O tempo passa, e a maneira de ver o mundo também. Quantas vezes passamos por uma estrada e anos depois repetimos o percurso, mas tudo nos parece tão diferente! As vezes as coisas realmente mudaram, ou nem tanto assim, mas a nossa visão certamente. Os detalhes, antes imperceptíveis, aparecem agora, do nada. É, a estrada é diferente, e o destino também, por que não!? Não que eu viaje muito. Mas tenho fascínio por percorrer certas trilhas e descobrir seus segredos. Essas fotos foram tiradas de vários caminhos por onde andei. Mal sabia fotografar, quando ainda usava filmes, e perdi muitos momentos interessantes. Tive que escaneá-las, e a qualidade passa longe do "razoável". Ficava tão extasiada sentindo na pele cada lugar, que me esquecia completamente da câmera nas mãos! Rever uma imagem emociona! Afinal, a verdade não está na estampa, e sim dentro dela, o que ela carrega de boas lembranças. Onde estão as vivências, as emoções e tantos perrengues passados até chegar ali, naquele exato momento. Vale a pena viver!!!
(Estradinha que acaba num rio, o qual tive que atravessar nadando)
Por aqui passei de jipe num trecho da Estrada Real. Pequenos riachos, clima bucólico e muitas araucárias (pinheiro de regiões frias). No século XVIII eram muitos os descaminhos que levavam às minas de ouro no interior de Minas Gerais. Preocupada com os desvios de suas riquezas, a família real resolveu fazer um caminho oficial, que ligava a cidade de Paraty (no Rio) à antiga Villa Rica (hoje Ouro Preto), onde estavam as minas. Depois surgiram outros caminhos que se interligavam, num total de 1.600 km. São 8 cidades no Rio de Janeiro, 3 em São Paulo e 76 em Minas Gerais.
Uma estrada que, aparentemente, liga nenhum lugar a lugar nenhum no interior da Bahia. Não resisti ao ver essas fantásticas formações rochosas no meio do caminho. De que era geológica seriam? Realmente, somos seres insignificantes diante de tamanha grandeza!
A 10 km do centro de La Paz (Bolívia) chegamos ao Vale de La Luna, passando por um estrada cheia de curvas e cercada de montanhas da cordilheira dos Andes. Para quem enjoa fácil, como eu, há de se precaver num caminho tão sinuoso, além de estar num lugar a mais de 3.600 metros de altitude. Mas as belezas do caminho compensam qualquer sacrifício!
Saindo da aldeia dos índios Pataxó, seguimos a pé por uma pequena estrada até Caraíva, no sul da Bahia. Região de beleza intocável! Mas quando se chega na parte asfaltada, que vai até Porto Seguro, é possível ver pequenas crianças indígenas vendendo filhotes de animais silvestres na beira da estrada, desde papagaios, micos do tipo Sauá, tartarugas, tucanos e tantos outros. Fico imaginando aqueles olhinhos assustados, o que se passa na cabecinha deles? Triste visão de como o mercantilismo chegou tão rápido nas aldeias, e há tanto tempo... Por que a natureza rivaliza com a própria natureza???
Certa vez me chamaram para ver um cobra coral que apareceu numa pequena estrada de terra, na entrada de um sítio. Estava fazendo uma trilha pela serra da Mantiqueira. Obviamente era uma coral falsa, ou eu não a teria segurado assim, despretensiosamente! Se acreditamos em forças maiores, creio que a natureza é uma delas. Sou contra a matança indiscriminada de qualquer animal que se encontra indefeso, seja cobra, tubarão ou um simples escorpião. A natureza é sábia, e muitas vezes somos nós que estamos no lugar errado!