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sábado, 5 de dezembro de 2015

Entre Mundos


Nunca tive dúvidas do amor dos animais e também como essas adoráveis criaturas demonstram afeto entre elas. Meu avô sempre viveu rodeado deles grande parte do tempo. As abelhas eram suas "amigas", ele era apicultor! Sua casa era como um pequeno zoológico, com um tanque que ele construiu para abrigar peixes, tinha também cachorro, uma família de mico-estrela, tucano, arara, siriema.....e abelhas! Muitos desses ele pegava quando encontrava machucados ou com o bico quebrado e levava pra casa para cuidar. É.... talvez este velho espanhol, que teve pouco estudo, mas que aprendeu muito com a vida animal, tenha me influenciado em minha profissão, a me tornar o que sou hoje.

Quem também pensa assim é o ecologista Carl Safina, que durante anos estudou os oceanos, mas ultimamente tem se dedicado a entender as relações entre os animais. Para ele essas criaturas levam suas vidas valiosas para elas mesmas, e isso significa algo para suas famílias, amigos e rivais. Os animais se empenham muito em permanecer vivos e também em manter seus filhotes. Eles não fingem. Quando parecem estar famintos, é porque realmente estão famintos. Quando estão se divertindo uns com os outros é porque estão de fato felizes. Poxa, por que não somos assim? A raça humana parece complicar o que é puro e simples. Concordo com o ecologista quando diz que os seres humanos têm uma mentalidade particularmente estreita. Afinal, somos muito parecidos com os lobos nesse sentido, pois quando encontramos membros de outros grupos, esses encontros não são amigáveis. Diferentemente do que ocorre com os bonobos, os chimpanzés ou os elefantes. Alguns animais são amigáveis, outros são violentos. Nós somos classificados como da segunda categoria. Com isso fomos criando um problema insuperável no que diz respeito às relações étnico-raciais, tão comuns nos EUA e também em todo o mundo. Em geral, se por acaso não odiamos pessoas de outras etnias, odiamos então as que são de outra religião. E se a religião for a mesma, nós as odiamos porque são de uma denominação diferente da mesma religião. Não é uma loucura?

Orcas na Baía de Tacoma, no estado de Washington, EUA. Mãe e filhote, companheiros inseparáveis.

O mundo animal está cheio de exemplos. As lontras marinhas usam ferramentas naturais em suas tarefas para mostrar às crias o que fazer, e isto é "ensinar". Os chimpanzés não ensinam. As orcas ensinam e partilham a comida o tempo todo. Um fato surpreendente é que as orcas, tanto machos quanto fêmeas, permanecem juntos de suas mães por toda a vida. Agora, imagine a crueldade quando estes animais são capturados em alto mar para servir de distração, mantidas em cativeiro nos aquários/circos!

Numa reportagem nas Bahamas, há uma senhora - Denise Herzing - que estuda os golfinhos pintados. Eles a conhecem há muito tempo e quando seu barco se aproxima é sempre uma alegria. No entanto, uma vez ela chegou e eles não quiseram se aproximar, ficaram só de longe observando. Ela achou muito estranho e ninguém percebeu qual era o problema, até que alguém saiu do convés e anunciou que uma das pessoas a bordo morrera enquanto dormia em seu beliche. Como os golfinhos sabiam que um dos corações humanos havia parado de bater? Por que se importariam, ou por que ficariam assustados? Esta é apenas mais uma pista misteriosa do que se passa nos cérebros que habitam a Terra conosco...

Família de elefantes no Parque Nacional de Ambosell, no Quênia. Alguns grupos formados por animais são permanentes, como no caso dos elefante e das baleias.

Na África, os elefantes percebem quando o homem está à espreita, seja com lanças ou com armas de fogo para acertá-los em um confronto. Eles então se reúnem em grupos e fogem. Não só os elefantes sabem que alguns humanos são simpáticos e outros são perigosos. Eles ignoram os turistas, por exemplo, porque sabem que estes nunca os incomodam. Eles observam-nos há mais tempo do que nós observamos a eles. Conhecem-nos muito bem. O que quero dizer é que por debaixo da pele, somos todos os mesmos. A orca e o elefante têm o mesmo esqueleto que nós, o mesmo parentesco evolutivo. Estudos dizem que esses seres são mesmo capazes de considerar seres humanos como "pessoas" como eles. Há casos de elefantes que protegem humanos feridos e "enterram" humanos mortos (como fazem com sua própria espécie).

Grupo de leões em Serengeti, Tanzânia. Por termos dado um nome ao leão Cecil e sabermos quem ele era em seu grupo social, ele se tornou um "alguém".

Há também leões que estabelecem "armistícios" com caçadores de tribos humanas. Os leões são expulsos de seu habitat o tempo todo. Nós conhecemos três leões famosos: Elza (do filme "Uma leoa chamada Elza"), o leão Christian ( do You tube) e agora Cecil. Mas cada leão sabe quem é em seu grupo e território. Eles não são nem mais, nem menos especiais do que Cecil, e as injustiças contra eles continuam acontecendo.

O ecologista Carl Safina (autor do livro 'Beyond words: what animals think and feel') costuma dizer que as coisas que nos tornam humanos não são as coisas que achamos que nos tornam humanos. O que nos torna humanos é que, de todas essas coisas que as nossas mentes e as dos animais têm, nós somos os mais extremos. Somos o animal mais bondoso, mas também o mais violento, o mais criativo e o mais destrutivo que já existiu. Mas o amor não é o que nos torna humanos. Não é exclusividade nossa; quanta pretensão!

Os albatrozes voam 8 km, ou até 1.600 km, por várias semanas, para darem uma refeição digna ao filhote que está a sua espera. E, por instinto de proteção,  fazem seus ninhos nas ilhas mais remotas dos oceanos. Se há alguma coisa sagrada neste mundo, isso é sagrado!

Tenho que admitir que essas criaturas têm uma vida rica interior, recheada de amor e afeto. Não podemos mais enxergá-los como simples "recursos naturais". Como pode entre dois mundos tão diferentes haver tanta semelhança?


13 comentários:

  1. Wow, I love all the animal photos. The Whale shot is one of my favorites. Happy weekend!

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    1. Actually, whales are interesting and gentle giants. I had the opportunity to work with humpback whales for a few months and I was impressed by the kindness and care of this animal!
      Cheers Eileeninmd

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  2. I love this post, Beatriz. And interesting facts about all, especially the albatross. Thanks for sharing. Jo

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    1. Hi Jo
      You are fortunate enough to live with so many animals near your home, cause I always see them in your photos! Living in Africa has its advantages, isn't it?!
      Hugs and take care

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  3. Oi Bia
    Legal seu texto, mas acho que animal não pode ser comparado ao ser humano, se são melhores ou piores, cada um na sua, precisamos viver em harmonia com eles, pelo menos os que são possíveis de se conviver, desculpe-me se estou sendo ignorante ou insensível, mas só consigo enxergá-los como recursos naturais.
    Beijos.

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    1. Oi Maria Célia
      Talvez porque eu tenha crescido convivendo muito com animais, aprendi a respeitá-los como aos seres humanos. Entendo quando eles têm sentimentos de raiva, amor e afeição, e é difícil para mim repeli-los. As vezes tenho que me lembrar disso, rs.
      Beijos

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  4. Lo triste es que los humanos creemos que el mundo nos pertenece y muchos animales nos dan lecciones de vida. Un hermoso escrito.
    Saludos afectuosos

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    1. Estoy de acuerdo contigo Alondra! Tenemos la costumbre de pensar que somos los dueños del mundo y por lo tanto no le prestamos mucha atención a las grandes lecciones de la naturaleza!
      Abrazos

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  5. Partilho o teu amor pelos animais, e os respeito e admiro. Passei minha infância rodeada por cães (meu pai era caçador), e hoje, na minha já avançada idade, passo horas a admirar o meu gato - a sua independência, a sua elegância, a sua alegria por estar junto a mim. Como os animais são superiores ao homem em tantas coisas...

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    1. Olá Justine
      Sua infância deve ter sido bem animada, hein! Eu me lembro do primeiro presente de aniversário que realmente gostei, foi um casal de patinhos amarelos. Cresceram e deram filhotes. Depois foi um aquário cheio de peixes, um cachorro, e mais outro e mais outro. Todos viviam soltos no grande quintal-floresta de meu avô (pelo menos assim ele parecia para mim na época).
      Bjs

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  6. Boa escolha de fotos para ilustrar este post. A mais original quanto a mim é a dos crocodilos (ou alligators?).

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    1. José
      Também gostei da foto dos pequenos jacarés pegando "carona" na cabeça da mãe. Até os animais mais ferozes são amáveis!!!

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  7. Quão estreito é um ser que se diz pensante e não consegue reconhecer cuidado, inteligência, capacidade de comunicação, etc. nos animais. Que se considera superior. Este magnífico post estimula muita reflexão.
    Faltam muitas Bias ao planeta.
    Beijinhos
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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