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sexta-feira, 5 de março de 2010

Navegar, viajar, divagar....

(O nascer do sol na Costa do Descobrimento é algo pra ficar na memória eternamente! Foi lá no mar pré histórico que tudo começou e onde está o nosso futuro e o futuro do planeta.)
(No meio do caminho uma parada para tomar água e refrescar a memória. Uma parada que remete à lendária via férrea Bahia-Minas. O jegue aí no coqueiro ajuda na travessia dos mais cansados, ou que já estão com os pés em petição de miséria e querem socorro.)

(A famosa casa de coral na praia, a caminho de Corumbau. Será que ainda está lá? Será que a tempestade destruíu? Será que o mar já levou, reclamando o que era seu de fato? Preciso voltar lá um dia e averiguar. Faz parte de meu diário de bordo.)

(Quando passei por este manguezal, já estava quase anoitecendo. Pensei que a foto nem ía sair direito. Saindo de Caraíva, com a maré baixa, as nuvens vão se acotovelando umas às outras, anunciando aquela chuva típica de verão. E depois, com o céu limpo de novo, outra visão: a lua, linda de morrer! É a noite avisando que é hora de dar um descanso para os pés.)


Navegar é preciso....Fernando Pessoa estava certo. Mas vou um pouco além: viajar é preciso! Viver todas as experiências que as viagens nos levam. Carregar as lembranças na memória, nas fotos, nos diários de bordo. Sem fazer grandes planos, apenas viajar. Existe coisa melhor? Ser capaz de navegar por mares, culturas e continentes até em pensamento é um privilégio. Ainda bem que meu trabalho como bióloga me permite desvendar tantos outros lugares que jamais imaginaria ir por conta própria. Também vou longe nas aulas que dou sobre meio ambiente. Certa vez, fazendo um trekking por Cumuruxatiba, sul da Bahia, me deparei com uma ponte feita de cipó e madeira que ligava um pequeno riacho na parte de baixo na praia até lá no alto da falésia. Impossível não registrar esta imagem! Morava ali um velho homem que, impedido de morar em sua cabana na areia (construída por ele, com corais tirados do fundo do mar. Proibido por lei!), fez da ponte sua única ligação com o mundo exterior e foi morar lá do outro lado. Infelizmente não foi possível conhecê-lo. Ele não quis nos receber. Entendo....mas fico pensando, o que faz alguém se desligar do mundo, pelo menos em parte, e se refugiar no seu mundo particular? Bom, cada um tem sua história, seus mistérios. Eu não me canso de sentir novos aromas no ar, folhas, incenso, espuma do mar. Conhecer novas comidas, caminhos, sorrisos. Nem todos os caminhos são fáceis, é verdade. Mas qual seria a graça? Na Bahia tive que atravessar rios à pé, na maré baixa, e de canoa, na maré alta. Subir e descer as muitas falésias do litoral baiano (vendo tudo lá de cima, dá vontade de ir cada vez mais longe, até onde a vista não alcança). Passar por áreas de manguezal, com lama nos pés e inúmeros caranguejos assustados. Dá para sentir que você realmente faz parte deste mundo! Acho que me adapto fácil a qualquer lugar, situação, recurso. Habito terras sem fim, viajo para fora e dentro de mim. Como é bom ser livre na alma. Meu porto seguro é onde eu estou. Dar a volta ao mundo? Não é este meu objetivo. Não é minha pretensão conhecer todos os lugares do planeta mas, essencialmente, aqueles que valem à pena, e muitas vezes não estão nem nos guias de viagens ou indicações turísticas. Esses sim, merecem ser descobertos!

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