesa (especial da casa) e o café. Depois, só me resta mesmo ir até o Parque Retiro fazer uma "siesta", bem merecida, né!


Eis aqui o famoso "Oso y el madroño", símbolo de Madri. Com minha curiosidade eterna e meu espanhol 'macarrônico', acabei aprendendo alguma coisa. Bom, madroño era uma árvore típica da região, cujo fruto era uma espécie de amora, que os ursos adoravam! Com o desenvolvimento acelerado, as grandes florestas em torno da cidade desapareceram, e também os ursos. Triste, não!


A Plaza Mayor fica bem perto da Puerta Del Sol. Construída no século XVII, por ordem do rei Felipe III, tem uma estátua do próprio rei montado a cavalo bem no centro da praça. Antigamente era cenário de corridas de touros, teatros e juízos da inquisição. A foto acima é da "Casa de la Panadería", com seus afrescos na fachada. Impossível não ficar extasiada com os detalhes de suas pinturas. Destruída por um incêndio em 1670, este prédio foi totalmente reconstruido anos depois. Num concurso cultural na década de 80, a fachada foi recuperada com pinturas baseadas na mitologia: Cibele, Baco, Cupido e Proserpina.

 Mais histórica impossível! A Igreja de San Jerónimo "El Real", conhecida como Los Jerónimos, tem seu portal em estilo gótico lindíssimo! Esta igreja foi o que restou do monastério dos Jerónimos (fundado em 1460 pelo rei Enrique IV). Ali a corte se reunia e celebrava juramentos reais. Em tempos mais recentes, o rei Juan Carlos I se casou nesta igreja. Localizada atrás do Museu del Prado, grande parte foi destruída depois da invasão de Napoleão, exceto o "Casón del Buen Retiro", que foi integrado ao museu. 

  A estátua de bronze do rei Felipe III foi erguida no centro da Plaza Mayor  a pedido da Rainha Isabel II. Aliás, os espanhóis simplesmente amam estátuas a cavalo, pois em uma só rua é possível ver várias, todas perfeitas!


Gente, mesmo para o mais cético e insensível ser humano é impossível não ficar maravilhado com as diversas facetas dos jardins à frente do Palácio. Soberbo!!! Ao fundo o Palácio Real de Madri, que já foi a residência oficial do rei, mas hoje acolhe atos de Estado e eventos diplomáticos.


O Parque Retiro é o pulmão de Madri, e que pulmão! Atrás do Museu Del Prado, funciona muito bem como um bom lugar para se fazer a "siesta", o famoso cochilo espanhol depois do almoço.  Ah, recomendo pegar um mapa  do parque para não se perder lá dentro!


O Parque Retiro está no elegante bairro dos Jerónimos, onde também fica o Museu Del Prado, A igreja dos Jerónimos, o Hotel Ritz e tantos outros. O parque abriga museus, um palácio, exposições e até um observatório. Este era o 'jardim' particular da família real. No século XVIII ele foi parcialmente aberto, mas apenas para visitantes bem vestidos! Somente em 1869 foi liberado para a população. Ufa!


O Palácio de Cristal fica dentro do Parque Retiro e é absolutamente fantástico! Ele foi construído em 1887, como um dos pavilhões da exposição das ilhas Filipinas para expor as plantas e flores da então colônia espanhola.  A parte interna nos proporciona as melhores vistas dos jardins através de vários ângulos. Sentar ali e contemplar a placidez do lago lá fora é um espetáculo a parte. Por instantes você tem a sensação que o mundo acelerado lá fora não existe!!!


O Palácio de Velázquez é uma das atrações do parque. Todo construído em cerâmica em tons de tijolo e abóbadas de ferro, foi projetado pelo arquiteto Ricardo Velázquez. Estilo modernista, hoje recebe exposições temporárias e faz parte da organização de exposições do Museu da Rainha Sofia. Pude ver obras fantásticas do artista carioca Cildo Meireles em exibição neste verão por lá.





Detalhe do Palácio de Velázquez, sua arquitetura e as pinturas tão detalhadas me lembram a influência moura na região.









Picasso, Velázquez, Goya, Botticelli, Caravaggio, Rafael, Poussin........estão todos lá no Museu Del Prado. Esta é só uma parte da lateral do museu, que é gigantesco. Não deixe para ir muito tarde ou não vai dar tempo de ver quase nada. Fui no horário gratuito que eles disponibilizam alguns dias no final da tarde. A lojinha do museu é imperdível, tem miniaturas de pinturas famosas impressas em porta óculos, bolsas, cadernos de anotações, camisas e latas de biscoitos e chocolates. Dá vontade de levar tudo!!!



Na Plaza de Colón, que fica no ponto central de Madri, tem um  monumento dedicado a Cristóvão Colombo (Colón em espanhol). À sua volta estão os arranha-céus pós modernistas, que substituíram as mansões do século XIX. Bem ao lado fica a Biblioteca Nacional, O Museu Arqueológico e o Paseo de la Castellana.







Aqui está a fabulosa Biblioteca Nacional pela qual eu fiquei completamente apaixonada! Com seu pórtico em estilo corinto, guarda um acervo bibliográfico de valor incalculável, com livros raros, partituras musicais, manuscritos e editoriais raríssimos. Há salas de consulta, como publicações periódicas e documentos digitalizados. A biblioteca tem também equipamentos modernos que possibilitam a reprodução de documentos a quem interessar.


Atravessando a rua de Alcalá pela Afonso XII encontramos a Puerta de Alcalá, um dos monumentos mais famosos de Madri. Toda neoclássica, foi construída com granito da serra madrilena. Foi concebida para celebrar a entrada do rei Carlos III na cidade, além de marcar o seu limite leste.






Andando mais um pouco, perto da Puerta de Alcalá encontramos este magnífico Palácio de las Cibeles. É um conjunto de praça, fonte e palácio, uma verdadeira obra de arte! Para mim, uma das mais belas construções de Madri. Não consegui ficar parada, dei a volta na praça toda para fotografar todos os ângulos....

O edifício Metrópolis fica bem na esquina, na mesma rua do meu hotel (hotel Regina). Com forte inspiração francesa, ele se projeta como a proa de um navio na esquina da rua Alcalá com Gran Via. O edifício é sede da seguradora Metrópolis, e suas estátuas representam  o comércio, a agricultura, a indústria e a mineração.


Pequeno detalhe de uma fachada da rua Alcalá, a caminho da Puerta del Sol, que não podia passar despercebido. Ando nas ruas observando desde o chão  até o céu e tudo o que lhe serve de moldura. Assim, gravo na memória meus pontos de referência para não me perder depois. "Esta es mi espíritu di supervivência"! 





Nada como uma parada estratégica no Parque Retiro para uma rápida olhada no mapa. Hora de um delicioso sorvete de pistache!!!


E foi aqui, na estação de Atocha, que pegamos um trem de alta velocidade até Barcelona. Escolhemos um trecho mais curto (tem várias opções), com poucas estações de parada, um percurso de apenas duas horas e meia, que vai praticamente em linha reta até a Catalunha. Atocha é um dos maiores centros ferroviários do mundo! Em seu interior tem um pequeno bosque tropical com todo um sistema de chuva artificial diretamente nas plantas. Isso nos dá uma sensação bem agradável enquanto esperamos os confortáveis trens.  

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Um pulo em Cascais e outro no Palácio de Queluz

Cascais sob um ponto de vista especial num dia de sol!


Era final de junho, começo do verão e o calor chegou com tudo em Portugal. Quando o sol se põe as 9:30 da noite, você perde a noção do tempo, vai tomar sorvete quase meia noite, as fontes se iluminam, as praças estão cheias, tudo é alegria! Sentar numa cafeteria a noite e conversar com o garçom sobre a vida nos põe a par de que a crise que eles reclamam por lá não chega nem de longe da que temos por cá. Coisas como desvios de mais de 25 mil euros dos cofres públicos deixam todos estupefatos. Aqui, bom.......já começa na cifra dos milhões todos os dias, e já estão todos tão acostumados.......Mas, deixemos as crises de lado, afinal cada lado sabe muito bem o que o afeta de fato. Descemos em Lisboa em pleno verão e absolutamente sem expectativas, o que é ótimo, pois tudo foi uma grata surpresa. Na verdade, nossa 'terra irmã' me deixou absolutamente apaixonada por tudo lá!!! Numa manhã resolvemos ir em direção a Sintra e conhecer o Palácio de Queluz. Pega-se um trem na Estação do Rossio para Sintra e desce em Queluz. Também dá para pegar um ônibus comum na Praça Marquês de Pombal no mesmo sentido. As duas opções são ótimas e duram no máximo 20 minutos. Passando a manhã em Queluz, dá para voltar à Lisboa, comer um delicioso bacalhau num dos vários restaurante do Baixo Chiado e a tarde pegar outro trem para Cascais, no litoral, curtir o movimentado balneário português!






Uma das praias de Cascais assim que você chega na cidade. Aqui ainda não é mar aberto, por isso as águas são bem calminhas...














Ao final dessa rua chega-se ao mar aberto, muito mais interessante!









As pedras portuguesas estão por toda a parte, até nas praças em frente à praia em Cascais


No cais, muitos barcos pesqueiros e casarões antigos que viraram hotéis ou restaurantes. Na hora do almoço, o restaurante do Hotel Bahia, em frente à praia, tem um bacalhau com batata ao murro inesquecível!!!


Por mim, ficava ali o dia inteiro, perdida em pensamentos a ver o mar..........e se tivesse em minhas mãos um pincel e uma tela em branco, faria um guache em todos os tons de azul do céu e mar de Cascais........

A entrada do Palácio de Queluz é mais singela que seu interior e seus jardins sem fim. D. Pedro I (que em Portugal é conhecido como Pedro IV) nasceu aqui. Mas com a invasão dos franceses, em 1807, a família real fugiu para o Brasil. Depois que os invasores e Napoleão foram embora, a família teve que retornar ao país e ocupar o palácio novamente. E foi ali, no quarto 'D. Quixote', que D. Pedro acabou morrendo de tuberculose, depois de uma batalha com o irmãopelo poder, da qual ainda saiu vencedor. Que trágico, não! 






O interior do palácio é rico em detalhes. As paredes e os tetos são uma atração a parte, todos pintados a mão com nuances de dourado, um luxo!












Este palácio já foi muitas vezes comparado como primo distante do palácio de Versalhes. Mas olhando de perto é uma construção bem portuguesa, com certeza!








Nos arredores do palácio, além dos jardins super cuidados, os azulejos dominam a paisagem em seus tons de amarelo e azul.


Nossa visita ao palácio durou cerca de duas horas e meia. A parte interna do palácio prima por sua riqueza e ostentação setecentas. Fotos são permitidas, mas sem flash. Agora, os jardins são belíssimos e  sistematicamente cuidados, assim como suas estátuas muito bem preservadas.


Fontes estão por todo o jardim, vale parar um pouco ali e se refrescar no escaldante  verão europeu!


Sou apaixonada por jardins, cultura, história e arte. E quando tudo isso se encontra em um único lugar........ah, eu queria ficar ali, dormir ali, acordar ali...



Este é considerado um dos palácios da região de Sintra. O microclima único de Sintra foi o motivo da ocupação muçulmana para veraneio de seus aristocratas, que ali construíram seus palácios, jardins e bosques de valor incalculável!








A paisagem ao redor dos palácios em Sintra foi catalogada pela UNESCO em 1995 como Patrimônio Mundial, contendo alguns dos monumentos mais importantes de Portugal. O palácio de Queluz fica aberto das 9:00 às 18:30 na alta temporada. Eu RECOMENDO!